Editando um inédito texto sobre a área cultural, o neoliberalismo brasileiro escreveu uma ficção em parcelas. A primeira, um golpe de mestre nas reivindicações dos artistas, produtores e pesquisadores que, na década de 70, escreveram uma carta dirigida ao Estado brasileiro para que fosse recolhido um aporte público que fortalecesse a produção nacional que vivia momentos dramáticos de um estrangeirismo comercial.
Foi desse ventre todo alterado, mapeado pelas elites econômicas e sociais que a Lei Rouanet foi parida, legalizando a cultura fundiária, valorizando a cultura da esperteza, dos abutres tão tradicionais nos seus encaminhamentos técnicos para a construção de calhas que absorvem cada moeda em seus enormes cofres.
E agora, com a mudança de governo, essa instituição tradicional que se apresenta como baronato da captação pública, usa de todas aquelas estratégias para manter seus dedos indicadores em riste contra o Ministério da Cultura sem a menor preocupação com a dignidade da cultura nacional. Esse escândalo constituído por lei que efetiva a sangria do Estado em prol das corporações oferece informações fundadas em seus interesses, o que nada tem a ver com projeto de políticas públicas. Tudo o que eles falam foi essencialmente desenvolvido como uma religião fundamentalista para a promoção de um processo de enriquecimento ilícito.
Cultura não se faz com estratégia, mas com poesia, com sonhos, com a mais pura matéria-prima da dignidade humana. Aí é que se define a área da cultura, aonde a arte orientada pela sociedade distribui uma disponibilidade de exprimir sentimentos e não trincheiras como uma selva de guerra proposta pela ressignificação mercantil em que a linguagem fácil credencia a agiotagem laboratorial numa simulação ardil contra a sociedade, o governo e, consequentemente o Estado.
Não há nada de institucional no projeto de entidades representativas do setor corporativo, o máximo que essa equipe técnica coordenada pelos neoliberais prevê é o redirecionamento de vultosas verbas para distribuição de seus compadrios. Isso é uma expedição que fixa cartazes na mídia, que lista inimigos, e o Ministro da Cultura será sempre o primeiro, seja ele quem for, construirão relatórios negativos definindo-o como um adversário já que ele representa a própria sociedade.
É nítido que a Lei Rouanet através do reconhecimento da cultura como economia de mercado criou seus próprios valores discriminando o Ministério da Cultura e sua representação como entidade máxima nas questões culturais do Brasil. Com isso, os corporatocratas criam um impacto ambiental a partir do voto democrático que deu origem ao Ministério. Estamos assistindo a mais um capítulo de uma mesma árvore genealógica oferecendo as suas maçãs podres à cultura brasileira.
Há nesse pacote de ações dados coletados contra o governo manipulados para distorcer a importância de políticas públicas na vida da cultura brasileira. Todo um jogo de artigos em jornais, revistas para envenenar os instrumentos públicos são fartamente publicados.
É preciso buscar uma disposição em cada episódio dessa guerra por poder deflagrada pelos corporatocratas contra o Estado e escrever, verso a verso, as narrativas da sociedade em contraponto à velha caligrafia colonial que insiste em manter o translado entre os aportes públicos e a captação corporativa.
Muita luta ocorreu nas décadas de 70 e 80 para que artistas, produtores brasileiros conseguissem com aportes públicos reconquistar os espaços brasileiros e a capacidade de se expressarem e de amplificar as suas vozes. A conotação da linguagem corporativa estabelecida pelos gestores da Lei Rouanet nada tem de complexa, é um veneno aplicado direto na veia do Estado, da cultura e da sociedade brasileira.
O movimento tonal tem que ser por um Estado forte com capacidade de dar conta de um outro ambiente intelectual no Brasil, e não ter o Ministério da Cultura como peça complementar das associações de institutos e fundações privadas. É hora de mostrar a imensa capacidade que os artistas, produtores e intelectuais brasileiros têm de resistir e criar uma nova realidade com um governo fortalecido para fazer as reformas no Estado e na economia solidária de cultura.
