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Canecão doa acervo com 40 anos de música brasileira

A casa de espetáculos Canecão, no Rio de Janeiro, foi um caso bem-sucedido de empreendimento comercial que se torna parte da cultura brasileira. Criado em 1967 apenas como uma cervejaria, acabou se transformando na mais importante casa de shows do Brasil nos anos 1970 e 80.

Seu epílogo foi escrito no ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu que o terreno onde está instalado pertence de fato à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), encerrando também três décadas de disputa jurídica.

A universidade recebeu o lote da União nos anos 1960, e afirmava que a casa não pagava aluguel. Apesar da vitória, a UFRJ não decidiu o que fará do lugar. Mas um passo importante já foi dado para a preservação da sua memória.
No princípio do mês, o empresário Mário Priolli, dono do Canecão, doou ao Instituto Ricardo Cravo Albin, no Rio, todo o acervo da casa.

São 24 caixas de documentos, filmes e fitas sonoras, além de 15 mil fotografias que testemunham quatro décadas de história da MPB. Também foram gravadas em áudio algumas apresentações como a montagem do espetáculo “Cats”, e a performance do pianista americano Bill Evans, pouco antes de sua morte, em 1980.

Entre os documentos, há registros históricos como os cortes feitos pela censura no texto da peça “Deus lhe Pague”, de Joracy Camargo, cuja adaptação feita por Millôr Fernandes, com composições de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, foi apresentada em 1976.

A casa se transformou numa referência para os espetáculos no Brasil no final dos anos 1960, quando foi reformada para receber o show da cantora Maysa, que retornava de uma temporada nos Estados Unidos. Com o maior palco e o melhor sistema de luz e som da época, passou a permitir a apresentação de grandes espetáculos musicais. “Foi uma mudança de paradigma”, diz o pesquisador Ricardo Cravo Albin.

Roberto Carlos fez seu primeiro grande show no Canecão, em 1970. Pelo mesmo palco também passaram diversas vezes Elis Regina, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Chico Buarque, Clara Nunes, Gonzaguinha e atrações estrangeiras como o balé francês do Moulin Rouge. “Até os anos 1980, quem não pisasse no Canecão não era considerado artista consagrado”, diz Cravo Albin.

De olho nesse status, o cantor Elymar Santos chegou a alugar o espaço para se apresentar em 1986, gastando uma fortuna, mas alcançando certa projeção em torno de seu nome.

O acervo da casa, ainda guardado em caixas, não está completamente catalogado. A intenção do instituto é, após uma identificação completa do conjunto, produzir discos e livros. “Uma investigação neste material pode revelar tesouros que a gente nem imagina”, diz Cravo Albin.

*Com informações da Folha de S. Paulo

Redação

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