Para se tornar efetivo como instância de representação e regulação da sociedade, o Estado precisa inserir a cultura em sua agenda prioritária, não somente pelas inúmeras oportunidades que ela representa como instrumento de um projeto de desenvolvimento baseado nos valores humanos, mas, sobretudo, por sua capacidade de ativar os organismos de participação social. Para isso, deve reconhecer e estimular a diversidade como elemento de configuração de uma sociedade plural e participativa.
A ideia é ativar a capacidade de ação de governantes e agentes da sociedade civil organizada em torno de uma nova função política para a cultura, superando o aspecto de domínio e forja de uma condição civilizatória determinada, para uma funcionalidade transformadora, de compreensão da própria realidade social, superando e experimentando novos processos de convivência e diálogo entre realidades diferentes e, às vezes, conflituosas.
Na mesma direção, precisamos deixar de pensar a educação como uma forma direta e linear de acesso ao mercado, para pensarmos na autonomia e na capacidade de expressão do ser humano, cada vez mais subtraído de sua subjetividade.
Faz-se necessária, portanto, certa insubordinação da cultura em relação aos demais elementos e instrumentos de construção do bem estar social. Em tempos de soberania absoluta dos mercados e do aspecto macroeconômico, precisamos pensar uma reinversão de valores, colocando o humano em primeiro lugar, e a economia a serviço da coexistência de todas as formas de vida de nosso planeta.
Torna-se pertinente pensarmos em novos modelos, capazes de orientar uma relação de compromisso e responsabilidade de todos os agentes envolvidos com a importância estratégica da cultura.
* trecho do livro O Poder da Cultura.
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Parabéns Leonardo,
É sempre muito bom lembrar e colocar os valores humanos em primeiro lugar, e a economia como frutos de nossas criações, e tambèm a importancia do compromisso do Estado na representação e regulação.
Abraço
Muito bom Leonardo,não poderia ser mais claro !!
Olá Brant,
Esse discurso é certeiro. Concordo contigo!
Venho fazendo a minha parte, acredito muito nisso, de forma totalmente independente, mas a resistência ao desenvolvimento humano, por obrigatóriamente fazer as pessoas pensarem e com isso, aprenderem a escolher por si só, a melhor opção em tudo na vida, faz com que os políticos não viabilizem esse aprendizado. Faz com que eles obstruam mesmo, pois sabem que vão perder votos.
Mesmo diante desse fato, podemos, só é preciso achar um primeiro caminho, fazer com que o Direito Cultural, seja cumprido. Afinal, tá na Constituição!
Vamos em frente.
julio saggin
Leonardo,
Concordo em genêro, numero e grau com você. Mas.... "Eu só que quero saber o que pode dar certo, não tenho tempo a perder" (Titãs)
E neste sentido, oque os principais postulantes ao cargo de presidente da república já fizeram ou estão fazendo nesta seara?
Vale lembrar que carta de boas intenções não vale, pois o inferno está cheio disso, o que importa é como no executivo e no parlamento PT, PSDB e PV tratam a questão.
Abraço,
Sinto vergonha ao ter que admitir, ainda não lí o seu livro.
Mas depois deste texto estou indo direto para a livraria.
Pessoas, gente, sociedade estes são os objetos de contratualização
baseada em reciprocidade com governos que nos interessa.
Parabéns efusivos pelo texto.
Obs: Não tem aí o endereço para dowload?
Aí está, Brant.
Vejo muitos falando em descentralização dos investimentos, democratização da cultura e ninguém mais fala sobre sistemas, canais, acumulação.
E a pergunta em voga, como colocar o homem, o ser humano, subjetivo, no cerne das questões? Que parâmetros tomar? Complexo. O homem sistematizou os tais canais, a tal centralização.
A cultura, a arte, a matéria sensível além do toque é capaz de ultrapassar qualquer barreira e misturar as camadas, os temperos.
Conceituação necessária. Mobilização às ações.
Vamo que vamo.
Pra começar não vivemos em tempos de soberania absoluta do mercado, muito longe disso. Pois a questão é justamente definir qual o papel e o tamanho do Estado, necessário, nas sociedades. O tamanho excessivo do Estado incomoda tanto aqui como na Europa por exemplo. Obama é chamado de socialista nos EUA e não apenas pelos fanáticos da direita. A propriedade pulverizada das ações das grandes empresas no mundo ocidental, a massificação da propriedade residencial, tudo isso indica a privatização dos bens, e do outro lado a grande presença do Estado como empregador. Há muito mercado...e muito Estado também.
Então a premissa para se olhar a sociedade não pode partir de uma concepção errada de que o mercado, ai ai, o mercado é o bicho papão que está engolindo o homem. Pode ser texto, frase, mas com todo respeito pelos frasistas, que me permitam.
Essa tal de desumanização é um terreno pantanoso, periga ficar muito teórico e surrealista. Consideremos.
Bom dia,
Gosto muito de ler seus artigos. Sou gestora cultural e quero poder estar adquirindo alguns livros. Moro no interior de Minas(Itaúna) e quero saber como faria esta compra. Via on-line ou alguma livraria em Belo Horizonte?Abraços!
Bel de Abreu
Pensar a cultura como uma cadeia produtiva, percebendo a potencialidade que a mesma tem para gerar emprego, renda e desenvolvimento local é um dos fatores mais importantes que vem sendo debatidos entre gestores públicos e produtores culturais no Brasil.
A chamada economia criativa gera a possibilidade de dar o real peso para a produção cultural do país, percebendo que esse desenvolvimento poderá aumentar os índices educacionais, de criação e de produção cultural mesmo.
O Brasil, em muitos períodos de sua história teve movimentos de vanguarda cultural. temos uma das culturas mais ricas do mundo por conta de nossa formação histórica (negros, índios, europeus) ... e tudo isso tem ficado muito esquecido por conta da massificação e do controle (tanto da cultura quanto da comunicação no país) ... maior autonomia através de uma economia criativa é o que poderia ajudar a resgatar todo nosso grande potencial.