Chega dessa fórmula saída do ventre dos conglomerados transnacionais.
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Boa Carlos. O neoliberalismo é o buraco negro da cultura. Tudo o que não é produto, não vira dinheiro, simplesmente não merece existir. Chega de cultura neoliberal !!!
Mas, como disse na discussão anterior, será que o neostalinismo cultural é o único remédio contra o mal neoliberal. Eu penso que não. Temos na história recente inúmeros exemplos de relação promíscua entre governos e artistas e intelectuais. Estado forte não se faz com distribuição de dinheiro no balcão (nem aos mais ricos, nem aos mais pobres). Precisamos de uma política de Estado, que resolva problemas estruturais, como infraestrutura. Precisamos de financiamento à pesquisa artística: isenta, ética, com participação da sociedade (não da associação de amigos). Precisamos de investimento na educação, no empreendedorismo e na indústria, cada um à sua maneira, com a sua necessidade. Só assim combateremos de fato a cultura neoliberal. E tb a ditadura cultural.
Carlos, eu acho que você escreve pra essa elite mencionada exaustivamente, pois, não entendo um terço dos seus artigos e comentários, mas talvez o problema seja comigo.
Gosto de acompanhar as discussões aqui, independentemente de qualquer coisa.
Abs
Leonardo
Primeiro não se pode falar em dirigismo do Estado quando as empresas apresentam um quadro de auto-referência nos projetos selecionados, ou seja, direcionado com um intervencionismo publicitário para atingir o público-alvo.
Isso resulta num trabalho de convocação de clientes para venda de cosméticos, planos de saúde, seguros e todo o tipo de comércio, o que deságua no ambiente creditado de quem tem que bater cotas de venda, bem característico da esquizofrenia corporativa que até o mundo mineral já sabe.
Bom, compreendendo claramente que não há dirigismo mais prostituído do que isso, vamos entender o mérito do Estado acrescido de um corpo intelectual que compõe o Ministério da Cultura de um país que deve buscar os documentos nacionais para garantir o processo cultural brasileiro e não deixar que os produtos da indústria internacional do lazer proponha os caminhos de uma produção contemporânea de arte em um país.
É dever do Ministério da Cultura focalizar os apêndices que ilustram a ligação entre o cidadão brasileiro e seus códigos simbólicos através do credenciamento das manifestações espontâneas e, sobretudo das novas referências das múltiplas literaturas artísticas que devem sim ser selecionadas pela qualidade, pelo mérito.
E se o mérito é o que tanto incomoda a carta reivindicatória do neoliberalismo, então, guardemos todos os cursos de aperfeiçoamento de qualidade tanto na produção da arte quanto na gestão. Por que teríamos que melhorar se observar méritos é uma prática stalinista? E por que teríamos que incentivar a cultura, fomentá-la através de inúmeros mecanismos de qualificação? Se não há méritos, consequentemente não há qualidade e, se não há qualidade e tudo depende das interpretações conceituais ou meramente filosóficas sob o ponto de vista da relatividade, caímos exatamente no que bem colocou Ferreira Gular, “se tudo é arte, nada é arte”. Não precisa de cursos nem para a administração, muito menos para a criação de um ambiente de fomento. Ficaremos na troca de técnicas tentando construir não um Ministro, mas um menino de recados tarefeiro um Office-boy que vá ao Presidente da República pedir aumento de mesada desse festival de técnicas de planilhas.
Acho estranha a oratória de que, se eu for ao Estado, ao Ministério da Cultura, do qual como cidadão, sou parte e apresentar os meus projetos, isso é um ato de clientelismo. Ora, Leonardo, isso é de uma contradição absurda, porque a partir do momento que a pessoa está com o seu projeto credenciado, ela correrá a empresas, privadas, sobretudo, repetindo o mesmo ato. E o que é isso, é democrático, é republicano? O ato é o mesmo. Marco a hora com o Estado que, por sua própria natureza, tem o compromisso de me ouvir pensando no país, assim como eu marco uma hora com marketeiros que têm o compromisso de fazer do meu produto uma campanha promocional para vender cremes de beleza, automóveis, ou mesmo contas dos clientes vips dos grandes bancos. De A a Z não tem argumento em nenhum dos abecedários impostos pelo neoliberalismo, via recursos públicos da Lei Rouanet, que justifique o sistema perverso de usar a minha própria corda como forca no meu próprio pescoço.
