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Especialista britânica fala sobre as transformações dos museus

Na última terça-feira (24/7), o British Council do Brasil promoveu um encontro entre diversos especialistas e profissionais envolvidos com o setor museológico no país, com o intuito de lançar seu Programa de Desenvolvimento de Museus Brasil-UK.

Dentre os convidados, estavam José do Nascimento Júnior, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram); Claudineli Moreira Ramos, da secretaria de Estado da Cultura de São Paulo; Mariana Varzea, superintendente de museus da Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro; Leonardo Bahia, superintendente de Museus e Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Minas Gerais; e a consultora britânica Jane Weeks.

Há 10 anos trabalhando no British Council, Jane veio ao país para apresentar a iniciativa, que já estabeleceu parcerias de capacitação em mais de 40 países, focada em planejamento estratégico, gestão financeira, programas educativos, conservação, desenvolvimento de público, marketing e geração de renda.

Após o evento, a britânica deve seguir em visita por museus nacionais, mas antes, cedeu entrevista ao Cultura e Mercado para falar sobre as transformações pelas quais os museus em todo o mundo vem passando.

Cultura e Mercado – Uma pesquisa feita em 2010 no Brasil indicou que 70% dos brasileiros nunca tinham ido a um museu, o que parece ser um desafio diferente dos enfrentados na Europa. Isso de fato é diferente lá?
Jane Weeks –
No Reino Unido a maioria das pessoas vive perto de um museu, o acesso físico não é um problema, mas o acesso intelectual ainda é um desafio. Algumas pessoas, especialmente as pessoas com menor escolaridade e os desempregados não se identificam com museus. Esta é uma barreira que os museus britânicos estão tentando superar.

CeM – Como instigar a curiosidade das pessoas nesta situação?
JW – 
Primeiro precisamos descobrir por que as pessoas não estão visitando os museus – o edifício é pouco convidativo ou de difícil acesso? As exposições não são interessantes para o público? Levar as coleções de museus para lugares onde as pessoas se encontram, tais como lojas, festivais, escolas e hospitais, tem sido um grande sucesso. Uma vez que as pessoas se envolvem com a exposição, as barreiras começam a ser quebradas.

CeM – Os museus em todo mundo parecem estar passando por transformações, criando uma maior interação com o público. Você identifica este movimento? Arriscaria dizer para onde ele aponta?
JW – 
Sim, a mudança mais empolgante nos museus nos últimos 10 anos tem sido a forma como eles se comunicam com seu público. No passado, costumava ser uma conversa de mão única, agora é uma conversa de duas vias entre o museu e o visitante. Eu não sei aonde este processo vai nos levar, mas é justamente o que o torna tão empolgante. Talvez no futuro os museus não serão em edifícios dedicados somente para esta finalidade.

CeM – O livro Reprograme, do jornalista brasileiro Luis Marcelo Mendes, enfatiza a importância da comunicação, do branding e de relacionamentos para as instituições museológicas. Na sua opinião, qual a importância disso tudo na gestão de museus?
JW –
 A relação do museu com o seu público é absolutamente crucial e se comunicar bem é fundamental para o sucesso de um museu. Museus do Reino Unido estão começando a perceber a enorme importância da marca em termos de seu relacionamento com seu público. Alguns, como o British Museum e o Museu Victoria & Albert, já têm marcas de enorme sucesso.

CeM – Um projeto brasileiro, o Mutz, propõe a colaboração e a troca de informações entre museus. Isso é uma realidade nas instituições ao redor do mundo?
JW – 
Eu acho que museus no mundo já estão em contato entre si, através de redes especializadas. Em algumas cidades, os museus já falam entre si. No entanto, eu acredito que ainda há oportunidade para troca de informações e qualquer movimento nesse sentido é bem vindo.

Raul Perez

Jornalista, foi repórter do Cultura e Mercado de 2011 a 2013. Atualmente é assessor de comunicação da SPCine.

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