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ALÉM DA ACADEMIA – Comunidade debate a responsabilidade da mídia

Jornalistas, professores universitários, representantes de movimentos sociais, líderes comunitários e representantes de empresas de comunicação refletiram sobre o papel da mídia, questionando sobre a responsabilidade do jornalista, do cidadão, do empresário e do público.

Diferente dos múltiplos espaços do Intercom, onde a presença acadêmica foi é dominante, o evento “Responsabilidade da mídia, Responsabilidade de todos”, promovido pelo novo Pólo Regional da Aliança Internacional de Jornalistas (J-Aliança), na tarde do dia 31 de agosto, atraiu para o campus da Unimonte (Brás Cubas) uma comunidade interessada em debater formas de se conceber uma mídia mais cidadã. Jornalistas, professores universitários, representantes de movimentos sociais, líderes comunitários e representantes de empresas de comunicação refletiram sobre o papel da mídia, questionando sobre a responsabilidade do jornalista, do cidadão, do empresário e do público.

Docente do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, Cicilia Peruzzo apontou as perspectivas de mudança frente ao poder da grande mídia. Elencando diversas experiências que resultaram da organização de movimentos sociais e instituições, ela mostrou uma tendência na multiplicação de mídias alternativas que tenham como foco a mídia cidadã. Mesmo lembrando as muitas iniciativas da organização civil, a professora ressaltou a importância de se dar atenção à grande mídia, que está muito presente na sociedade. Em sua avaliação, o equilíbrio entre mercado, lei e ética pode ajudar na criação de uma mídia qualitativa.

A representante do grupo A Tribuna, Silvia Costa, apontou os canais de diálogo com o público proporcionados pelo periódico, lembrando que cabe ao leitor utilizá-los para que o jornal melhor o represente. A responsabilidade de cada um perante a mídia é proporcional ao nível de conhecimento e poder, ressaltou a educomunicadora e coordenadora da Aliança Internacional de Jornalistas- Brasil, Isis de Palma. “Não se pode generalizar. Se a responsabilidade é de todos, não é de ninguém. Há níveis de responsabilidades”, defende, convidando a todos para a formação de uma aliança internacional que possa viabilizar a busca de novos caminhos.

Jornalista e editor do Le Monde Diplomatique, Antonio Martins apontou uma expectativa atual que já existia durante a Revolução Francesa: de que a mídia seja o quarto poder. No entanto, ele apontou uma transformação do poder da mídia: do poder político, passou ao poder econômico, obedecendo prioritariamente à lógica da empresa. “Hoje o objetivo é vender o público para os anunciantes. A mídia se orienta pelo interesse de mercado”. Por outro lado, com a decepção do sistema representativo, a sociedade tem atuado politicamente por meio da formação de ONGs, movimentos sociais e
culturais e diversas instituições para serem melhor representados, diante da descrença nos políticos”. Ao mesmo tempo em que Martins enalteceu a multiplicação de emissores (principalmente por conta da internet), advertiu para a possiblidade do caos informativo, pontuando que o jornalista, mais que um transmissor, deve exercer seu papel de crítico da sociedade.

Correspondentes estrangeiros relataram suas experiências, enquanto os debatedores (Célio Nori, coordenador do Fórum da Cidadania de Santos, Alessandro Padin, da Associação dos Artistas do Litoral Paulista, Samara Faustino, Presidenta da ACC -Associação dos Cortiços do Centro, e Soraia Melo, da ong PROECO – Projeto Educacional de Conscientização e Orientação) salientaram o poder econômico da imprensa e a necessidade de ela voltar seu olhar para os reais interesses do público para que se tenha uma mídia plural e responsável.

Com um público diversificado e bastante participativo, a grande ausência sentida na platéia foi dos jornalistas que atuam nas redações da imprensa santista. Por outro lado, alguns deles estiveram presentes na cobertura do debate, atraídos pela proposta de se discutir a comunicação para além dos círculos acadêmicos.

Marcia Costa *
* reportagem experimental produzida na I Oficina Itinerante de Jornalismo Cultural, promovido pelo 100canais.

Redação

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