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Ferramentas para empresas de cultura

Carlos Cuadros tem mais de 15 anos de experiência em instituições públicas e privadas e empresas culturais na Espanha. Foi diretor geral do Instituto de Cinema e Audiovisual do Ministério da Cultura da Espanha (2010-2012) e diretor geral da Academia de Cinema da Espanha (2008-2010), além de produtor executivo de dezenas de projetos audiovisuais, artes cênicas e promoção cultural, como os Prêmios Goya ou os Prêmios Max para as Artes Cênicas.

Morando no Brasil desde 2012, ele atualmente trabalha como consultor para empresas culturais. E é a partir dessa soma de experiências que Cuadros coordena e ministra o novo curso assinado por Cultura e Mercado no Cemec, em São Paulo: Gestão de Projetos Culturais.

Nas aulas, que acontecem nos dias 12 e 13 de abril, ele abordará a produção e a contratação de projetos e ensinará os participantes como definir estratégia e planejamento empresarial e criar um plano de negócios, apresentando casos práticos.

Nesta entrevista, o consultor fala sobre as características positivas e as dificuldades que os produtores culturais brasileiros encontram para desenvolver seus negócios culturais, além de explicar as diferenças no planejamento para essa e outras áreas.

Cultura e Mercado – A partir da sua experiência na Espanha, e estando no Brasil desde 2012, quais aspectos positivos você identifica na gestão de projetos culturais aqui com relação aos países europeus (tanto nas instituições públicas quanto em empresas privadas)?
Carlos Cuadros – O Brasil possui três elementos importantíssimos para o empreendimento empresarial no setor cultural: por um lado uma inter-relação muito favorável com as empresas patrocinadoras dos projetos culturais, graças às muito desenvolvidas leis de incentivo fiscal, o que permite percorrer um longo caminho em busca de novos clientes. Por outro lado, o compromisso das instituições públicas em favorecer as ações culturais. E por último, e não menos importante, a enorme criatividade que existe no Brasil nos diferentes âmbitos da indústria e da produção cultural, o que permite explorar novos projetos, produtos e serviços.

CeM – E quais aspectos você acha que precisam ser melhorados?
CC – Um dos elementos importantes a serem melhorados é o da gestão de processos empresariais. O caráter criativo do nosso setor faz com que muitas vezes nos concentremos quase que exclusivamente nos próprios projetos, descuidando da incidência dos mesmos na empresa. Gerir uma empresa cultural não é só gerir os projetos que realiza, mas sim contar com uma estratégia empresarial específica que contemple conhecimentos de mercado, as forças e debilidades da empresa, seu posicionamento com respeito a concorrência…

CeM – Quando falamos em “empresa cultural”, a que exatamente estamos nos referindo (produtoras, investidoras…)? Quais são as características básicas de uma empresa de cultura?
CC – Efetivamente podem ser denominada como empresa cultural empresas com distintas atividades, que podem ocupar distintos lugares na peculiar cadeia de valor do nosso setor e que inclui produtores, empresas intermediárias, fornecedores de serviços específicos, gestores públicos ou privados que solicitam os produtos ou serviços e financiadores de projetos culturais.

CeM – Um plano de negócios para empresas culturais é diferente de um plano de negócios para empresas de outras áreas?
CC – Sim. Em primeiro lugar pela especificidade dos produtos que são oferecidos. Também é diferente a forma de calcular a amortização dos projetos. E por último também o cálculo de rentabilidade dos mesmos. Este último aspecto é fundamental para explicar ao cliente a quantificação do retorno dos seus investimentos que justifiquem a sua rentabilidade, às vezes não só economicamente, mas também socialmente.

CeM – Uma ação cultural que começou como “simples” projeto pode se transformar num empreendimento cultural maior?
CC – Uma boa maneira de começar o negócio é precisamente aproveitar a existência de um primeiro projeto que possa ser contratado. Isso vai permitir assumir os primeiros custos de constituição empresarial, reduzindo assim a necessidade de aporte de capital dos sócios, e ao mesmo tempo é uma boa oportunidade para testar as capacidades empresariais tanto internas quanto com o cliente. Tem que aproveitar esta primeira experiência para dar continuidade e conseguir consolidar um primeiro cliente e daí ampliar o serviço para outros.

Clique aqui para ver a programação completa do curso Gestão de Projetos Culturais.

Mônica Herculano

Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

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