Devemos encorajar as práticas culturais no processo de aprendizado e formação do indivíduo, reforçando tanto a dimensão cultural da educação quanto a função educativa da cultura. A escola é um espaço público, de natureza cultural, pertencente à comunidade. Apropriar-se desse espaço é direito e dever do cidadão e do Estado. A partir daí, devemos ressignificar o conceito de desenvolvimento, a partir dos aspectos culturais.
Em outros tempos o currículo escolar contava com as artes como atividade “obrigatória” para formação de cada sujeito. Isso automaticamente refletia na visão de mundo desses sujeitos, o que poderia ser encarado como forma de contribuir em muitos casos, para estimular a produção de bens, serviços, atividades artística e também cultural por parte dessa formação. Em um determinado momento histórico algumas alterações curriculares resultaram na retirada das atividades artísticas e culturais da escola, mas se manteve certo discurso sobre a produção de conhecimento voltado para cultura de modo geral.
Após essas mudanças as atividades culturais que tiveram espaço dentro da escola foram grande parte das vezes atividades ligadas a datas comemorativas como o “Dia do Índio”, “Festa de São João” e tantas outras que quem teve a oportunidade de freqüentar uma escola por grande parte de sua vida deve ter vivenciado.
Porém, muitas atividades culturais se mantiveram na escola ou voltaram a acontecer nessas como propostas extracurriculares ou complementares. Basta visitar algumas escolas e perguntar aos alunos, professores e gestores sobre as atividades culturais daquele local. São muitos os casos de grupos de dança, corais e grupos de teatro nas escolas (aqui faço recorte sobre artes, pois as artes são uma das parcelas da cultura) que muitas vezes se constituem por iniciativas de profissionais da comunidade acerca dessas escolas, sendo um trabalho oferecido gratuitamente ou de forma terceirizada, onde os alunos pagam suas mensalidades para participarem dessas atividades.
Formou-se um currículo “informal” que tem servido para a produção de cultura ligada a propostas de educação na escolar formal. Mas é importante pensar que existem outros espaços fora da escola que de uma forma ou outra “educam e ensinam”, não estou aqui falando de alfabetização e outras atividades reconhecidas, organizadas e autorizadas pelos órgãos responsáveis pela educação. Mas sim de Escolas e Academias de dança, Centros Culturais, Museus, Associações Culturais e tantos outros espaços organizados, formalizados ou não, que produzem conhecimento, “educam”, e levam a refletir sobre a cultura na educação ou a educação na cultura na contemporaneidade, compreendidos a partir uma “perspectiva pós-estruturalista” ou “pós-metafísica” como esclarece COSTA (2009) em “A educação na Cultura da Mídia e do Consumo”.
A produção cultural sempre esteve ligada a educação, mesmo que em alguns aspectos tenha estado em “off” ou “stand by”, e mesmo que muitas vezes tenha sido negada, escondida ou “sabotada”.
Hoje esses outros espaços que também “educam” têm buscado se fortalecer e principalmente tentando se sustentar através de financiamento, apoio e patrocínios. O Estado tem disponibilizado alguns Prêmios e Bolsas além de realizarem a avaliação de projetos que buscam autorização para captar verba através do Programa Nacional de Apoio à Cultura.
Concursos públicos estão surgindo para empregar profissionais da cultura em escolas e estimular a produção cultural nesses espaços formais, mas ainda há muito que se fazer. Será que é o início de um novo momento onde a produção cultural será cada vez mais estimulada e reconhecida?
* Texto colaborativo, realizado em coautoria com Eunísia Inês Kilian, Fabio Maciel, Px Silveira, Ricardo Albuquerque, Wagner Ferraz.
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Adorei o texto e espero q esse momento citado na última frase chegue logo. Sou professora de Literatura e produtora cultural e ainda sinto a escola muito distante dos movimentos culturais. Parabéns pela argumentação! Vou divulgar esse post com os amigos. Abraços!
Gostei muito do texto e é preciso provocar os novos gestores e a própria sociedade, pois necessitamos que espaços públicos se tornem de fato e de direito espaços de socialização, seja a escola ou não. A escola necessita de um olhar mais próximo, muitas vezes só existe este lugar, como público,nas comunidades, então fortalecê-los como espaço de convivência social é o primeiro passo para estabelcer um link com atividades culturais. Este espaço precisa estar envolvido com o contexto da cidade. Podemos ainda citar os outros espaços que sobretudo são também espaços não formais de educação, como por exemplo os Centros de Cultura. Estes precisam desempnhar um novo papel na sociedade contemporanea, buscando compreender o contexto local e apropriar-se de novas formas de atuação. Este é um exemplo de espaço que pode servir ao público juvenil, considerando que além das atividades tradicionais pode ser um espaço de interação tecnológica.
A escola precisa se unir a outros espaços sim! Mas, aproveitando esse momento, o que fazer quando há limitações de acesso? A realidade escolar não precisa ser engessada, pré-moldada. Em cidades pequenas do interior a distância entre o universo escolar e e outros seguimentos sociais parecem ainda maiores. E são! Nem sempre há meios disponíveis de encurtar o caminho, e assim, muitos professores, limitados as quatro paredes da sala-de-aula, precisam ousar e inovar para estimular os mais jovens. Sou professor de história e desenhista, e sei que crianças e adolescentes sempre esperam cada vez mais de nós. Minha disciplina precisa beber de outras fontes para dispertar o interesse dos menores. Muitas vezes, cabe só aos profissionais da educação ligá-la a outros eventos culturais. Sozinhos ou não, esse é o caminho, e que assim seja.
Boa tarde!!!Muito interessante o texto. Sou formado em História e Pós-graduado em Gestão Cultural e Gestão de Patromônio. Desde de 2000 venho desenvolvendo projetos artístico nas áreas da Música - Percussão, Teatro, Danças e a Capoeira Angola tanto nos espaços escolares quanto em outros espaços, sendo o último articulado com a escola. E o propósito destas ações tem sido paltada na contribuição das artes para enriquecer e dar oportunidade dos educando de se formares sujeitos mais humanos do que somente conhecedores de disciplinas como matemática, português, história, geografia. Lembrando que não estou aqui desconsiderando a importância desses conteúdos.
Aqui na minha região é muito recente a inclusão efetiva dessas atividades que citei acima no ambiente da escola. destaco aqui a esperiência que estou vivendo na cidade de Coronel Fabricino desde de 2005, onde o município esta apostando na erradicação do baixo nível de conhecimento de algumas disciplinas básicas com operações elementares em matemática e organizção elementar em lingua portuguesa pelos alunos. Através do Programa Escola Integral o município tem conseguido fazer com que os alunos melhorem o seu desempenho. Pois constatou que com a ampliação do tempo do aluno na escola e as atividades de artes, práticas esportivas - lutas marciais tem sido responsáveis por uma melhora e ampliação do capital intelectual das crianças. Hoje são mais de quatro mil (4000) crianças de 06 a 14 anos de idade atendidas.
Diante disso quero dizer que hoje é o único município que tem sido capaz de promover na região do Vale do Aço uma revolução no que diz respeito a promoção de uma educação que integre verdadeiramente educação e cultura. Estamos tendo os desafios de convencer os educadores do ensino formal da importância da cultura no ambiente da escola ou na integração da cultura na educação seja dentro dos espaços escolares seja em parceria com grupos, ongs, cntros culturais.
Acredito que esse é um caminhos sem volta aqui na minha região e todos os outros município tem procurado discutir a possibilidade de colocar nas suas escolas as atividades artísiticas dentro dos seus espaços.