Categories: NOTÍCIAS

Especialistas criticam reconhecimento a instrumentos que promoverão a Copa

Na semana passada, o Grupo Executivo da Copa do Mundo de Futebol de 2014 (Gecopa) apresentou oficialmente a caxirola (uma espécie de chocalho) e o pedhuá (tipo de apito) – instrumentos musicais inspirados em objetos centenários indígenas e africanos – entre os projetos privados que promoverão o Brasil em função do evento.

Logo os dois objetos foram alçados pela mídia à condição de instrumentos oficiais da Copa – considerados como substitutos das vuvuzelas que fizeram sucesso no Mundial da África do Sul, em 2010.

Mas especialistas vêem com cautela a apropriação. Josilene Magalhães, diretora substituta do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Palmares, disse à reportagem da Agência Brasil que “patentear esses instrumentos é um desrespeito à cultura tradicional”. Referindo-se ao pedido de registro das marcas e patentes desses instrumentos, que chegou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) no final de 2011, ela alerta que as comunidades tradicionais que criaram os instrumentos originais não serão beneficiadas.

O professor de educação física paraibano Alcedo Medeiros de Araújo, autor do projeto Pedhuá – O Som do Brasil na Copa, apresentou ao Inpi o pedido de registro de marca e patente do apito de plástico desenvolvido a partir do instrumento originalmente usado por indígenas para atrair aves. Ele estima comercializar pelo menos 50 milhões de apitos de diferentes modelos. O mais simples deverá custar R$ 10. Calculando por baixo, o apito poderá movimentar algo em torno de meio bilhão de reais.

O ex-diretor do Memorial dos Povos Indígenas de Brasília, Marcos Terena, também criticou as atuais normas de propriedade intelectual e lamentou a falta de visão estratégica do Grupo Executivo da Copa do Mundo. Para ele, o governo deveria pensar em como beneficiar os artesãos e os povos tradicionais pelo uso de seus conhecimentos. “A regra da propriedade intelectual funciona assim: quem chega primeiro e registra algo se transforma em dono, mesmo que não seja. O problema é que, do ponto de vista moral, esses objetos pertencem às tradições indígenas e africanas. Não dá para dizer que algo de plástico seja autêntico e representativo da nossa cultura”, afirmou.

Segundo a assessoria do Inpi, o processo de reconhecimento de uma marca demora, em média, cerca de 2,5 anos para ser concluído. Já o de uma patente costuma demorar, em média, 4,5 anos. A venda desses instrumentos no país, no entanto, não depende da concessão da patente pelo instituto.

Clique aqui para ler a matéria completa.

*Com informações da Agência Brasil

Redação

Recent Posts

MinC lança nova versão do Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura

Fonte: Ministério da Cultura* Entraram no ar, na semana passada, as primeiras atualizações, melhorias e…

19 horas ago

Programa Jovens Criadores, do Theatro Municipal de São Paulo, recebe inscrições

As inscrições para bolsistas na 5ª edição do Programa Jovens Criadores, Pesquisadores e Monitores estão abertas até…

5 dias ago

Edital AMBEV Brasilidades 2025 recebe inscrições até outubro

A AMBEV está com inscrições abertas para o edital Brasilidades 2025, com o objetivo de…

6 dias ago

Museus de São Paulo selecionam projetos artísticos para compor sua programação cultural em 2025

O Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Futebol estão com editais abertos para…

6 dias ago

Pesquisa revela que atividades culturais melhoram saúde mental dos brasileiros

Fonte: Fundação Itaú Divulgada essa semana, a quinta edição da pesquisa Hábitos Culturais, sobre o…

2 semanas ago

Governo de São Paulo recebe inscrições em 3 editais para Pontos de Cultura

Estão abertas, até 05 de fevereiro, as inscrições em três editais para Pontos de Cultura…

2 semanas ago