Categories: NOTÍCIAS

Em 15 anos poucas empresas investiram R$ 5 Bi em cultura

Levantamento publicado pela Marketing Cultural Online mostra que os investimentos em cultura via leis federais de incentivo aumentam à média de R$ 100 milhões por ano, mas, dentro do universo possível, poucas empresas aplicam.

Os investimentos em cultura com utilização das leis federais de incentivo beiraram R$ 1 bilhão no ano passado e, das 100 empresas que mais aplicaram no setor em 2007, 53 aumentaram seus patrocínios, 18 diminuíram e 29 saíram da lista. De 1993 até abril de 2008, o Ministério da Cultura computou R$ 5,2 bilhões em incentivos utilizados.

O levantamento obtido pela revista Marketing Cultural Online mostra que grandes estatais deram espaço para que empresas privadas ocupassem 16 das 20 primeiras colocações na lista dos 100 maiores patrocinadores de 2007. E, das quatro estatais, Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobrás aplicaram menos em cultura em relação ao ano anterior, quando ocuparam os três primeiros postos da lista. Só o BNDES aumentou o volume de patrocínio.

Salto importante deu a Vale do Rio Doce, que mais do que dobrou seu investimento no setor (de R$ 16 milhões em 2006 para R$ 33 milhões em 2007) e, embora tradicionalmente dirija seu foco para projetos de patrimônio histórico, foi naquele ano um importante patrocinador da Orquestra Sinfônica Brasileira (R$ 8,7 milhões) e de outras ações ligadas à musica, entre outras (foram 32 projetos patrocinados).

Um salto importante também deu a Telesp, que em 2006 ocupou a 29ª colocação entre os 100 maiores e em 2007 situou-se em terceiro lugar, com investimento de R$ 21 milhões em projetos culturais. Destinou R$ 3 milhões para o Museu do Futebol, mas apoiou outros projetos ligados a cinema, música e restauração.

A revista Marketing Cultural Online também elaborou uma tabela com os 100 maiores patrocinadores culturais por grupo de empresas, isto é, aquelas “holdings” que utilizam as companhias ligadas a elas para utilização de incentivo fiscal. A importância deste levantamento está no fato de que, muitas vezes, é a “cabeça” do grupo que define os investimentos das demais, a exemplo de Petrobras, Votorantim, Banco do Brasil. Essas três empresas, por sinal, criaram uma política de patrocínio cultural que dá transparência às suas escolhas, o que não acontece com a maior parte dos investidores. O que prevalece, ainda, é o desejo do abatimento fiscal somente.

Petrobras, Bradesco, Itaú, Vale do Rio Doce e Votorantim ocupam as cinco primeiras posições nesse ranking de grupos. O Itaú utilizou 24 de suas empresas para usufruir dos incentivos fiscais e o Bradesco 17, mas ambos não definiram política para seus investimentos em cultura e não fazem questão de dar qualquer visibilidade para seus critérios de escolha. É o mesmo caso do grupo Moreira Salles, que inclui Unibanco e coligadas (utilizou 20 empresas para aplicar R$ 13 milhões).

PREFERIDA – Música foi o segmento mais prestigiado pelas empresas durante o ano de 2007, sobrepujando Artes Cênicas, o preferido de 2006. Pela primeira vez um segmento conseguiu captar volume superior a R$ 200 milhões durante um ano (Música alcançou R$ 209.682.270,16) e nesse período apenas Artes Plásticas não conseguiu atingir o patamar dos R$ 100 milhões, mas ficou perto (R$ 99.498.319,97).

Uma rápida análise da tabela de captação de recursos por ano e área cultural permite verificar que o aumento de recursos para o setor, via leis de incentivo, está aumentando a uma média superior a R$ 100 milhões/ano desde 2003.

As empresas da região Sudeste continuam sendo as que mais utilizam o mecenato para abater parcela do Imposto de Renda devido em projetos culturais, seguidas pelas da região Sul e Nordeste. A diferença entre elas é grande, pois o Sudeste captou, durante 15 anos via lei Rouanet, o valor de R$ 4,2 bilhões considerando-se todos os segmentos, enquanto o segundo colocado é o Sul, com R$ 517 milhões.

Um dado interessante, e pouco revelado, é que muito mais pessoas físicas utilizaram as leis federais de incentivo do que pessoas jurídicas. Pela tabela (ver link no pé desta matéria) se pode verificar que de 1993 (quando apenas duas empresas investiram em cultura) até 2007, utilizaram-se do mecenato 53.774 pessoas físicas, contra 19.215 pessoas jurídicas. Comprova-se, portanto, que pouquíssimas companhias usufruíram dos incentivos fiscais durante esses 15 anos, quando, segundo a Receita Federal, cerca de 80 mil empresas poderiam se beneficiar dos incentivos. Em 2007 alcançou-se o maior número de empresas investidoras: 2.321. Nesse mesmo período, 13.439 indivíduos utilizaram a lei de incentivo para apoiar projetos culturais.

Carina Teixeira

Jornalista e sócia da empresa CT Comunicações.

View Comments

Recent Posts

Consulta pública sobre o PAAR de São Paulo está aberta até 23 de maio

A Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo abriu uma…

4 dias ago

Site do Iphan orienta sobre uso da PNAB para o Patrimônio Cultural

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lançou a página Aldir Blanc Patrimônio,…

5 dias ago

Seleção TV Brasil receberá inscrições até 5 de maio

Estão abertas, até 5 de maio, as inscrições para a Seleção TV Brasil. A iniciativa…

5 dias ago

Edital Transformando Energia em Cultura recebe inscrições até 30 de abril

Estão abertas, até 30 de abril, as inscrições para o edital edital Transformando Energia em Cultura,…

1 semana ago

Congresso corta 85% dos recursos da PNAB na LDO 2025. MinC garante que recursos serão repassados integralmente.

Na noite de ontem (20), em votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no Congresso…

2 semanas ago

Funarte Brasil Conexões Internacionais 2025 recebe inscrições

A Fundação Nacional de Artes - Funarte está com inscrições abertas para duas chamadas do…

2 semanas ago