O estudo Global Enterpreneurship Monitor, que avalia o mercado empresarial em todo o mundo, indicou, em 2010, que existiam 21 milhões de novos empreendedores no Brasil. A esse número somam-se mais 4 milhões de trabalhadores autônomos (dados do IBGE). Em comum, esse contingente de novos profissionais têm a falta de estrutura tecnológica para tocar seus negócios.
Os números fazem parte de um vídeo de apresentação da plataforma MeuSoft, criada pela empresa de tecnologia Dossier Digital. As estatísticas, aliadas ao crescimento da Classe C nos últimos anos, desenham um panorama que tem chamado atenção de economistas e empresários dentro e fora do país. Mesmo que indiretamente, os números ajudaram a impulsionar a criação da MeuSoft, que é voltada especialmente para esse público.
A ideia é que esses novos empreendedores desenvolvam seus próprios aplicativos para dinamizar os processos com os quais trabalham e, além disso, possam comercializá-los para pequenos prestadores de serviços que vivem no mesmo contexto. “Um jovem com um irmão que tem um lava-jato, produz aplicativo para o lava-jato; outro cuja a mãe faz doce sob encomendas, faz aplicativos para informatizar algum aspecto da doceria, e assim por diante”, ilustra Sebastião Cartaxo, arquiteto de software e fundador da Dossier Digital.
Com o cadastro na plataforma, o usuário passa a fazer parte de uma rede colaborativa. A Meu Soft dá a ele os subsídios (dados e informações) para que ele desenvolva seus aplicativos. Concluída esta etapa, os produtos passam por uma avaliação da empresa e, se estiverem aptos, ganham o selo de qualidade da Dossier Digital. Por fim, os usuários colocam suas criações para comercialização no site virtual da companhia.
Apesar de parecer complicado, os criadores garantem que não é necessário conhecimento técnico para criar um aplicativo. O próprio empreendedor pode desenvolver sua ferramenta, basta saber o que quer cadastrar e movimentar e, então, gerar o aplicativo final.
A plataforma foi testada e aprovada em um projeto piloto, com 80 alunos, numa parceria com a Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico (AMACH) da Bahia. O projeto teve o apoio da empresa de energia Eletrobrás. “Hoje formamos turmas de jovens que produzem aplicativos direcionados para a sua própria realidade social”, informa Cartaxo.
Planos – Ele conta que a criação da Dossier Digital, em 2006, ocorreu em função do retorno à Bahia de um grupo de profissionais de informática, que estava disperso, trabalhando em grandes corporações, entre Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Recife. A empresa foi uma das participantes do Empreendedores Criativos, reality colaborativo patrocinado pelo Banco Santander e focado no desenvolvimento de propostas inovadoras.
Segundo Cartaxo, a participação levou motivação à equipe. “Com o reconhecimento do EC nosso grupo percebeu melhor o significado do que estávamos fazendo e todos passsamos a trabalhar ainda mais focados”, afirma. “É importante dizer que até aquele momento trabalhávamos em silêncio e escondidos, em um escritório em Salvador, motivados apenas pelo nosso próprio sonho. Do EC em diante, conseguimos nos situar melhor”, completa.
Após o programa, foram empreendidas mudanças importantes na empresa, como o aprimoramento do plano de negócios e da comunicação com o público alvo através das redes sociais. Além disso, a equipe decidiu expandir a participação em outros projetos. “Hoje estamos em contato com diversas possibilidades de parcerias ensejadas pela ampliação da nossa visibilidade”, diz Cartaxo.
A longo prazo, a Dossier Digital espera firmar parcerias nacionais e internacionais e e ampliar a esfera de atuação, treinando jovens e atendedendo às demandas de informatização da maior diversidade possível de negócios, pertinentes às classes próximas a base da pirâmide social brasileira. “Queremos que a MeuSoft torne-se referência no mercado de aplicativos profissionais para pequenos prestadores de serviços”, conclui Cartaxo.