O cineasta argentino Fernando Solanas defendeu a criação de leis que distribuam melhor o espaço do audiovisual. ?Ainda não conquistamos o direito de produzir nossas imagens?Por Sílvio Crespo
29/01/2003
No Fórum Social Mundial, o cineasta argentino Fernando Solanas procurou analisar ?o que significou a homogeneização das imagens como conseqüência da globalização?. Solanas participou da conferência Cinema e Política: contra a homogeneização do imaginário, que aconteceu no Ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, dia 27 de janeiro. O cineasta defendeu também a criação de leis que distribuam melhor o espaço do audiovisual.
Guerra de imagens
Para o cineasta, existe um ?autoritarismo destrutivo?, que inibe o bem ?mais genuíno que os seres humanos e os povos podem ter?: a preservação de sua memória e de suas maneiras de ver o mundo. Segundo o conferencista, estamos vivendo 2 tipos de guerra sem armamentos bélicos: a dos ?genocídios de mercado?, resultantes de políticas ?neoliberais?, e a das comunicações e das imagens. Para Solanas, ainda hoje os países do Sul não conquistaram plenamente o ?direito de produzir nossas próprias imagens?.
Sofremos hoje, de acordo com o conferencista, um processo de ?aculturação? e ?padronização?, definido como a ?ocupação dos espaços por línguas, imagens e idéias alheias que nos expulsam da nossa própria casa?. Mas Solanas diz não defender o fim do intercâmbio de culturas. ?Isso é o que Hollywood faz?, afirmou o cineasta. Não sei como um país talentoso como o Brasil ainda não recebeu o direito de ser exibido em todas as telas do mundo?, indignou-se o cineasta. ?É preciso que se incorpore o conceito de ?reciprocidade??.
Rede Globo
Para reverter essa situação, Solanas propõe a criação de leis que regulamentem o espaço do audiovisual, que hoje pertence ?à Globo, à Televisa ou a quem for?, para assegurar o cinema independente. ?Se não descobrirmos o ?outro? por suas imagens, será muito lento o caminho da integração real de nossas nações?, teorizou o conferencista.
Solanas propôs também a criação de uma canal de televisão para o Mercosul, que seria financiado pelas transações comerciais do grupo de países pertencentes ao mercado comum.
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