O Estado está ruim? O governo está mal? Proteste e apresente à sociedade o resultado dos seus equívocos. Milite contra a postura que, se não mudada, tira-se às claras no voto de forma democrática e republicana. E o que se pode fazer contra os bancos, por exemplo? Pode-se destituir os presidentes de seus institutos porque não conseguem enxergar a cultura além de seus umbigos? Não. Ele não está nem aí para as suas e as minhas reivindicações e nem da sociedade. Ele está às voltas com seus clientes e não com a sociedade brasileira.
Quanto à questão moral que você coloca, ela tem sido fartamente usada pelos conservadores no Brasil para desqualificar o Estado, os políticos, a política e, consequentemente a sociedade para que o Estado terceirize ou privatize os serviços públicos fundamentais a uma sociedade, e este é o caso da cultura que é um dos principais vetores da bandeira da soberania de um povo.
Já me alonguei muito. Sei, pois já fui avisado que as pessoas não gostam de textos longos, deveriam gostar mais. Mas vou respeitar esta questão. Mas é bom detalharmos cada ponto e cada vírgula da gestão pública e da gestão privada sem maniqueísmos e mistificações e sem especulações.
Abraços.
Carlão, tem que simplificar senão a gente não entende...como eu também não entendo tanta kizumba quando se trata de ambiente cultural. Não tem música, literatura, teatro e cinema...perdemos, de maneira fragorosa em nosso próprio território, no exterior nem se fala, nada...então estamos falando de que mesmo? Cultura? Estamos de SWU, Rock in Rio por um mundo melhor, Beatles e U2, no meio disso, tudo que se possa imaginar vindo de fora. Descobrimos que a Broadway é aqui, no Rio e em São Paulo, produção nacional só com conteúdo estrangeiro, e muita isenção fiscal pra isso. Estamos falando de que? Dos tabletes culturais da Apple? Esse é o fenômeno da vez, o Itunes tem mais de 10 anos e está em 25 países mas entre nós nada...estamos falando de que? Vem aí o Carnaval e Ricardo Amaral vai nos salvar em seus bailes? Francamente...o que temos feito pela Língua? Nossa vanguarda cultural está em que? Aonde? Estamos falando de que? Não temos resposta para o avanço conteúdo estrangeiro entre nós, nem tratamos disso, nem percebemos por isso, ainda incentivamos com isenção fiscal...estamos falando de que?
Eu gostaria de morar na utopia de Carlos. Mas, já me desculpando pelo recurso inicial da ironia, me permito divergir de você, que acompanho e reconheço como um parceiro pensador de grande presença nesse foro de debate.
Acho absolutamente inevitável a cultura ser transversalizada inclusive pela dimensão econômica. Como acho também que é absolutamente digno o artista viver de seu ofício e, se a lógica econômica for capitalista, que ele possa criar e realizar sua arte dentro dos modos de produção postos pela sociedade onde ele vive.
E acho ainda que é anacrônico e sem sentido sua defesa de uma arte e de uma cultura movida apenas pela poética. Dinheiro em si é apenas energia, monetária. A relação de valor que se atribuiu a ele, culturalmente, é que faz com que muitas coisas sejam subvertidas e distorcidas.
O que se faz crível e mais do que concreto, é que os artistas se afastam... eles escolhem, obviamente, as correntes totalmente alheias aos objetivos da cultura - que são as empresas, onde tilintam o vil metal -, e cada um segue seu passo... A Cultura também aglutina em seu meio, desesperados carregados pela avidez do processo possesso de obter o ganho. Não se contenta com o pouco, mas coerente, Quer sim, o muito, não interessa-lhes a natureza.
