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Desafios da indústria do livro no Brasil

Uma pesquisa lançada nesta quarta-feira (21/5) pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), em parceria com o Coppead, Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra que a indústria do livro no Brasil cresceu e viu mudar seus desafios.

Se questões como falta de papel, impostos sobre papel e impressão, taxa de câmbio, inflação descontrolada e censura – embora ainda tenhamos aí um amplo debate no que diz respeito às biografias – não são mais entraves, estão mais evidentes as fragilidades do setor.

Uma das principais delas é a falta de comunicação entre os envolvidos na cadeia do livro. Não existe hoje no Brasil, por exemplo, um sistema único de informação para editores, distribuidores e livreiros, o que provoca atrasos e falhas.

Competição interna, funcionários de livrarias sem conhecimento do produto – com maior número de títulos e alta rotatividade na área – e falta de avaliação das iniciativas comerciais e de divulgação também são problemas. “A maior parte das livrarias e editoras não consegue criar disciplina para aprender sistematicamente com suas falhas e sucessos”, indica em seu relatório Denise Fleck, orientadora da pesquisa feita pelo mestrando Leonardo Bastos da Fonseca.

A ideia do estudo surgiu há dois anos. Os editores queriam entender melhor o que estava acontecendo com o mercado, saber para onde estavam indo e como deviam se preparar e se posicionar frente às diversas mudanças tecnológicas e de mercado. Então Sônia Jardim, presidente do Snel, procurou o Coppead.

A pesquisa cobre desde 1808, ano da chegada da família real, até 2012. Foram ouvidos cerca de 40 editores, livreiros, autores, agentes literários e gráficos, entre outros profissionais da cadeia do livro. Assuntos como a participação em feiras internacionais, a realização de festivais literários no país, práticas como consignação para livrarias, marketing, treinamento de funcionários, criação de grupos editoriais e fragmentação dos catálogos em selos foram abordados.

Futuro – “Editoras e livrarias, historicamente, conseguiram acompanhar com relativo sucesso as mudanças no ambiente externo que pudessem representar ameaça ao business as usual, principalmente aquelas oriundas de decisões governamentais. Entretanto, essas empresas nem sempre conseguiram o monitoramento eficiente de novas oportunidades”, indica o estudo. “Logo, é importante para grandes e pequenas livrarias e editoras aperfeiçoarem a capacidade de mapear sistematicamente as mudanças do ambiente e reagir para se apropriar rentavelmente de possíveis oportunidades oriundas dessas mudanças.”

A expansão de títulos, tecnologias, livrarias, editoras, compradores e leitores pode levar a uma perda do foco. No caso das grandes editoras e livrarias, fica difícil manter a consistência de identidade e posicionamento à medida que crescem e expandem suas linhas de atuação. Para as pequenas livrarias, a recomendação é: aprofundar a seleção – conhecer melhor os compradores e leitores para aprimorar a oferta de produtos – e transformar as lojas em espaços de cultura e entretenimento.

“Talvez seja preciso criar um espaço suficientemente interessante para fazer com que o potencial leitor ou comprador opte por se deslocar até a livraria no lugar de comprar o livro pelo e-reader ou pelo computador.”

Criar um diferencial nos livros que edita é a orientação às pequenas editoras, para despertar o interesse tanto dos leitores quanto das livrarias. Num momento em que a autopublicação digital também é concorrente, elas precisam ter mais foco nas escolhas das estratégias de publicação, “que lhes permitam de alguma forma continuar atraindo autores de qualidade em velocidade superior à daqueles que deixam a editora”, indica o texto. Prestação de serviços de apoio à autopublicação é uma alternativa.

A entrada da Amazon e do Google no mercado brasileiro é ao mesmo tempo uma ameaça às livrarias e uma possibilidade de crescimento para o setor. “Essas empresas são capazes de aprender continuamente com erros e acertos, buscam conhecer os compradores e leitores que frequentam seus sites e têm gestão sobre a troca de informação com seus fornecedores”, diz o relatório.

Para Denise Fleck, há duas estratégias com relação ao e-book: continuar agindo como se nada estivesse acontecendo e ver no que vai dar, ou identificar o que pode ser melhorado hoje, enquanto o mercado se prepara para o digital.

Clique aqui para ler o estudo na íntegra.

*Com informações da Folha Online e do Estadão.com

Redação

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