Não há nada mais relevante para a conquista da cidadania, nos dias de hoje, do que o livre acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação. No mundo todo se discute a regulamentação do espaço cibernético e este é um ponto que não podemos ser omissos, sob o risco de penalizarmos as gerações futuras, submetendo-as ao poder incessante das grandes corporações. Algumas das iniciativas mais interessantes nesse departamento unem sociedade e governo federal, como o Fórum da Cultura Digital Brasileira.
Um dos aspectos mais relevantes de uma política cultural é o desenvolvimento de mecanismos de interlocução, diálogo e participação da sociedade. A compreensão da complexidade dos desafios contemporâneos é algo cada vez mais difícil ao cidadão comum, encarcerado nos sistemas de mediação e educação, distantes de suas necessidades de formação como cidadão livre e ativo.
Considero todos os esforços empreendidos pelo MinC nesse sentido vencedores. O próprio Fórum de TVs Públicas, mesmo depois do rolo compressor global, que assumiu a TV Brasil e rasgou todo o processo, ainda é uma referência de construção coletiva de agenda pública e, em minha modesta opinião, deve ser mantido e reforçado. O de Cultura Digital já demonstra os avanços desse aprendizado.
Precisamos seguir em frente, aprender a desenvolver diálogos entre posições antagônicas e complementares, pois somente assim poderemos superar os ranços e aproximar as virtudes das inúmeras vertentes de pensamento e interesses em jogo nessa arena, que é a cultura digital. Só assim o interesse público vigorará.
Não podemos construir um projeto de Estado apenas com os iguais. Precisamos aprender a negociar, a compreender os outros lados da questão. Este modelo de interlocução e construção coletiva pode e deve ser ampliado, sobretudo para as discussões sobre financiamento à cultura e direitos autorais, concentradas em gabinete.
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Nossa Leo!
Concordo contigo sobre o desafio pela ampliação de um mecanismo regulador, que não se restrinja à apropriação concentradora num gabinete. É o que já sabemos sempre, provocar um ruído enorme, queda de braço, pugilismo de egos e de concreto, nada que de fato não seja acordo majoritário avance... fazendo com que o gabinete, que sonha acelerar o processo, acabe criando um bloqueio. Um bloqueio como o que contemplamos há pouco, fruto de um combate de vertentes políticas, ao invés de um conceito político suficientemente competente para ainda ser implantado em resposta às conjunturas atuais...
Continue nos informando, meu caro!
Este seu pensamento crítico e excelente, sobretudo de muito raro bom senso, é um legado inestimável pra contribuição do debate construtivo sobre a cultura.
Valeu, aquele abraço e vamos batalhando por um processo mais justo e representativo.
Caro Leonardo,
você não acha que nos últimos anos se substituiu perversamente o termo "política educacional" por "política cultural", esvaziando a função das escolas e jogando a formação cidadã na mão dos produtores culturais, via de regra com pelo menos um pé na lei de mercado, mesmo quando bem intencionadíssimos? Dizer que o cidadão comum está "encarcerado nos sistemas de mediação e educação" e dizer que ele não ficará também encarcerado nos sistemas culturais gestados em gabinetes (mesmo que localizados em ONGS populares) não é um falso raciocínio, salvacionista (eu e você somos também cidadãos comuns, ou não?) nos moldes de um ensino esclarecido-autoritário?
As escolas, com seu conteúdo homogeneizante e conservador, sim, deveria cumprir o papel de transformar indivíduos em sujeitos de uma sociedade que se quer com alguma unidade e plano. A escola deveria continuar pela vida afora dos sujeitos, mas no Brasil ela foi substituída (nunca esteve nesse lugar, de fato) pela TV e hoje pelas diversas TIC. Daí que investir nas discussões de políticas culturais não seria desviar a atenção ainda mais da escola e jogar uma última pá de cal sobre as bases natimortas de uma sociedade tão precária e frágil do ponto de vista das instituições culturais como a nossa?
Não poderíamos (se conhecer algum projeto, gostaria de saber, apenas de ser miseravelmente apenas um...) investir seriamente em políticas educacionais que visassem a tudo o que você acima escreveu sobre cidadania e livre acesso, transformando as escolas de sala de aula em verdadeiros centros culturais (e esse é um problema do país, não de classes específicas)?
Penso isso a partir do seu artigo e a título de diálogo. Artigo que logo no seu início me levou a reformulá-lo - permita-me, por favor - assim: "Não há nada mais relevante para a conquista da cidadania" do que a educação.
Saudações.
A Internet é sem dúvida uma grande revolução no setor das comunicações, ela vem aos montes pressionando os artistas, principalmente os músicos, a inovar em todos os aspectos. Ela tem para o mercado fonográfico o mesmo impacto antagonista que a fotografia foi para os quadros no inicio do século XX, ela possibilitou o acesso a música dispensando a compra de CDs e não tem como frear o verdadeiro "tsunami" que é os dowloads de músicas na rede.
INOVAR, essa é a palavra chave para a Arte que enfrenta a turbulência violenta que é esse novo e poderoso meio de comunicação.
Mas qual é o problema das grandes corporações? Tem alguém achando que as grandes corporações não servem? E as nossas grandes corporações? Podemos tê-las ou teremos que destruí-las também?
Espero que meu comentário seja publicado dessa vez...