Qual a importância da arte em nossa sociedade? Como responder a essa pergunta quando sequer conseguimos definir o que é arte? Qual a função política da arte? Podemos atribuir um papel a ela? Cidadania, cultura, educação: o que isso tudo tem a ver com arte?
A arte sustenta a sociedade, oferece sentido, significado, razão e emoção. Sem ela, não sabemos por que existimos, o que estamos fazendo aqui, para onde vamos, como devemos olhar e se relacionar com o outro, com a natureza.
Subordinada a qualquer instância de poder (de cunho religioso, ideológico, do Estado ou da economia) a arte, tanto quanto a filosofia e a ciência (não seriam formas de arte?), tornam-se poderosos instrumentos de manipulação. Uma arte moral, a serviço de determinada visão de mundo, desconectada de uma ética mais profunda, universal.
Precisamos (e podemos) redimensionar o tempo e o lugar da arte nas sociedades contemporâneas (videocráticas, do consumo, do espetáculo). A política, o mercado (se é pelo capitalismo, usemos suas armas), o processo de formação (cultural e educacional) são nossos meios de construção de uma nova ética que catapulte a arte e o artista a outro patamar. Mas estão cada vez mais consumidos por grupos de interesses (econômicos, partidários, ideológicos).
Uma arte livre e democrática não tem a ver apenas com a liberdade de criação dos artistas e com a manutenção de espaços de expressão dessa liberdade. Tem a ver, sobretudo, com o estímulo e o desenvolvimento da capacidade artística do cidadadão, com a conquista de sua autonomia e independência, permitindo-o escolher e definir seus próprios referenciais estéticos, éticos e identitários, frente à enxurrada de informações e mensagens subliminares, presentes em todos os tipos de arte, do cinema à publicidade, passando pelas paisagens urbanas e pelos ritos e ritmos da vida cotidiana, que nos permite viver sem pensar, sem sentir, sem olhar.
Precisamos formar artistas. Não artistas de profissão (isso é escolha de cada um). Precisamos criar cidadãos capazes de ler, de compreender o sentido mais profundo da vida, de encontrar este sentido nas atitudes mais simples. De viver e conviver com ética e verdade.
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E então pergunto: o que é a arte? Seria precursora da cultura? Difícil hein...
Mas a questão é garantir a possibilidade da escolha do indivíduo. Massacrado pela presença avassaladora desproporcional o indivíduo não tem escolha. Se os meios estão obstruídos, como escolher? Portanto temos que desobstruir os meios para dar condições de se viver a democracia com plenitude.
Arte é algo inerente ao ser humano e td o que vive, criação a partir dos sentidos e para os sentidos. O problema é que os sentidos humanos andam bem atrofiados.
vou juntamente com a Liliane, acredito que os sentidos humanos estão atrofiados... e é por ai que tem que começar a mudança... desatrofiar todas as pessoas. O ser humano tem que ter a capacidade de ver arte em tudo que encontra pela frente e tem que ter em mente que ele é autor da sua vida, que ele pode construir. O problema é que muitos só descobrem que podem destruir...
Belíssimo texto efundamentalpara nossa existência de artistas e cidadãos.
Por isso precisa-se priorizar uma educação artistica no contexto da formação do individuo. Desde criança ele poderá aprender e treinar seu olhar mais crítico em relação ao mundo e ao que esta a sua volta, interagindo o ensino basico, com a arte. Ao mesmo tempo que damos condições de acesso a cultura, precisamos tambem criar o hábito dessa relação. Começando nas escolas, vc tanto cria o gosto pelas artes na propria criança como ela vai influenciar sua familia neste processo. Cultura tem mais de 120 significados, e cada um usa o significado que mais lhe convém, mas arte... arte pode estar em toda parte ou não, depende de quem a olha, depende de quem a faz...
concordo com ele na questão da emancipação do espectador. com um refinamento do gosto o público deve decidir o que é bom e o que é mal, o que deve estar exposto ou não. é importante sair do nivelamento por baixo causado pela democratização da arte até hoje. que o artista dentro das pessoas se manifeste para valorizar a arte de qualidade!
A existência do homem brasileiro permanece transbordando emoções. O problema é que, pouco ou nada, se contesta do "fundamento sagrado a serviço da iluminação espiritual" dos edificadores. Ora, como diz a belíssima frase do compositor Gilberto Gil, "é sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar". É só levantar os olhos para ver o valor da nossa colheita.
A nós cabe compreender que o cabo de dados que fará a conexão entre a sociedade e a gestão, pública ou privada, é o sentido de comunhão. Na vida brasileira tivemos alguns momentos em que o projeto que, sobretudo estimulava a criação, propunha um ambiente de convívio harmônico entre o nosso histórico e o nosso futuro.
Imaginar que o homem brasileiro pode ser objeto da locação de alguma confecção executiva, como se o homem fizesse parte das contratações do produtor, é uma passagem para o fracasso. O cronograma de execução de qualquer projeto ou mesmo se tratando do sistema, tem que perceber a deformação empregada pelo rito do idealismo internacional ou estrangeirista. Somos o Brasil, temos o nosso próprio cosmos e os nossos micro-sistemas que não são respeitados nas condições majoritárias, que não são representados quantitativa e qualitativamente dentro das instituições culturais no Brasil. Enquanto não buscarmos o parentesco psicológico de um critério legítimo com os movimentos da sociedade, a cultura artística, no geral, viverá de fatalidades. É estranho buscar o critério universal quando a visão anti-crítica e covarde mantém critério de julgamento normativo absolutamente manco, porque os assentos estratégicos são dominados por uma zona cinzenta com predominância à expansiva ideia de uma corte sobre o próprio Estado.
As nossas relações, sob o ponto de vista da atualidade, manifesta-se completamente fora da nacionalidade livre e evolutiva que caracteriza a sociedade brasileira. Portanto, não adianta amolar a faca, tudo isso é fruto da ignorância sobre a nossa própria realidade. A nossa arte, a nossa cultura é social, a nós não interessa a pregação competitiva. Temos que estimular a todos os brasileiros um vasto campo de contemplação sobre os seus sentimentos, mas infelizmente a indústria cultural brasileira é fundada numa perspectiva de ritmo acelerado que tangicamente se desvia da reflexão, tornando-se um roda-moinho a mais em nome da competitividade.
Eu acrescento outras perguntas, então: Quem deve sustentar o artista? (fora a mãe!) A arte deve ser liberta de que ou quem? Qual deve ser o papel do Estado? A arte tem valor?
De uma perspectiva etnológica, a Arte seria tudo aquilo que não cabe no esquema produtivo de uma sociedade, é o espaço do simbólico, do imaterial. Portanto, do inconsumível. Uma sociedade como a nossa, baseada no consumo e na produção material, tem naturalmente dificuldade em enquadrar a Arte. O artista é assim um "inútil", que só atinge certa utilidade quando sua "produção" se torna mercadoria especulativa, quando fornece o artificial mercado do símbólico. Esse mercado, regido pela Lei do Mercado, simula o processo pelo qual a nossa sociedade assimila as coisas e as pessoas. Mesmo se pouco adaptado à fantasia e à imaterialidade do simbólico.