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Mercado da música nos países nórdicos

Nos dias 13 e 14 de novembro, o Sesc Pompeia, em São Paulo (SP), recebeu o festival Dias Nórdicos. O evento foi uma parceria/colaboração entre a Difusa Fronteira, produtora brasileira que há oito anos promove o intercâmbio entre a cultura latino-americana; Zona de Obras, espanhola de Madri que promove eventos culturais entre os países europeus; e a Rosa, dinamarquesa que leva ao mundo a cultura dos países nórdicos.

Os países nórdicos são reconhecidos mundialmente pela qualidade de vida, direitos humanos, pelas estações definidas e agora pela diversidade musical: nos dois dias foi possível ouvir folk (Dybdahl), rock com inspiração oitentista (Zebra and Snake), música eletrônica da mais dançante (Rangleklods) e trip hop (Jay-Jay Johanson).

A ideia das três produtoras é que o festival, que acontece há quatro anos na Espanha, aconteça anualmente no Brasil e Argentina com outros artistas.

O diretor da Rosa, o jornalista e agente cultural dinamarquês Henrik Friis, esteve em São Paulo no primeiro dia do festival e conversou com Cultura e Mercado sobre as ações de music business nos países nórdicos.

Cultura e Mercado – Nos países nórdicos existem leis de incentivo à cultura?
Henrik Friis – Temos uma lei que visa promover a música, nos mais diversos aspectos, para todos os gêneros – incluindo a clássica. Temos uma lei que apoia locais para ouvir música e clubes. Nossa empresa é também um dos quatro parceiros no MXD – Music Export Dinamarca, que apoia eventos dinamarqueses, turnês internacionais e empresas de gestão e selos. Além da Rosa, o MXD é apoiado pelo IFPI (coletivo dinamarquês de selos/gravadoras internacionais), o Festival de Roskilde (um dos maiores festivais da Europa do Norte) e Koda (uma espécie de Ecad, que cuida do pagamento para a execução de fonogramas em rádio, autoria e etc). Além dos benefícios à música, existem leis para o cinema, literatura, arte, balé, etc.

CeM – Você disse que o Rosa segue o modelo de negócio ‘umbrella’, envolvendo governo, coletivo de artistas e financiamento privado.
HF – A Rosa – The Danish Rock Council é um guarda-chuva de políticas para a música, cujo objetivo é aconselhar e respaldar músicos e os governos locais nas questões que envolvem a música. Damos suporte a artistas em turnês. Temos representantes de sindicatos de músicos, compositores, assim como membros independentes com amplo conhecimento sobre como funciona o negócio da música. Pretendemos atingir vários gêneros do rock, pop, música eletrônica, folk music. A world music e o jazz nos países nórdicos têm a sua própria organização. Rosa foi fundada pelo Ministério da Cultura. Uma das maiores tarefas é fazer o Spot Festival, um festival anual onde já se apresentaram 140 espetáculos da Dinamarca e dos países vizinhos: Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Groenlândia. As apresentações do festival são de novas tendências da música e já atraíram 350 jornalistas e pessoas ligadas ao negócio da música de todas as partes do mundo, entre gravadoras, selos, agentes e curadores de festivais, com o objetivo de dividir conhecimento e fazer networking. Além da música, o festival inclui uma mostra de filmes. O festival é patrocinado pelo Ministério da Cultura Dinamarquesa, governo local da cidade de Aarhus (a segunda maior do país), sindicato de artistas e por uma longa lista de patrocinadores privados. Existe há 20 anos.

CeM – Vocês têm planos de levar artistas latino-americanos aos países nórdicos?
HF – Vamos ver o que acontece, isso não é impossível. A cantora mexicana Natalia LaFourcade e o DJ guatemalteca Meneo já tocaram no nosso festival. As passagens são caras da América Latina para a Dinamarca. Mas talvez com o apoio dos países latino-americanos isso teria mais possibilidades de acontecer. Seria interessante para futuras colaborações.

Carola Gonzalez

Jornalista e assessora de imprensa.

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