Mandem uma mensagem para FHC. A minha é: prepare o balanço do seu governo, para confrontá-lo com o do governo Lula e deixe o povo decidir que futuro quer para o Brasil. (Emir Sader)
Só quem acompanhou a história política brasileira com especial atenção nos últimos trinta anos pode compreender o significado de uma conferência de cultura como a que se deu nesse último final de semana em Volta Redonda.
Uma festa de muitas vitórias, símbolos e, sobretudo de paixão, mais que isso, uma festa que devolveu à cidade o sentido político, a importância que a cultura tem sobre a vida de uma sociedade.
Justamente na semana em que FHC fez uma tentativa grotesca de comparar seu governo ao governo de Lula, a cidade de Volta Redonda, que foi vitima primeira da política de destruição do patrimônio público brasileiro pelas mãos de FHC, refaz-se, através de um manifesto cultural. Nada poderia ser mais emblemático.
Volta Redonda, uma cidade que enfrentou nos últimos tempos, os mais duros ataques dos neoconservadores desde a invasão e morte de operários da CSN pelos militares, em 1988, ainda no governo Sarney, depois a campanha de difamação e sucateamento de Collor e, em seguida, a privatização da CSN e o desemprego em massa no governo Itamar, comandado pela batuta do, hoje, presidente de honra da OSESP Fernando Henrique Cardoso, o que demonstra claramente uma política de aparelhamento do PSDB na vida cultural de São Paulo, um estado que tem o matemático, João Sayad, do mesmo ninho tucano, a manete que comanda com mãos de ferro e entrega todos os recursos da cultura para uma minoria da elite econômica paulista.
Após os sucessivos ataques dos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC, privatizando, junto com a CSN, escolas, hospitais, espaços comuns da cidade, Volta Redonda fragilizou-se emocionalmente e, desiludida, vem sendo comandada pelo mesmo grupo político há treze anos. A cidade, através da Conferência de Cultura, ressurge de forma espetacular e impõe uma derrota política acachapante ao governo municipal que há anos dita as normas comportamentais da vida cultural do cidadão volta-redondense, além de tentar manipular a conferência para continuar dominando a cena político/cultural da cidade.
Estava ali, durante e depois da conferência, límpida, transparente, uma cidade cantando novamente, recobrando os sentidos, após praticamente três décadas de uma imposição que usou e abusou de práticas vis para se perpetuar a estupidez.
Em seu artigo “O Buraco da Democracia Cultural”, o querido amigo Leonardo Brant expõe, aqui no Cultura e Mercado, a sua preocupação com o que classifica como, “vícios do sindicalismo”. Pois bem, eu trago uma grande notícia: foi justamente esse exercício sindical de lutas tão características na cidade de Volta Redonda, muitas inclusive sangrentas, que afirmo, com a mão na consciência, que o que houve aqui nessa cidade de alma eminentemente metalúrgica, na Conferência de Cultura que elegeu 100% dos delegados foi a imagem da esmagadora vitória do governo Lula sobre a mediocridade intelectual de um símbolo antinacional chamado FHC. Não há como não fazer essa comparação. Aliás, a cultura só tem sentido num ambiente efervescente, diferente disso, a arte é um enfeite para as casas de campo da burguesia, um exercício do exotismo falsificador que tenta camuflar a estupidez hostil das classes dominantes com os sentimentos de toda uma sociedade.
O significado de amálgama na exata concepção de liga metálica, é, sobretudo o símbolo político e cultural da cosmopolita manifestação humana de uma cidade tão brasileira quanto a de Volta Redonda, a primeira cidade dos “Silvas” do Brasil. Afirmo sempre que a implantação da primeira indústria de base nessa cidade, dá a ela o status de início concreto do Brasil para os brasileiros, uma refundação do Brasil e, por isso tão perseguida pelos neoliberais entreguistas que lhe apontaram desde a baioneta até o martelo do pregão visando destruir a alma de uma cultura que é a síntese do povo trabalhador brasileiro e do próprio Presidente Lula. O que se viu aqui foi algo muito além do que se pode medir com as réguas formais. A Conferência de Cultura em Volta Redonda deu o sentido pleno de democracia cultural, tão desejada por nós brasileiros. Não venceu o pensamento seletivo ou conceitual, mas um sentimento avassalador de liberdade. Não foi uma vitória da instituição arquitetônica, mas da instituição humana, plena, livre, alegre, festiva, disciplinada em recobrar sua própria identidade e os sentimentos vitais de cidadãos plenos. Foi como se cantássemos todos, naquele momento, o samba “Vai Passar” de Chico Buarque como símbolo dessa vitória.
Convido a todos a comemorar conosco assistindo ao vídeo abaixo.
A Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo abriu uma…
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lançou a página Aldir Blanc Patrimônio,…
Estão abertas, até 5 de maio, as inscrições para a Seleção TV Brasil. A iniciativa…
Estão abertas, até 30 de abril, as inscrições para o edital edital Transformando Energia em Cultura,…
Na noite de ontem (20), em votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no Congresso…
A Fundação Nacional de Artes - Funarte está com inscrições abertas para duas chamadas do…
View Comments
"Ah! que vida boa, o lêlê!" Vibrei com o vídeo e o texto! Vamos passar um novo bloco pelas ruas da cidade e das cidades do Rio de Janeiro. União, democracia e "amálgama" para ligar essa gente. Salve, meu mestre Carlos Henrique!
Camaradas
Precisamos estar mais atentos do que nunca. Essa "quadrilha de vendilhões" vai tentar voltar de qualquer jeito e vão jogar cada vez mais sujo. Esse tal Partido do Sucateamento e do Desmonte do Brasil, está doido pra botar as mãos no que ainda nos resta e principalmente no projeto de uma política que depois de 500 anos conseguimos desenvolver neste país. Fiquemos atentos e de "Armas prontas".