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Difícil estado

As Artes Plásticas sofrem com a falta de políticas públicas que entendam as suas demandas. Não se trata apenas de ampliar os espaços de exibição, mas de oferecer condições para que artistas possam pesquisar e construir de forma significativa seus projetos.

No ano passado a revista Número em parceria com o Canal Contemporâneo lançou uma enquete sobre políticas para as artes plásticas no Brasil constatando o seu difícil estado, o resultado não poderia ser outro.
Na opinião dos entrevistados faltam discussões e debates com grupos significativos de artistas e produtores, a formação de núcleos ou conselhos com poder de atuação na política pública, criando um corpo real das necessidades deste segmento.

Há quem defenda existir certa ingenuidade da categoria, por uma característica do artista ter uma relação mais individual com o trabalho, o que enfraquece a organização de grupos e seus interesses coletivos.
Algumas soluções foram apontadas como a criação de cotas do orçamento destinado à cultura, incluindo a renúncia fiscal, para as diferentes modalidades de arte a fim de garantir recursos mínimos para as artes plásticas, investimentos locais pela necessidade de descentralização das verbas, a desburocratização dos mecanismos na direção onde os produtores não fiquem com a maior parte do orçamento.

Entre os problemas apontados está, a meu ver, uma grave questão a falta de ética e transparência em seleções de artistas, o poder excessivo de curadores, a existência de um circuito viciado e a falta de espaço para todos os estilos de produção.

Nos últimos anos os poucos editais lançados para o setor, sejam pelas instituições públicas ou privadas, apresentavam valores aquém das necessidades dos artistas, muitos até se eximem do pró-labore e oferecem apenas o espaço para a exposição e circuito nacional, porém este fato não impede que existam inscrições e envios de projetos. Parece que a necessidade de expor os trabalhos desconsidera a baixa valoração, em todos os sentidos, de seu labor.

Como contra ponto temos hoje grupos mais atuantes e centrados nestas questões que são os coletivos de artistas, mostram-se presentes em debates nas câmeras setoriais, organizam-se através de blogs e e-groups, planejam e executam ações, mobilizam a opiniões dentro e fora dos grupos, entram em espaços não destinados para a arte. Estas ações, geralmente, são auto-geridas fruto da vontade e teimosia de artistas que acreditam no poder de transformação humana através da arte para além do poder público.

Cris Arenas

Artista plástica, coordenadora do Projeto ASA; elaborou e coordenou o projeto Rumos Educação Cultura e Arte 2004/05 do Itaú Cultural.

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