Pesquisa realizada pelo Ipea mostra que o número de empresas comprometidas com programas destinados à área social está crescendo em todo o País Crescimento
Matéria publicada no jornal Estado de São Paulo constata que os investimentos de empresas brasileiras em projetos sociais estão crescendo. Só na região Sudeste, a mais rica do País, dois terços destinam algum dinheiro para esse fim, o que representa 0,6% do PIB. No Brasil todo, são 59%. Essas são algumas informações da Pesquisa Ação Social das Empresas, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Realizada com cerca de 1.800 empresas em cada uma das regiões do País, a pesquisa, segundo a coordenadora-geral, Anna Maria Medeiros Peliano, mostra que o Brasil está num bom caminho apesar do fato de que, se quiser avançar, precisará corrigir rotas e rumos e pegar atalhos. O primeiro atalho seria articular melhor as ações do setor privado que, segundo Anna Maria, são ainda muito pontuais e sobrepostas. “É preciso uma estratégia articulada, com compromisso, metas e resultados, diz a coordenadora ao Estado.”

Tendências
Segundo ela, os resultados da pesquisa impressionam pelo percentual de empresas envolvidas em ações sociais e pelo volume de recursos. Contudo, considerando-se a riqueza produzida nas regiões, os investimentos podem ainda crescer. Nesse sentido, tendo em vista o crescimento das inovações tecnólogicas e a expansão da globalização, a sociedade executa papel fundamental no processo de diferenciação das grandes empresas pois estas estão encontrando cada vez mais dificuldade em competirem no mercado pautando-se apenas na qualidade e no preço do produto. “A tendência mundial é a de consumidores e investidores começarem a se interessar pelo comportamento das empresas e darem preferência às socialmente responsáveis, comenta Anna Maria.”

Apesar da filantropia ainda estar muito presente nas ações sociais e as decisões se concentrarem nas mãos de altos executivos, já existe também uma tendência de empresas tomarem atitudes de maior comprometimento com o desenvolvimento humano. “Ajudar gratifica”, diz Ana Maria. Ela lembra que os anos 90 foram um marco para o crescimento da responsabilidade social, favorecido pela redemocratização, fortalecimento da sociedade civil e percepção de que era impossível o Estado resolver por si só todos os problemas.

A pesquisa constatou também que a preocupação com educação – tema próximo do empresariado pela necessidade de qualificação de mão-de-obra – aumenta à medida em que a empresa cresce: enquanto 9% das pequenas atuam no setor, o percentual se eleva para 43% entre as grandes.

Parceria
Algumas conclusões da pesquisa já vêm sendo discutidas em conselhos governamentais e deverão ser enviadas a ministérios ligados à área social. “O governo tem de aprender a trabalhar com o setor privado, porque não há essa tradição e existe até certa desconfiança de parte a parte”, explica Ana Maria, destacando a importância dessa parceria. Em sua opinião, se a sociedade se mobilizar e o setor privado ajudar, vai ser possível diminuir o fosso social brasileiro. “Mas não se pode substituir políticas públicas, pois a exclusão social não é só uma questão de recursos: passa também pela melhoria nos níveis de educação, saúde, nutrição, que têm a ver com moradia, cidadania e participação na vida política.”

A Fundação Orsa e o Instituto Pão de Açúcar são dois exemplos de entidades criadas nos anos 90 que realizam ações sociais. A primeira recebe, todos os anos, 1% do faturamento bruto do Grupo Orsa e mantém desde atendimento a meninos em situação de risco até o serviço Alô Vida, que tira dúvidas por telefone sobre adoção, deficiências e violência contra crianças. Com três anos de atividade, o Instituto Pão de Açúcar prevê para este ano recursos da ordem de R$ 10 milhões, quase o dobro dos R$ 6 milhões do ano passado. Desde 1998, investiu R$ 13 milhões e atendeu 21 mil crianças e jovens.

Veja os principais resultados da pesquisa no site:
s://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/04/16/ger020.html

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