EUA liberam copyright para “uso justo”

Costumo dizer que o Naspter está para a indústria do entretenimento assim como o heliocentrismo está para a igreja católica do século XVI. A prova disso é que os Estados Unidos não é mais ilegal fazer o desbloqueio do iPhone ou quebrar a proteção contra cópias de um DVD, desde que os propósitos sejam educativos ou jornalísticos – de fazer uma resenha de um produto ou serviço, por exemplo.

Essas alterações na lei foram aprovadas nesta semana. As situações mencionadas agora foram incluídas no chamado Fair Use (”uso justo”), um conceito da legislação norte-americana que permite o uso de material protegido por direitos autorais sob certas cirunstâncias.

O U.S. Copyright Office (a agência norte-americana de direitos autorais) revisa a legislação de copyright a cada três anos, para fazer correções e atualizações. Dessa vez, as mudanças dizem que estão isentas de processo as seguintes situações:

– Quebrar a proteção de um DVD obtido legalmente para uso educacional ou de crítica jornalística;

– Instalar e usar programas de computadores que permitam que você rode, no seu celular, outros softwares legalmente adquiridos (e que você não conseguiria rodar sem a instalação desses programas), ou seja, o desbloqueio do iPhone;

– Instalar programas que permitam que você use seu celular com uma operadora diferente;

– Contornar proteções contra cópias de games (DRM) para testes legitimados de segurança ou investigações;

– Hackear programas de computador protegidos por dongles (dispositivos de hardware que são instalados na máquina e permitem que um programa rode) se os dongles se tornaram obsoletos ou não são mais fabricados;

– Ler um ebook em voz alta (por exemplo, para um cego) mesmo se o livro tiver métodos de controle para proibir esse tipo de uso.

* Com informações da Agência Estado.

Leonardo Brant

Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

View Comments

  • Penso sempre no ambiente digital, necessário se faz um padrão único de uso, pois a difusão do processo cultural nas redes é irreversível, as trocas e colaborações já existem, portanto a internacionalização do Direito Autoral é invevitável.

    A uniformidade com a questão do uso é o grande avanço para a cultura planetária.

    sonia ferraz advogada rio de janeiro

    soniamgferraz@hotmail.com

  • Boa notícia, Leo. Embora a sua manchete seja meio enganosa, por vender o particular como geral. Ou seja, dá a impressão que houve um "libera geral" do copyright para "uso justo", quando se trata de circunstâncias bem determinadas. Nesses tempos de debate acirrado no Brasil, todo cuidado é pouco rsrsrs.

Recent Posts

JLeiva lança pesquisa Cultura nas Capitais

A JLeiva Cultura & Esporte lança nesse mês a pesquisa inédita Cultura nas Capitais. O…

8 horas ago

MinC alcançou 100% de transparência ativa em avaliação da CGU

Fonte: Ministério da Cultura* O Ministério da Cultura atingiu 100% de transparência ativa de acordo…

1 dia ago

Ordem do Mérito Cultural recebe indicações até 10 de fevereiro

Até o dia 10 de fevereiro,  a sociedade terá a oportunidade de participar da escolha…

1 dia ago

Salic receberá novas propostas a partir de 06 de fevereiro

O Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic) estará aberto a partir…

1 dia ago

Edital do Sicoob UniCentro Br recebe inscrições até 14 de março

O Instituto Cultural Sicoob UniCentro Br está com inscrições abertas em seu edital de seleção…

5 dias ago

Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura (SC) recebe inscrições até 04 de fevereiro

Estão abertas, até 04 de fevereiro, as inscrições para o Edital Elisabete Anderle de Estímulo…

1 semana ago