Título que concorria a concurso da Secretaria de Cultura de São Paulo foi excluído dos premiados e depois anunciado novamente como vencedor
O filme “Infância Roubada”, de Bruno Barreto, vem fazendo um caminho de idas e voltas no Programa de Fomento ao Cinema Paulista da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, inicialmente o filme não foi selecionado pelo júri para estar entre os vencedores. Mas no último dia 15, quando foram anunciados os ganhadores, o título estava entre eles. Isso por que no dia anterior o Secretário João Batista de Andrade convocou uma reunião extraordinária na qual anunciou aos jurados que tinha uma verba maior do que os R$6,5 milhões inicialmente previstos. Com isso, seria possível incluir mais um título na premiação, e os cinco filmes que eram suplentes (condicionados à disponibilidade de recursos) passariam a titulares. Pouco depois do anúncio, o filme foi desclassificado, pois o edital do programa exige que os cineastas residam no estado de São Paulo há pelo menos três anos, e Barreto não teria cumprido essa regra (o diretor é carioca). O Conselho Paulista de Cinema é que teria alertado a Secretaria a respeito da questão. Mas Andrade afirmou depois que os documentos comprobatórios já estavam de posse da Secretaria e o filme foi reinserido entre os vencedores. A decisão causou polêmica entre cineastas e profissionais da área audiovisual, gerando acusações de que o filme de Barreto teria sido privilegiado por ser mais “comercial” e atender às expectativas das empresas que garantem a verba do programa, usando recursos de incentivo fiscal. Embora Andrade tenha afirmado que a inclusão de “Infância Roubada” tenha sido aprovada depois pelo júri, alguns dos membros do júri é que teriam divulgado para colegas da área que houve pressões para que o filme estivesse entre os finalistas. O próprio secretário afirmou à Folha que várias das empresas parceiras “sempre falam nos filmes dele”. |