O Instituto Pensarte acaba de lançar uma nota oficial com o título “Cultura como eixo de Estado“. Nela a diretoria executiva (composta pelo presidente Fábio Maciel e pelos vices Px Silveira e Ricardo Albuquerque) defende a necessidade de construção de política de cultura fora de disputas partidárias e “ultrapassando limites de políticas de governos”.
Mas o que significa elevar a política cultural ao patamar de Estado? Qual a diferença dessa para uma política governamental? Quais os riscos e fragilidades dessas políticas, se elas se mantiverem no eixo governamental? Como fazer, na prática, essa mudança de eixo proposta pelo Pensarte?
Certamente a escolha do(a) Ministro(a) da Cultura apontará o caminho das políticas culturais. Há muito o que fazer, muitas prioridades, muito a ser mantido, aprimorado, institucionalizado, formalizado. Marcos legais, estruturas, processos e sistematizações a serem implementados. E há também o que se reavaliar, reestruturar, reinventar dentro de uma estrutura permanente, que garanta os direitos culturais (constitucionais) à toda a população brasileira.
Leia a íntegra da nota: www.pensarte.org.br.
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É Um manifesto interessante, porque aborda a questão partidária.
“ultrapassando os limites das políticas de governo”
E esta pergunta tem pra mim o significado mais importante.
Mas o que significa elevar a política cultural ao patamar de Estado?
Com certeza não é dar tônica à indústria criativa ou cultural, fornecer subsídios a mercados culturais para aprofundamento da competitividade e produção de novos empreendimentos empresariais, sobretudo os que andam com a cartilha da cultura corporativa debaixo dos braços.
Certamente ao estabelecer uma política de Estado, toda a diversidade protagonizada pelos movimentos populares deve ter um estímulo direto e não esse processo técnico que, se aproveitando da consciência universal de multiculturalismo ou diversidade à moda saco de confete, se coloca à disposição de um pequeno grupo que tem em sua mensagem a construção das velhas oligarquias.
Sabemos que a expressividade, todos os símbolos manifestados na fala, na música, na riqueza das formas de intercurso e solidariedade entre pessoas foi um modo que a sociedade assegurou à permanência do seu movimento, nunca a serviço do poder do Estado ou do mercado.
A partir dessas premissas, a ampliação da vocação do Estado atual é de buscar a intra-nacionalidade, daí as formas típicas das nossas criações tal como a cultura brasileira se realiza e se organiza, acaba por servir de instrumento de consolidação de soberania.
Se há numa riqueza a ser explorada industrialmente ou comercialmente dentro da existência da cultura de mercado, ela deve buscar o seu próprio território que é originalmente um emaranhado de técnicas e processos, não fruto da solidariedade social, mas da produção e circulação do território do lucro. Portanto, essa atividade que se distancia em corpo do espírito dos homens deve procurar as câmaras de comercio, o Ministério da Indústria e Comercio e conviver com o imaginário da velocidade com as outras formas hegemônicas de produção.
Cultura de Estado não pode ser essa maciça pobreza de produção como se cultura fosse um fenômeno banal. O Estado e sua missão sociocultural como regulador de convergências espontâneas de trabalho da população deve fugir da pobreza estrutural globalizada e fortalecer, através de um exame profundo, a difusão dos nossos valores compatíveis com a pedagogia existente nas mobilizações acionadas pela própria sociedade, e essa descentralidade é que definirá, neste século, o papel do Estado na cultura brasileira.
A política de focos, foquista, é entreguista na base mesmo parecendo ser muito revolucionária. Não compreende a produção cultural nos grandes centros e a ocupação ideológica nos meios de formação da opinião pública. Se acovarda no enfrentamento ao produto cultural estrangeiro e dispensa a ele a hegemonia da circulação, construindo uma cultura de cópia e imitação. Muito mais que estimular formação de "Lapas"( seja lá o que isso quiser dizer...), suportar a grande produção nacional de conteúdo e priorizar o apoio a preservação e difusão da memória construída com vistas a competir com o produto estrangeiro, criar meios e condições para o produto cultural nacional avançar sobre os mercados mundiais, incentivar a promoção da língua...acompanhar a evolução tecnólogica e proporcionar meios para o conteúdo nacional ascender a Nova Cultura, enfim...essas são as bases para uma política que enfrente a anti política cultural vigente e esqueça o foquismo que não reproduz o Gigante. Cabe ao Estado cooperar nesse sentido, sobretudo porque a Cultura é hoje no mundo produto de exportação, ocupação, formação de ideologia e comportamento, e mais.
Unidos venceremos. Artistas unidos, estabelecendo metas e trabalhando junto ao governo.
