“Estado, Governo, Partidos, Democracia”. Este é o título de um belíssimo artigo de Emir Sader na Carta Maior.
Não vou aqui ser redundante em relação às observações muito bem fundamentadas de Emir Sader.
É sobre os aspectos da cultura brasileira que quero falar. Poderia dizer, por exemplo, que Lula foi o primeiro presidente, em pleno exercício do mandato, a colocar os pés numa quadra de escola de samba, Portela. Isso é muito, dada a origem e a representatividade para o povo brasileiro de uma instituição que é um dos seus orgulhos, a escola de samba, o terreiro brasileiro, a construção de um estandarte tecido pelas mãos do próprio povo. E, por incrível que possa parecer, nenhum outro presidente havia, até então, colocado os pés nesse santuário do povo. Fica a pergunta, por quê?
Sim, nunca antes na história deste país se viu tantos paradigmas quebrados. A sensibilidade política de Lula vai somando vozes com o povo em torno do seu nome. Lógico que qualquer pessoa que se aproxime do povo é populista, isto é clichê dos mais reacionários e funestos das classes abastadas.
Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, quando vilipendiou o patrimônio nacional com a sua saga entreguista em um dos casos mais escandalosos da história republicana brasileira, com as suas, até hoje não investigadas, privatizações, a nossa classe dominante sacou do bolso aquela gasta frase do remédio amargo, das medidas impopulares, mas que era o remédio certo e, portanto, uma medida racional. Esta mesma racionalidade que faz com que o frisson esquizofrênico da mesma classe produza cenas de uma ópera bufa em torno da eleição do novo maestro da OSESP, que tem como presidente de honra FHC. O salário anual do maestro gira em torno de dois milhões. Em contrapartida chega quente a notícia no twiter de Leonardo Brant: “Lei Mendonça reduziu de R$ 50 milhões para R$ 4 mi, depois de gestão contrária ao incentivo”. Lei de incentivo cultural de São Paulo.
No governo Lula, os investimentos em cultura foram multiplicados. A relação do governo com a sociedade via Ministério da Cultura tornou-se muito mais democrática se comparada aos governos anteriores. O debate sobre as reformas da Lei Rouanet foi para as ruas e ganhou corpo. E é bom que lembremos, há muito no Brasil não via um debate público ganhar tamanha extensão, o que deu um sentido diferente à Lei Rouanet, antes confinada a um restrito grupo de burocratas privados que se transformaram em donos da lei.
É certo que correções são necessárias entre as políticas adotadas pelo Ministério da Cultura e o setor cultural, mas há um canal bem mais amplo. As críticas são expostas de forma absolutamente democrática. Eu sou testemunha viva deste processo e pretendo continuar apontando os erros e aplaudindo os acertos do MinC, justamente pela crença de que o governo tem que ser a nossa principal voz nas políticas culturais.
Os próximos passos que, sem dúvida o governo deve dar, é uma profunda reforma no Estado, no universo das políticas culturais.
O que me alegra é esse reencontro do Brasil com os brasileiros, representado pela figura de Lula. Isso tem um impacto extremamente positivo na vida cultural brasileira e, portanto merece uma profunda análise.
O lançamento do pré-sal foi emocionante, Lula ironizou a “Petrobrax FHC”, quando o mesmo já havia colocado na agulha a bala para assassinar o principal patrimônio brasileiro Petrobras. E posso, sem qualquer sombra de dúvida, traçar um paralelo desse discurso com a reforma da Lei Rouanet que deu uma boa desarticulada na “culturobrax”, esta globalizante febre que atingiu o cenário cultural brasileiro.
Enfim, “Lula é o cara!” Suas ações, direta ou indiretamente, no universo da cultura brasileira trazem ares de prosperidade, de autonomia, de soberania junto o psique coletivo da sociedade, principal matéria-prima para novos vôos criativos nesse caldeirão unificado pela cultura que é a nossa principal característica como nação. Lula fortalece essa liga entre a arte e o humano, devolvendo ao Brasil o espírito livre que sempre marcou a nossa dinâmica artística.
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Rildo Hora disse:
O músico Carlos Henrique Machado de Freitas é, sem a menor dúvida, uma das maiores cabeças pensantes da classe musical. Virtuoso bandolinista e compositor, desenvolve junto com Celeste sua mulher um trabalho importantíssimo de pesquisa. Sua obra gravada em CDs resgata, com minuciosa análise, as diferentes nuances que os batuques dos negros de diversas regiões do país, acenam para os que possam seguir defendendo suas manifestações espontâneas que, de pai para filho, se espraiam, principalmente no interior dos estados. Carlos e Celeste perceberam estes acenos e COMO O PRESIDENTE LULA, defendem as nossas jazidas de riqueza. Eles na música, Lula no governo popular, acenando para que todos percebam que o “petróleo é nosso”, como disse Vargas. “Querem dizer os que acham que qualquer pessoa que se aproxime do povo e de suas riquezas é populista, isto é clichê dos mais reacionários e funestos das classes abastadas” - como disse Carlos Henrique neste ótimo pronunciamento impregnado de lucidez e brasilidade.
Eu, Rildo Hora, músico, discípulo de Guerra Peixe concordo plenamente com Carlos, Celeste e cito Mário de Andrade, que sempre mostrou por um ângulo exato a paisagem brasileira, de rara beleza e percurso acidentado.
Rildo Hora
Carlos Henrique Machado Freitas
Devia continuar fazendo música e não entrar em searas como um cego e não vê o que esse "pseudo" presidente está fazendo!
É, se o MinC cresceu, foi graças aos ministros anterior e ao atual, que se empenharam em democratizar os debates. O Sr. Lula da Silva apoiou, claro, mas quem não apoiaria? Na verdade o presidente Lula nunca praticou ideologias de centro, esquerda ou direita como quem sabe o que está fazendo... Muito intuivo, percebeu que na política, um palanque, um microfone e um monte de demagogias ditas em retórica populista dariam a ele o que ele mais queria: o poder.