Enquanto isso, doutos e inflamados academicistas, aliados aos "seguidores", ou repetidores de escreveres, colocam-se a disposição da politização da única característica do pais, que deveria por direito e sabedoria , ser LIVRE.
Enquanto estivermos discutindo relações, maior a podridão na qual se chafurdará, todos os projetos puros, de artistas puros, que ainda acreditam, que em nosso país, tudo é levado a sério. Cultura virou negócio.
Sobreira, não é uma questão de ingenuidade, poesia ou utopia, mas de realidade.
O mercado seja ele qual for seu segmento, não é uma coluna rígida, é triunfalista em sua logomarca de fachada, mas esta longe de ser uma fabrica de heróis. É só pegarmos o acervo de falências nas juntas comerciais e comparar com quanto se abre portas e quantas delas ficam de pé.
Se o “mercado cultural brasileiro” fosse conhecedor dos mistérios da maçã em calda, não produziria um tanto monumental de maçãs podres e não precisaria de aportes públicos, pior com o gerenciamento de corporações.
Artistas, gestores, produtores, todos tem que zelar pela qualidade, mas não é aquela coisa de “valor agregado” de mentirinha das cartilhas do super-lucro para agüentar o repuxo da (extorsão mediante seqüestro) dos bancos.
Sobreira, ninguém vende pelo menos não por muito tempo um produto (se querem chamar assim a arte) sem conteúdo. Então temos um festival de enxuga-gelo.
E esta tarefa tão pedagógica (o segredo da venda está na compra) que qualquer pratica comercial arcaica exige, não queremos levar em conta.
Se a sociedade está como disse Leonardo vendo a cultura como “o cavalo do bandido” é porque estamos nessa esbornia mercantil da Lei Rouanet que não tem nenhum compromisso em produzir qualidade apenas projetos, e acabamos por vender um conceito gestor “pangaré por manga larga marchador” e pior, insistindo que o burrico é um azarão-alado.
A Lei Rouanet criou a meritocracia do fracasso, “ganha quem perde” e sabe por que isso? As pessoas deste mundo financiado automaticamente pelos aportes extraídos da sociedade, na grande maioria, ainda acham que dinheiro público não tem dono. Meio que cai do céu.
Para ter saberes necessários de como criar uma economia, temos que saber antes de tudo sobre o valor qualitativo do queremos vender, e isso sobreira, está lição, foi esquecida pelos nossos novos ainda verdes gestores da cultura corporativa. Mercado não se inventa, mercado é demanda, e para tal é preciso escutar os seus riachos e córregos e saber aonde deságuam.
Como acho também que é absolutamente digno o artista viver de seu ofício, é que busco um sentido objetivo, baseado em nossas realidades históricas. O que não é o caso dessa maquina de moer artistas e produtores em torno de uma Lei que nada tem de propositiva,reflexiva ou ponderada já que ela passa por caminhos e mentes tecnocráticas e absolutamente estéreis intelectualmente, e isso é certeza de uma industria de produzir falências, conseituais ou comerciais.
O problema é que vendem mesmo produtos sem conteúdos, o segredo? vamos pensar nisso...produzir em quantidade nem seria a questão, melhor assim, distribuição de renda por outras vias. A questão é o conteúdo, sempre é no fim das contas. A lei abre espaço para um conteúdo estrangeiro, que se multiplica e deforma as planilhas, impõe uma lógica estranha.
A questão é o conteúdo, fracasso é ver nosso mercado e nosso ambiente ocupado inteiramente pelo conteúdo estrangeiro, isso sim é o fracasso...ou não?
as formas devem coexistir: uma cultura incentivada com recursos públicos e outra incentivada diretamente somente e diretamente com recursos privados, pois a economia da cultura representa um PIB considerável para ser tipificada como algo desprezível.