A meu ver, Leonardo Brant é ideal para cargo de Ministro da Cultura. É importante a discussão sobre políticas culturais, ainda é muito restrito a inclusão da arte, de fato. É preciso direcionar a sociedade, principalmente a sociedade de massa para comportamentos sustentáveis. E a arte é um dos caminhos para educar a população e acelerar essa conscientização tão urgente no Brasil. A presidente Dilma precisará de ajuda e terá que abrir espaço para cabeças pensantes, caso contrário cairemos no "tapar o sol com a peneira", novamente.
MASSIFICAÇÃO. a massa. o povo. o povão. a maioria. oposto da elite intelectual? o q a maioria gosta? de futebol, de novela, de sertanejo, de axé, funk carioca, café, coca-cola, pizza. O povo é brega? A massa? Como deve ser uma política cultural? Atender a uma elite ou ao povo. Ou ambos? Porque a maioria prefere filme americano do q o francês ou o brasileiro? O filme americano é mais "popular"? Menos "arte"? Temos muito o q discutir ainda... Akele abc.
Se há um eixo a ser discutido na mudança de governo, é o da cultura como geradora de negócios que os missionários da nova ordem nos trouxeram. São os mesmos que pensam saúde, educação como negócio e que sonham com o Estado terceirizado. Ja criaram seus gargalos sociais, já cristalizaram o comando no intercurso entre empresa, Estado e sociedade, seja na cultura formal, seja no campo da pesquisa, seja na gestão corporativa, temos, hoje, uma rotina que, de forma recorrente, trata, ou melhor, oferece uma atividade artística desconsiderando a sociedade. O objetivo será sempre a ampliação dos negócios, preservar os territórios dominados por essa próspera forma de negócio da classe dominante. Enquanto isso, uma legião de universitários ligados à cultura, artistas, intelectuais que relaizam cultura dentro da sociedade, não veem sua presença dentro do corpo do Estado porque a comunidade dos escolhidos virou o centro de excelência dos negócios, tudo fundado no reino do dinheiro. O resultado é este mesmo, uma montanha de coisa nenhuma.
As autoridades máximas da gestão corporativa fazem boca de siri para continuar bebendo essa verdadeira sopa nem que seja no canudinho, já que tudo vem mastigado, custo e lucro, pagos pela sociedade.
A economia da cultura que anda encantando os iludidos, já tem sede própria, ligada, como eu já disse, pelos umbigos, geração em geração. O governo tem que abandonar de vez a tentativa de aproximação da percepção de cultura geradora de negócios, coisa que significativamente não tivemos durante esses anos que a "equipe técnica" da economia criativa da cultura corporativa nos prometeu.
O que acho mesmo, e sinto isso com essa febre de gestores, uns até bem intecionados, como conclusão pessoal, é que a motivação estratégica que anda por aí à caça de novos discípulos, distribui, dentro do pacote de bondades e negócios na cultura, um boa noite cinderela, daqueles de dosagem cavalar batizado, em grosso modo, pela sociedade como "sossega leão".
Por isso estamos adormecidos sonhando com um tonel de vinho do porto e acordando com o gosto amargo de uma cachaçada que beira ao etanol. O Estado, o governo, seja lá quem for, tem que fugir do território perverso que já tem os seus símbolos, suas bandeiras fincadas como chefes do tráfico de influências dentro dessa teia social.
eu acho que se pode resumir a importância da cultura dizendo que ela é e sempre foi uma questão de estado, sim, e desde que o "estado" era nômade e depois aldeia. ela o precede, tal qual o conhecemos hoje em dia.
neste sentido, a verdade à qual precisamos nos render é que a cultura não é um segmento a ser tratado pelo governo da vez com maior ou menor prioridade, mas ela é uma dimensão, e como tal deve estar presente na transversalidade das forças que constituem o estado (que provem do povo e da sociedade) e pairar sobre todas as decisões que o afetam, tal como se tem tentado, por exemplo, com o programa cultura viva, mesmo que ainda de forma inconsciente e insuficiente.
Mas como uma montanha de coisa nenhuma? As manchetes se repetem: A Broadway é Aqui! ainda não viram? Pois nos jornais do Rio de janeiro e de São Paulo é o que se vê, escrevu não leu e lá está: a Broadway é Aqui! Montanha de coisa nenhuma???? Depois do SWU vem aí o maior espetáculo da Terra, o Rock in Rio...montanha de coisa nenhuma?????quando chico buarque emplaca um livro campeão o que se vê...baixaria. Na verdade os 20 romances mais vendidos são estrangeiros, e Parati falava que língua? Bienal? Urubu. Como montanha de coisa nenhuma??? Tem uma política aí que produz uma montanha de conteúdo e se relaciona sim...o resto é a Lapa.
