O livro de Heloiza Matos é uma grata surpresa para quem busca, como eu, soluções e alternativas de participação social, sobretudo constituídas a partir de redes e interações transversais e diálogos entre as diversas esferas da sociedade. Além de fazer um inventário histórico sobre o Capital Social, a autora preenche lacunas e propõe novas abordagens para um tema em plena ascenção e processo de assimilação e apropriação nas sociedades contemporâneas. Vale a leitura!
A sociedade moderna pode estar mais individualizada, mas as possibilidades de comunicação continuam crescendo, estreitando os laços de confiança entre as pessoas e atualizando o conceito de capital social. Tema ainda pouco explorado no Brasil, o capital social pode ser definido como conjunto de redes de comunicação em que circulam as informações que facilitam a articulação das ações coletivas. No livro, Heloiza Matos faz uma análise pioneira dessa questão. Mediante extensa revisão bibliográfica, ela discute a origem do capital social, seus desdobramentos e seu papel no engajamento cívico e na transformação de comunidades e instituições.
A obra aborda exatamente o entendimento do cidadão no universo político. “A ideia de capital social é uma forma sofisticada de tratar as redes sociais de solidariedade e cooperação para obter uma coesão social capaz de unir as pessoas na construção de algo comum”, explica Heloiza. Segundo ela, o que une (ou separa) os indivíduos nesse universo é exatamente a comunicação, por meio da interação e da reciprocidade nas redes sociais. Por isso, a autora explora as dinâmicas responsáveis pela articulação entre os meios de comunicação, a prática comunicativa dos cidadãos e a construção de vínculos e redes de sociabilidade.
Foram mais de dois anos de pesquisa, incluindo uma aprofundada e exaustiva revisão bibliográfica sobre capital social no exterior e no Brasil. O levantamento de dados começou na França, com a realização de entrevistas, seminários e artigos, e terminou no Brasil, onde a autora criou um grupo de pesquisa para concluir a obra.
O livro traz um conjunto de preocupações vitais não apenas para a atividade da comunicação social, mas também para o futuro da sociedade em todo o mundo. Aborda questões ligadas à participação cívica, com foco na transformação dos indivíduos em cidadãos por meio de seu engajamento em práticas cotidianas. Segundo Heloiza, as novas tecnologias podem auxiliar o estabelecimento de laços comunicativos capazes de ampliar a opinião pública e trazer novas contribuições para o debate sobre questões de interesse coletivo. “As telenovelas, por exemplo, tratam de temas da vida cotidiana e incentivam a discussão de questões delicadas como o estatuto do idoso, o reconhecimento de uniões homossexuais e a pedofilia, entre outros temas”, diz ela.
Dividido em seis capítulos, o livro aborda, sob diferentes ângulos, a diversidade de articulações que podem ser estabelecidas entre o campo da comunicação e a recente investigação sobre o conceito de capital social. A autora elabora uma cuidadosa pesquisa sobre as origens do conceito de capital social, bem como suas principais dimensões e seus usos atuais, analisando detalhadamente o impacto das tecnologias da informação e da comunicação na participação cívica de indivíduos e grupos nas comunidades. “A inserção de imagem e texto na telefonia móvel, por exemplo, renovou o estabelecimento de laços interpessoais”, afirma a autora.
Heloiza constata um alto índice de capital social positivo com impactos no engajamento do cidadão na vida cívica. Mas alerta também para a existência do capital social negativo. “São os pactos de confiança que trazem efeitos socialmente perversos”, explica. Ela mostra que as mesmas normas de reciprocidade, confiança e cooperação que regem as associações cívicas coordenam as ações do tráfico de drogas, dos políticos mal-intencionados e das facções racistas.
O livro traz contribuições para estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação em Comunicação Social, Ciências Sociais e Ciências Políticas. Além disso, pode ser utilizado como texto de apoio em cursos ligados à dinâmica das organizações, à saúde, à educação e à comunicação pública. No final da obra, uma rica bibliografia comentada aponta caminhos para novas pesquisas.
Sobre a autora
Heloiza Matos é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É mestre e doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde foi docente e pesquisadora até 2002. Em dois períodos (1995 e 2007), realizou pós-doutorado no Groupe de Recherche sur les Enjeux de la Communication (Gresec), em Grenoble (França). Na primeira fase, desenvolveu um estudo comparativo sobre o processo eleitoral no Brasil e na França e, recentemente, uma pesquisa sobre comunicação política, capital social e tecnologias de informação e comunicação. Atualmente, é docente do programa de mestrado da Faculdade Cásper Líbero na linha de pesquisa “Processos midiáticos, tecnologia e mercado”. É organizadora do livro Mídia, eleições e democracia (Scritta, 1994).
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