Carlos, você me convenceu quase 100% (risos), só fica faltando um "tantinho": as ações práticas (sou viciado em pragmatismo) para que a gente escute o canto das águas e faça o rio caudaloso da arte formar um mar de cultura para todos nós!
Bom, se chegamos à conclusão de que os santos que falamos são de barro, vamos refletir e levar o andor um pouco mais devagar. Aproveito para convidar o Cleber Papa a participar deste papo, já que ele, além de participar aqui no C&M, tem também um belíssimo blog aonde faz referências extraordinárias à memória de Carlos Gomes, a Catulo e ainda chama atenção para um fato fundamental sobre a nossa falta de proximidade com os países vizinhos numa bela homenagem a Mercedes Sosa. Acho que poderia enriquecer ainda mais o debate.
Acho que Gil engloba, teoria/prática, em uma das principais questões sobre patrocínio ou não do conteúdo nacional de qualidade. Ele que tem uma vasta trajetória como timoneiro de projetos históricos, está à frente, como podemos observar no link abaixo, da extraordinária peça “Orfeu”.
sss://www.youtube.com/watch?v=jRs_-S36LYk&featur...
Todas as vezes que falamos de financiamento do conteúdo nacional, os estrategistas da gestão corporativa que gostam tanto da palavra estratégia, acham natural que se financie o concorrente.
Sobreira, falando de forma absolutamente cartesiana, não creio que você defenda que, na disputa pelo mercado, tiremos do próprio bolso subsídios para financiar o nosso concorrente e ainda vê-lo com uma placa de frente da nossa loja oferecendo um produto mais barato. Isso não é um tiro de 38 no pé, é um tiro de bazuca na cabeça. E é dessa irresponsabilidade entre tantas outras que o mérito dos afobados produtores da gestão corporativa não inclui em suas missões estratégicas para trabalhar em prol do que eles dizem defender, o Brasil. A identificação entre economia e arte não é nada além do cuidado, o zelo, o esmero e, sobretudo o respeito ao público, no caso, o consumidor de arte. Abapuru de Tarsila do Amaral não é o quadro brasileiro mais valioso? O grande problema é que a torre de marfim continua contagiando o doutoramento feito na base do preconceito e de sua rigidez estatutariamente doutrinária. Muitos ainda defendem em teses de mestrado a missa dominical em latim (em nome da tradição culta) nos teatros municipais como evangelização cultural.
Em uma coisa todos aqui acreditamos, a originalidade é a grande força de um rótulo, o conteúdo sobressai, no caso do Brasil, com vasta riqueza tendo origem nas nossas próprias manifestações que o mundo já reconhece como esplêndidas. Portanto, intensificar o investimento no que tem caráter nacional (não é vender a autoria da vitória regia e nem do jacaré),nada tem de xenofobia ou complexo de inferioridade. Temos sonoridade autoral para expor Villa Lobos, Guarnieri, Carlos Gomes, Guerra Peixe, Tom Jobim, Guinga, André Mehmari, Hermeto, Egberto, etc, todos escutando a nossa memória afetiva vinda de Catulo, de Joaquim Callado, de João Pernambuco, de Padre José Maurício Garcia, ou seja, temos um universo tão extraordinário que funde todas as artes, nesta infinita interfecundação como Pixinguinha foi citado por Mário de Andrade em seu extraordinário “Macunaíma”. E, o mesmo Pixinguinha foi fundamental, como interlocutor dos terreiros e da música formal, para que Andrade fizesse um dos mais importantes livros sobre a nossa música, “Música de Feitiçaria no Brasil”, que foi um grande instrumento em uma das suas mais importantes conferências nas duas principais escolas de música erudita no Rio e em São Paulo.
Pois bem, economicamente o investimento nos intercursos para o fomento de novas amálgamas é que fará o timbre de uma economia responsável sobre todos os aspectos da vida cultural brasileira.
Portanto, André Galvão, a relação produção/qualidade para o aumento do PIB é uma questão imperativa.