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Cinema brasileiro une-se às majors e cresce 163% entre 2001 e 2008


A Agência Nacional de Cinema (Ancine) divulgou dados que apresentam um crescimento da produção de filmes nacionais, entre 2001 e 2008, na ordem de 163%. Em 2001, foram produzidos 30 longas metragens de ficção nacionais, enquanto em 2008 o número foi de 79.

O volume de ingressos para salas de cinema também apresentou alta, embora mais tímida. Em 2001, 7,9 milhões de pessoas assistiram aos filmes nacionais. Em 2008 o número bateu a casa dos 8,5 milhões. O crescimento foi de apenas 6,6 %.

O ano de 2003 foi o de melhor performance para os filmes brasileiros, com mais de 22 milhões de espectadores. O ano de 2008 apresenta uma queda de 61% em relação àquele ano.

Segundo a reportagem de Rafael Kato, da editora Abril, o sucesso de 2003 pode ser explicado pelo alto número de lançamentos de sucesso. Sete produções superaram um milhão de espectadores. São elas “Carandiru”, “Lisbela e o Prisioneiro”, “Os Normais” e “Maria, mãe do filho de Deus”, “Xuxa abracadabra”, “Didi, o cupido Trapalhão” e “Deus é brasileiro”.

Os sete longas foram produzidos pela Globo Filmes e distribuídos em parceria com majors norte-americanas, a partir de um dispositivo da Lei do Audiovisual, implementado pela Ancine, que concede incentivo fiscal para os grandes conglomerados de mídia, que detém juntos 86% do mercado audiovisual global, segundo dados da ONU.

Entrevistei recentemente, para o webdocumentário Te Están Grabando, o ex-secretário do audiovisual e atual presidente da TAL, Orlando Senna, que diz ainda não estar convicto se a opção por estimular a parceria com as majors trará mais benefícios do que problemas para o cinema nacional. Assista a um trecho da entrevista no Vlog do webdoc.

A cadeia produtiva também possui uma variação de crescimento maior no período. As distribuidoras de filmes nacionais aumentaram em 220% e o número de salas cresceu 82,25%, quando comparamos 2001 com 2008.

Entre os personagens que a reportagem ouviu está o professor Ismail Xavier, da USP, que aponta alguns fatores para a tímida resposta do público em relação ao mercado cinematográfico: “há vários fatores: domínio do mercado por Hollywood desde os anos 1920; hábitos do público; verbas necessárias à publicidade, cada vez maiores; aspectos da vida urbana (insegurança) que mantêm as pessoas em casa; preço do ingresso do cinema – hoje, uma diversão de classe média”, afirma.

Xavier acredita que “a distribuição é mesmo o maior gargalo, mas a exibição também é um problema – muitas cidades sem cinema e a concentração dos cinemas numa certa área as grandes cidade”.

* Com informações de Rafael Kato, da editora Abril.

Leonardo Brant

Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

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