O cinema brasileiro neste primeiro semestre continuou mantendo seu market share, em torno de 14% do público e 13% da renda, o que ainda é muito pouco diante da avassaladora presença estrangeira (leia-se norte-americana) nas salas de cinema do país. Por isso, uma política pública sustentável que atenda às necessidades do produtor cinematográfico brasileiro e do distribuidor nacional sem que haja prejuízo do exibidor deve ser pensada.
Daí, dos 10 grandes filmes nacionais, deste primeiro semestre, quantos foram pagos? Os três
primeiros (SOS mulheres ao mar, Os homens são de Marte … e Muita Calma nesta Hora 2) com certeza. O filme Alemão, segundo o próprio produtor Rodrigo Teixeira, custou pouco mais de R$ 1,2 milhão e, portanto, alcançou o ponto de equilíbrio financeiro, quando rompeu a barreira dos R$ 7 milhões. Já filmes como Confissões de Adolescentes e Copa de Elite, se custaram cerca de R$ 2 milhões, o que não devem ter sido, não conseguiram ser rentáveis.
Contudo, o filme Hoje eu quero voltar sozinho foi o grande caso de sucesso, pois é um filme de
baixíssimo orçamento, mas que por pouco não se tornou sustentável.
Um aspecto importante deve ser também analisado o caso do filme Getúlio que teve produção
e distribuição própria, pela Carla Camurati, esposa e sócia do João Jardim na Copacabana Filmes. Carla Camurati já havia produzido e lançado seu primeiro longa-metragem, que inaugura a Retomada do Cinema Brasileiro, com o filme Carlota Joaquina (1995) e teve um
desempenho de grande sucesso. No caso atual, ela criou um novo plano de produção e
distribuição do filme Getúlio, que deve ter sido feito com algo em torno de R$ 4 milhões, e conseguiu neste primeiro semestre o valor de pouco mais de R$ 6,3 milhão. Como foi a produtora e distribuidora do filme, poderá ficar com o mínimo de 50% da bilheteria total.
Porém, o mercado de produção cinematográfico no Brasil dependeu das leis de incentivo, que são a renúncia fiscal de grandes empresas ou empresários, interessados em fazer mecenato com o dinheiro público. Infelizmente, o cinema brasileiro só se sustenta com o apoio governamental, mas o modelo de renúncia fiscal tem cedido lugar para o financiamento direto governamental por fundos (FSA) e bancos de fomento (BNDES e BRDE), onde o retorno financeiro deve ser um compromisso no plano de negócios e as primeiras parcelas de bilheteria já são destinadas para os credores do filme.
Outro aspecto que também deve ser avaliado futuramente é o chamado Suporte Financeiro
Automático, definido no atual programa Brasil de Todas as Telas, sendo o mais novo mecanismo de financiamento que valorizará os resultados comerciais das produtoras, distribuidoras e programadoras, aportando o total de recursos para este ano no valor de R$ 70 milhões, especificamente para a produção nacional independente, para que as produtoras desses filmes possam ter recursos garantidos no Fundo Setorial do Audiovisual para investir em novas produções.
Encerro este artigo com o lúcido depoimento do cineasta Antônio Carlos Fontoura, que em
1999 diagnosticava o quadro de saúde do cinema nacional, para a pesquisadora Lúcia Nagib:
“E por que é inviável o cinema brasileiro se pagar? Porque 90% a 95% (leia-se hoje 85%) das telas estão ocupadas pelo cinema americano. Um cinema só é viável porque está sendo subsidiado. Aliás, ainda bem! Porque, se não fosse, nem isso existiria. O cinema brasileiro é um eterno paciente terminal, que não morre, mas também não sai da UTI”.
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