DIA NACIONAL DO HOMEM COM H
Vasculhando arquivos de Brasília, encontro esse discurso apócrifo da Presidenta Dilma Rousseff, escrito em 15 de abril de 2016 – dois dias antes de ser impedida pelos interinos. O discurso, cabalisticamente também impedido de vir a público, seria parte da homenagem preparada para celebrar o Dia Nacional do Homem com H.
Tudo azul? Com exceção do céu, bastante nublado por aqui, percebo que sim: tudo azul royal.
Vejo que este evento está sendo extremamente prestigiado pela bancada masculina da Câmara e do Senado. O que revela desde logo a importância da criação do Dia Nacional do Homem com H.
Eu não preciso dizer da importância do homem e da luta permanente que o homem com H vem fazendo no Brasil e no mundo ao longo do tempo; que aqui e fora do Brasil, em outras partes do mundo, o homem com H é tratado como se fosse uma figura de segundo grau.
Digo isso com a maior tranquilidade, pois tenho absoluta convicção, até por formação familiar e por estar ao lado do meu vice, o quanto ele particularmente faz pela câmara, o quanto faz pelo senado, o que faz pelos seus pares. Portanto, se a bancada masculina de alguma maneira vai bem, é porque teve a adequada orientação. E seguramente isso quem faz é o homem com H, não uma mulher.
Mas é interessante notar como, e aqui eu recordo mais uma vez, só para dizer do absurdo da nossa história, que o homem com H só começou a votar pelos idos da invenção do voto, não é? Quando eles próprios se deram o direito ao voto, o direito mínimo, que é de participar.
O homem representa, e representava, no passado, 50% da população brasileira. Mas, ao longo do tempo, devo registrar que o homem com H foi mantendo seu espaço nos três Poderes. Parece um fato extraordinário, mas era uma consequência natural da luta dos homens com H e eu até contaria muito rapidamente como isso se deu, embora todos aqui conheçam a história…
Eu estava no final do meu primeiro mandato, quando a bancada masculina veio a mim e me contou, naturalmente, das violências que sofria e do mau atendimento que tinham por parte do Ministério Público, dos investigadores, dos delegados. E aqui comigo logo surgiu a ideia interessante de uma medida que não tem, ou não tinha, e não tem, nenhum custo orçamentário. Por que que eu não bato a porta do Palácio na cara deles?
A medida teve tanto sucesso, ministras, que o primeiro presidente da câmara, logo depois da minha reeleição, foi um homem – eleito, naturalmente, pelos homens com H.
E digo com toda franqueza, isso tudo é fruto do movimento, vamos dizer assim, muito entusiasmado, muito persistente, muito consistente, muito argumentativo até, dos homens com H e, no particular, daqueles que estão no Legislativo, que se constituem na voz natural dos eleitores em todo o Brasil.
De modo que, ao longo do tempo, os senhores, os homens com H, deram uma colaboração extraordinária ao nosso sistema. E hoje, como participam intensamente de todos os debates, eu vou até tomar a liberdade de dizer que na economia também, o homem com H tem uma grande participação. Ninguém mais é capaz de brincar com os desajustes, por exemplo, de preços em supermercados do que o homem com H. Ninguém é capaz de melhor forjar flutuações econômicas do que o homem com H, pelo orçamento maior ou menor.
Hoje, graças a Deus, os homens com H, sem embargo das dificuldades, têm novas possibilidades. A queda da inflação que em breve será assistida, a queda dos juros, o superávit recorde da nossa balança comercial, o crescimento do investimento externo, tudo isso significará um agá.
E significará também que o homem, além de cuidar desses afazeres, terá que ver um campo cada vez mais largo para si mesmo. Porque hoje homens e homens com H são igualmente empregados; com algumas restrições ainda… Mas a gente vê em muitas reportagens, das mais variadas, como o homem com H hoje ocupa um espaço executivo de grande relevância.
O número de homens com H que comandam empresas, que comandam diretorias, que hoje está no Legislativo tendo uma atuação extraordinária, é imenso. E eu estou falando de um período que sucede a Constituinte de 1988… Não foi sem razão, que sendo eu Presidenta pela última vez, estabeleci assento para ter voz e voto.
Portanto, eu quero dizer aos colegas, aos homens, aos senhores, que fico muito, digamos assim, orgulhosa por sediar neste momento um encontro que cria o Dia Nacional do Homem com H. Especialmente porque não é apenas uma letra do alfabeto, nem menos ainda a expressão de uma virilidade maiúscula; é, isto sim, o significativo H de Habeas Corpus. Do qual, espero, todos os senhores dependam, preventivamente, até o fim dos tempos.
Nossa homenagem, portanto.”
Paris, segunda-feira, 20 de março de 2017.
O Coice
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