O Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos) tem procurado se aproximar da imprensa e de artistas, além dos bares e locais em geral, como consultórios médicos, que devem pagar pelas músicas executadas em seus ambientes. É o que mostra reportagem da Folha de S. Paulo desta quarta-feira (20/4).
“A gente tinha muita coisa para mostrar, mas estava acostumado a só apanhar”, diz Mário Sérgio Campos, gerente executivo de distribuição do Ecad, que trabalha no Rio de Janeiro e veio a São Paulo na semana passada, acompanhado de uma assessora de imprensa, para “conversas de aproximação” com jornalistas.
O executivo tornou público o novo molde do discurso da entidade: “Não dizemos mais ‘cobramos porque está na lei’ e ponto. Conversamos, temos outra abordagem”. O que o Ecad tem feito, explicou ele, é um trabalho de “conscientização”, que inclui manuais explicativos e diálogos mais amenos.
Por que a mudança de postura? “Porque era antipático. Este novo trabalho cria pagadores fieis, que não ficam inadimplentes”, diz Campos.
Instituição privada sem fins lucrativos criada durante a ditadura militar, o Ecad reúne diferentes associações de músicos. Seu papel é cobrar, arrecadar e, por fim, distribuir. “Cobrar por uma coisa que não é palpável, como os direitos de autor, é difícil no Brasil”, afirma Campos, para justificar as críticas recebidas. “Acho que é cultural. A ideia de que tudo pode ser livre dificulta nosso trabalho.”
Há artistas que não se julgam representados pela entidade – cuja distribuição alcançaria só os “mais tocados” – e empresas que se acham exploradas. Os donos de salas de cinema contestam a cobrança na Justiça por considerar que os produtores já pagaram os direitos autorais durante a feitura dos filmes. Não seria cobrança em duplicidade?
“Entendo o que você fala, mas o que os filmes nacionais pagam de direitos não é nada. E eles pagam o chamado direito de sincronização, não o de execução da música”, rebate Campos.
Enquanto os tribunais se debruçam sobre tais tecnicidades, o Ecad tenta aumentar a arrecadação. Se, há dez anos, o pagamento feito por rádios e TVs era fundamental, hoje a proporção mudou. Academias de ginástica, lojas, internet e hotéis contribuem cada vez mais na conta final.
“Só metade das rádios paga direito autoral”, diz Campos, confirmando que academias de ginástica e clínicas médicas seriam, então, uma maneira de compensar essa inadimplência institucionalizada.
Para minimizar o conflito com os novos alvos, o Ecad mudou seu vocabulário. A palavra fiscal foi trocada por técnico ou colaborador. O antigo operador de gravação, que ficava com gravadores e planilhas nos bares, agora tem um equipamento digital que pode ser acoplado à parede dos estabelecimentos, e passou a ser chamado de técnico de distribuição.
*Com informações da Folha de S. Paulo
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Chamo isso de marketagem.
E só.
Que coisa comovente essa mudança de atitude tão significativa, gentil de explicar um peculato privado! Então, ao invés de berrar, o Ecad só morde e sopra. Num bom português e em luz crua, esse escudo grego do Ecad significa que Gloria Braga foi promovida à Madre Superiora e Ildebrando em D. King desse vale-tudo chamado Ecad. Nada de mata-leão! Vale dedo no olho que é determinante para a defesa da entidade, expressão maior do 171 que FHC credenciou como lei da corte neoliberal depois de ter nascido durante a ditadura.
Estou mesmo comovido com essas infinitas pinturas de bons modos. Ainda ontem eu li que na tarifa da passagem dos ônibus, locais, intermunicipais e inerestaduais, todos nós pagamos ao Ecad, pois a tarifa dele é acrscida no preço das passagens. É que o Ecad, além de receber das rádios, recebem novamente se o motorista ligar ou não o rádio. Esse roubômetro feito a bangu jamais chega nos bolsos dos músicos, com exceção de alguns, os que colocam a coroa imperial e que podem ir à imprensa defender o Ecad.
O que me assusta é ouvir dizer que o Ecad vai se aproximar dos músicos. Se ele, à distância, já bate as nossas carteiras, quando chegar mais perto, vai nos deixar nus no meio da rua. É muita cara de pau desse grupo privado que faz um banzé na ordem pública brasileira!
O maior absurdo é que além de se pagar ao ECAD por qualquer motivo,não há uma distribuição correta aos artistas cujas obras foram reproduzidas. Isso porque o órgão não exige a lista prévia dos artistas que irão tocar, nos casamentos e festas, e, segundo funcionario da entidade, o valor arrecadado vai para os artistas mais tocados na região de quem está pagando. Assim, se na minha festa de casamento não toca ROBERTO CARLOS, certamente ele irá receber um percentual. Se eu não tocarei música brasileira na minha festa, ROBERTO CARLOS vai receber direitos autorais mesmo assim.
É uma roubalheira a céu aberto. É muito dinheiro que se arrecada. Quem fiscaliza a ECAD?????