Há algumas iniciativas conectadas ao movimento de crescimento – mesmo que tímido – do mercado de música clássica e que merecem destaque. Uma delas acontece no Brasil: é o Festival Virtuosi, criado pelo Maestro Rafael Garcia e por Ana Lucia Altino Garcia, pianista e DMA em performance pela Boston University.
Apesar do sucesso do festival, a realidade do músico clássico brasileiro ainda é difícil, de acordo com Ana Lucia. “Ele precisa ter formação de qualidade, saber ler música e ter instrumentos que ajudem seu desenvolvimento e sustentabillidade artística”, explica. “No exterior, há orquestras que oferecem empréstimos pessoais para aquisição desses instrumentos de qualidade.”
Segundo ela, o músico clássico precisa estudar diariamente, se renovar, conhecer repertório diferenciado das várias épocas – barroco, clássico, romantismo, contemporâneo – e ter conhecimento musical suficiente para interpretar cada obra com suas especificidades. “O brasileiro tem condições naturais fantásticas para a música em geral. Especificamente em música clássica, necessita de mais apoio através de escolas, professores e orquestras de qualidade”, conclui.
Outro evento que merece destaque é a Classical:NEXT, que acontece na Áustria e que busca fortalecer a troca entre diferentes cenas de música clássica no mundo. A feira de negócios é anual e reuniu em sua última edição 950 profissionais de 500 empresas, de 40 países entre selos, distribuidores, editoras, promotores de concertos, festivais, produtores, agentes, empresários e artistas. Apresentou 100 showcases e contou com 40 experts em painéis de discussões, reuniões de negócios, programa de mentoring e conferências relacionadas a questões atuais no campo da música clássica.
“A cena de música clássica brasileira é inspiradora, mas de difícil acesso, por isso iremos apresentar na Classical:NEXT diversos eventos para efetivar essa conexão entre a cena internacional e a brasileira”, analisa a diretora da feira, Jennifer Dautermann. A próxima edição acontece em maio e apresentará duas conferências com foco no Brasil.
Uma delas é o “Panorama Brazil”, que irá apresentar um panorama do mercado de música clássica nacional. Os participantes serão Carlos Prazeres, Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia, Claudio Dauelsberg, Diretor de Projetos Especiais da Dell’Arte Soluções Culturais, David McLoughlin, Trade developing manager do Brasil Music Exchange – Brasil Música & Artes e Marcelo Lopes, Diretor Executivo da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. A coordenação é de Thiago Cury, Diretor da Água Forte Produções e criador do Strange Music Festival. Mais informações aqui.
A segunda é “Catalist Brasil: A Transformative Vision of the Future”, cujo foco é entender como a música clássica pode ganhar importância no século 21, de forma que o Brasil passe a ser reconhecido pelo nível de sua agenda cultural, valorização financeira de suas atividades e inovação. Ali, especialistas brasileiros de música clássica irão explicar suas contribuições para o setor e revelar como o país pretende estabelecer conexões globais sustentáveis e quanto pode contribuir para o desenvolvimento de uma nova geração de líderes criativos.
Participações de Heloisa Fischer, fundadora do VivaMúsica!, Leandro Carvalho, Fundador e Diretor Artístico da Orquestra do Estado de Mato Grosso, David Chew, Fundador e Diretor Musical da Rio Cello. Coordenado por Cristina Becker, Empreendedora Internacional, Curadora e Especialista em Arts Management. Mais detalhes aqui.
Orquestras
O processo de reestruturação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), iniciado em 1997, não só desencadeou uma nova percepção sobre o fazer orquestral e novos caminhos de ganhos artísticos e administrativos, como também gerou desdobramentos como as melhorias na Orquestra Sinfônica Brasileira a partir de 2005, a fundação da Orquestra do Estado do Mato Grosso e a estruturação da Filarmônica de Minas Gerais em 2008.
Os dados coletados estão no Guia de Negócios da Música Clássica no Brasil: somente em 2012, o orçamento total da Osesp, incluindo apoios, vendas de concertos, locação de espaços e receitas financeiras foi de R$ 98 milhões.
Foram realizados 277 concertos em 2012, sendo 157 oferecidos na sala principal abertos ao público, dois fechados. Foram 124 obras executadas, das quais 10% brasileiras. O total de público foi de 238,111, sendo 140 mil na sala principal, 40 mil em outros locais da cidade e 56.400 em itinerância. Foram realizados 90 concertos educativos para um público de cerca de 90 mil pessoas.
Nos Estados Unidos, problemas financeiros quase levaram a Sinfônica de Nashville à falência, e as orquestras de San Francisco e Minnesota passaram por greves. Mas na Filarmônica de Los Angeles as coisas andam melhor. A CEO Deborah Borda é uma das responsáveis pela grande transformação da orquestra, que reúne hoje receita de US$ 115 milhões por ano e um público de mais de 300 mil pessoas só em 2013. A receita: ela modernizou a orquestra contratando o diretor musical Gustavo Dudamel, que segundo ela, é totalmente conectado à música contemporânea. Desenvolveu também o serviço de streaming de concertos e a venda de músicas pelo iTunes.
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