A “arte da/na escola” e a arte freqüentada pelo cidadão adulto após a escolarização pouco se comunicam. Não importa a idade que tenha ou a escola que freqüentou, para a maioria das pessoas, o vácuo permanece real e muitas vezes intocado
Tente lembrar o nome da sua professora de Educação Artística do ginásio. Tente lembrar algum conteúdo de Educação Artística do seu primário. Tente avaliar quanto de sua relação com a arte hoje se deve ao que foi oferecido a você pela escola. Não se assuste se suas respostas foram: “não lembro” ou “não tive”, “nada” e “zero”, a maioria das pessoas responderia da mesma forma.
Não importa se o leitor cursou Pré-Primário, Primário, Ginásio e Colegial ou se é mais jovem e chame-os de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; não importa se Educação Artística hoje seja chamada de Arte; existe um vácuo: o adulto fruidor-freqüentador-consumidor de arte ou não, raramente relaciona sua vivência de arte, na qualidade de cidadão, à convivência que teve com ela na escola.
A “arte da/na escola” e a arte freqüentada ou não-freqüentada pelo cidadão adulto após a escolarização pouco se comunicam. Não importa a idade que tenha ou a escola que freqüentou, para a maioria das pessoas, o vácuo permanece real e muitas vezes intocado.
É afirmar que todas as pessoas com escolarização básica no Brasil tiveram pelo menos uma aula de Arte por semana durante nove anos (8 anos no Ensino Fundamental e pelo menos mais um no Ensino Médio), nove anos! O que ficou? Se pensarmos em 40 semanas letivas, chegamos a 360 aulas de Arte para cada cidadão formado no Ensino Médio, sem contarmos os possíveis três anos de Educação Infantil.
Claro que a relação das pessoas com a arte ultrapassa as contribuições oferecidas pela escola e diz respeito a características da nossa cultura e cidadania. Mesmo assim, vale perguntar: qual o papel da Arte na escola? Qual o papel da escola na relação do futuro cidadão com a Arte?
Sabemos que essas perguntas conduzem-nos a centenas de outras que se desdobram em outras e mais outras. Mas o que adianta ficarmos prostrados diante de tanta complexidade? Temos que começar a discutir algumas perguntas, mesmo que se desdobrem e ampliem nossos questionamentos. Esse é o objetivo dessa coluna que hoje inauguramos: perguntar, responder, perguntar, dialogar, propor, perguntar.
Queremos estabelecer um diálogo constante que envolva toda a comunidade escolar a respeito da Arte na escola e do papel de ambas na sociedade.
Estaremos conctantemente trazendo idéias, sugestões e questões a respeito do trinômio Arte-Ensino-Sociedade, esperando, com isso, estarmos contribuindo para um diálogo amplo e ações consistentes na área de ensino de Arte nas escolas.
Fábio Brazil e Isabel Marques
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Boa provocação e em boa hora! Vivi uma experiência de ensino de arte no ensino formal e me surpreendo até hoje com professores e alunos cujos depoimentos vem na contramão dessa tese, ou seja, esse conhecimento levou-os a uma outra relação com a arte e sua fruição.
Arte e Ensino!
Brilhante artigo na medida que abre uma discussão sobre uma realidade que vivenciamos. a Arte inexiste em nosso cotidiado. parece factóide, mas é baseado em fato, ao não lembrarmos da prof.ed.Artitisca, termos somente 360 h de aula durante 09anos chegaremos a conclusão que estamos longe de vivenciar a Arte, por isso que hoje artistas reclamam que o publico não vai a teatro, ao cinema, etc...tirando o fator "ecomico' há o fator cultural no sentido de "criar hábito" , pois os mega Eventos estão lotados.
Precisamos urgentemente Artistas e Educadores discutir, pensar e por em prática que a Arte está na vida e a vida com arte promove um bem estar, uma reflexão, e uma qualidade de vida, pois assim uma população bem educada, no sentido amplo do "educar"
Boa provocação. Depois de alguns anos afastada da prática docente retorno à escola pública de ensino médio e à minha proposta de ensinar sobre as artes recebo uma resposta do tipo: se você está ensinando artes, é para expor porque é para isso que se faz arte. Mas os meus alunos não sabem o que são os fazeres das várias linguagens de arte ou o sabem de forma compartimentada e muito voltada para o lazer. A arte ainda não é considerada um ramo do conhecimento, mesmo em lugares onde a proposta é disseminar os vários "conhecimentos", como a escola.
Temos muitos pontos a ponderar e muitas bandeiras a serem hasteadas e reconhecidas.