Desafios da Academia na área cultural

“O cenário da produção cultural brasileira é muito volátil e mutante. O campo da cultura tem como característica intrínseca uma capilaridade mais sensível que outros setores aos impactos das mudanças políticas, econômicas e sociais. Não é novidade que a arte e a cultura são uma mistura de ‘antena e termômetro’ para antecipar e perceber prenúncios de mudanças e serem os próprios veículos das mesmas, canais condutores das transformações e inovações da sociedade”, afirma Kátia de Marco, presidente da Associação Brasileira de Gestão Cultural (ABGC).

Segundo ela, este é um desafio na construção de currículos de cursos acadêmicos no campo da arte e da cultura, que necessitam buscar atualização frequente entre o pensar e o fazer, entre os conceitos e as novas práticas e comportamentos. “As grades das disciplinas estão constantemente demandando atualizações e ajustes, na função que a universidade tem de formar conhecimento, ao mesmo tempo em que é instigada a acompanhar os delineamentos cotidianos da história contemporânea.”

Foi pensando nisso que a ABGC e a Universidade Candido Mendes, parceiras há 11 anos na formação acadêmica na área – criaram o primeiro curso superior de Produção Cultural da cidade do Rio de Janeiro e a primeira pós-graduação em Gestão Cultural do Brasil – promoveram algumas mudanças no currículo da quinta turma da sua pós-graduação lato sensu em Produção Cultural, que tem início neste mês de setembro.

“Os cursos das universidades particulares têm uma mobilidade maior para promover estes ajustes curriculares em detrimento das universidades públicas, que algumas vezes são mais engessadas nos processos da administração pública para proporem essas atualizações”, diz Kátia, coordenadora acadêmica da pós-graduação da Candido Mendes.

No curso haverá agora, por exemplo, as disciplinas de Produção em Carnaval – “É um setor crescente da economia cultural carioca, que gera importantes mercados e divisas”, afirma Kátia – e Gestão da Qualidade, que aplica metodologias inovadoras da gestão competitiva para resultar em mais qualidade para os projetos culturais. Outra disciplina inédita é Programas de Sustentabilidade, que aproxima as estratégias inovadoras de comunicação em rede para dinamizar captação através de ampliação das audiências e de receitas diretas para empreendimentos culturais.

A carga horária do curso é de 368h, com duração de 22 meses. O corpo docente é composto por profissionais destacados tanto na esfera executiva como nos setores acadêmicos, como Paulo Sergio Duarte (Delineamentos da Arte Moderna e Contemporânea); Lia Calabre (Política Cultural); Ana Carla Fonseca Reis (Economia da Cultura); Ricardo Prado (Singularidades da Música Popular e Brasileira), Denise Mattar (Produção em Artes Visuais); Ana Ferguson (Legislação de Incentivo); e Mariana Várzea (Fundamentos e Formatação de Projetos/Patrocínio e Investimento Privado), entre outros.

A Associação Brasileira de Gestão Cultural promove um programa de bolsas. Serão oferecidas cotas entre 20% e 80% das parcelas do investimento do curso para os inscritos no processo de seleção da ABGC, que comprovarem participar de projetos e atividades multiplicadoras em ações culturais públicas da periferia da região metropolitana do Rio de Janeiro, mediante assinatura de um termo de cooperação institucional.

As informações sobre valores e processo seletivo estão no site www.gestaocultural.org.br.