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Brasil perde mais um patrimônio da cultura


Alagoas se despede de mais um patrimônio da cultura. Foi encontrado nesta terça-feira (20), o corpo do mestre José Sebastião de Oliveira, que comandava o Guerreiro da Viçosa. Acredita-se que José Sebastião, que morava sozinho, foi vítima de ataque cardíaco. O corpo passa por perícia no momento. O enterro será nesta quarta-feira (21), ainda sem horário definido. O mestre tinha o título de Patrimônio Vivo, concedido pelo governo do Estado.

José Sebastião de Oliveira, que tinha 62 anos, nasceu na cidade de Atalaia. Mas há 33 anos, morava em Viçosa, que fica a 86 km da capital. “Cheguei na véspera de São Pedro. Gosto de fazer uma fogueira boa para comemorar o dia do santo e o tempo em que eu vivo aqui”, contou numa entrevista dada no ano passado. Foi o município que deu nome ao folguedo dele, o Guerreiro da Viçosa.

“Mestre Sebastião era um dos grandes nomes do guerreiro em Alagoas. Tinha amor pela tradição popular, era exímio tocador de viola, compositor. Domava o pandeiro. Era um mestre. Lamentamos mais essa perda”, conta o secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viégas.

Na mocidade, o mestre deu a partida na “brincadeira” como cantador de pagode. Depois, conheceu a viola. “Eu sou repentista. Gosto de um bom improviso. Já toquei muito com o Elias Procópio (outro patrimônio)”, afirmou em reportagem à Agência Alagoas. Mas a paixão era mesmo pelo guerreiro – auto surgido em Alagoas e que nas palavras de Sebastião, “é filho do reisado”.

“Sempre achei bonito. Menino, eu não participava. Mas gostava muito de ver os mestres Adelmo, Juvenal, Venâncio e Benon”, chegou a revelar. O folguedo entrou na vida de Bastião do Guerreiro, como era conhecido em toda a Viçosa, somente quando chegou ao município.

“Já sabiam que eu era cantador de pagode e repentista. Por isso, me pediram para montar um grupo de guerreiro. Já faz quase 30 anos. Consegui graças às orientações do Severo Luiz e do Luiz Belo, dois moradores da cidade, que já morreram”, explicou.

Apesar do pouco estudo, fez-se conhecido pelas composições. Sentia saudades também do tempo em que dançava três horas seguidas. O pisado continuou forte até pouco antes de sua morte, parecia estremecer o chão.

Fonte: Telma Elita/Secult

Luana Schabib

Repórter. Escreve sobre pessoas, convergência e cultura.

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  • Que bonito é ver um povo homenagear seu próprio povo. Ficou claro que o Guerreiro da Viçosa se fez muito presente nas vidas de tantos, então a homenagem não ganha força apenas neste momento. Agora, o reconhecimento merecido enaltece a vida do homem.

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