PX
Na questão cultural o Estado só pode pensar em resignificação a partir da memória coletiva, portanto, as medidas que devem surgir, sobretudo nos processos sociais contemporâneos brasileiros, é o da desindustrialização da cultura, do consumo e do comportamento. A acirrada competitividade dos "empreendedores" que querem ver a multiplicação de seus ganhos no jogo estratégico de cooperação/competição chamado por uma hierarquia técnica de, economia da cultura, economia criativa, indústria criativa, são na verdade dispositivos de articulação em escala transnacional.
A gestão inovadora que quer comercicalizar cultura tendo o Estado como um guia de cego em seus empreendimentos sistemáticos, faz do campo da cultura um paralelo entre o setor de serviços e um falso diálogo com a arte contemporânea.
O interessante, PX é que essa parabólica chafurdada em um mangue implantou o pior silêncio da história dos compositores brasileiros durante toda a nossa história, você sabia disso? Nunca tivemos tanto investimento público extraído do suor da sociedade em prol da quase negação às novas criações musicais. E sabe por que isso serve de símbolo de uma decadência? Porque o universo da cultura corporativa foi constituido por uma sociedade de discursos que, não conhecendo aonde se começa a organizar a grande festa da cultura, garante seus eventos específicos na base do mecanismo, na conjugação de mídia com o vínculo quase obcessivo pelas releituras, pelas técnicas instrumentais, pela potência muscular que elimina as chancces do verdadeiro sentido do fomento à cultura que é o investimento no inédito. Para isso o Estado deve trabalhar, para salvar seu patrimônio criativo, refletindo os variados ramos de atividades culturais da sociedade civil e não servindo de caixa 24horas do mercado corporativo de cultura. Ainda vou escrever sobre isso com bastante clareza Desde o período do Brasil-império passando pelo velho e o Estado Novo até a era Collor, aonde começa a ser implementada a saga dos "tigres da cultura corporativa". O compositor brasileiro desde a era Collor até os dias atuais, ou seja, há uns vinte anos, está marginalizado. A meu ver essa é a maior cena de mangue que as nunaces mecânicas nos obrigam a salientar.
Isso é o resultado de tentar apropriar, ou melhor, construir um Estado dentro do espaço "alternativo" da dita cuja cultura corporativa. O que mais me chama a atenção nesse formato de tranformação dos agentes contemplados como novos Messias, é a absoluta falta de dados. Eles vivem do fundo do Estado para gerir o eterno "recém-criado". Podemos chamar isso de associação do fim do mundo ou locomotiva touro sentado.
É esse Estado, sociedade e setor privado que circulam nos quadros da produção e consumo da cultura corporativa e que se configura na esfera da cultura com o seu suprauniversalismo na grande mentira, seja do ponto de vista artístico, seja sociológico ou antropológico.
Não há geração de riqueza nesse modelo-experiência, nem conceitual, nem artístico e nem material. Tudo voltado a aglutinar interesses dos mesmos autores clássicos da lógica dos mais fortes, dos que, de uma forma ou de outra, singularizam as tradições da holigarquia casa grande e senzala.
Esta é a imagem clara que só pode ser combatida com uma ilustração objetiva em números, senão, ficaremos aqui construindo a percepção de um Estado de interpretações quando o caminho deve ser o Estado de integrações.
O universo da cultura corporativa, além de uma linguagem própria, é um sistema ficcional cheio de truques e mágicas que não apareceu com um único dado concreto que ao menos discuta a sua viabilidade. Tudo é um mar de espuma.
O que está cada vez mais inédito é o conteúdo nacional, a memória cultural, está cada vez mais inédita. Objetivamente tem um casuísmo na lei que borra tudo, é preciso torná-la mais clara, que tenha objetivo estratégico e que subsidie de fato a produção e circulação do conteúdo nacional. O que não for deve ser produzido sem isenção fiscal. É simples, amplia e dá foco a uma estratégia, a uma intenção clara e cristalina, sem blá blá blá , nem enrolação, subsídio ao conteúdo nacional. Já será um grande passo. Multiplicar os ganhos para quem decide empreender o conteúdo nacional, enfrentar sem vacilação a produção cultural internacional e ampliar a participação do produto Brasileiro no conteúdo global...isso sim. Trazer capital para a cultura nacional, com incentivos, ligar a Cultura e o Ministério da Indústria e Comércio sim, como fazem as grandes potências mundiais, interação de objetivos e ações...isso sim.