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Artes Visuais: perspectivas e desafios

O mercado de artes visuais tem ganhado novos contornos e perspectivas otimistas nos últimos anos. No Brasil, verificou-se a ascensão de feiras de arte e, em tempos de internet, as possibilidades de negócios e financiamento têm se ampliado a novos e consagrados talentos.

Baixo Ribeiro, arquiteto e galerista, é um dos principais representantes de uma nova geração desse mercado. Em 2003, ele criou a galeria Choque Cultural, em parceria com a também arquiteta Mariana Martins e o artista e historiador Eduardo Saretta. No espaço, novos artistas do grafite e da arte de rua são os principais protagonistas.

Baixo apresentará um panorama de como o sistema alcançou o formato que apresenta na atualidade e como desenvolver novas abordagens para fomentar o setor no curso Mercado de Artes Visuais, que acontece no Cemec de 24 a 27 de março, promovido em parceria com a Abact (Associação Brasileira de Arte Contemporânea).

Em entrevista ao Cultura e Mercado, ele deu uma prévia do que será abordado nas aulas. Confira:

Cultura e Mercado –  De acordo com pesquisa da Abact, houve um aumento médio de 22,5% do volume de negócios das galerias de arte contemporânea em 2012. Como você avalia o cenário para 2014?
Baixo Ribeiro – Acho que o volume de negócios continuará crescendo e seguindo o mesmo ritmo de 2013, pois os fatores positivos e negativos se equivalem. Os positivos são resultados da abertura do mercado de arte para novos públicos, com a consequente abertura de novas galerias e negócios de arte e a verificação de que esse processo está em pleno curso. Os aspectos negativos ficam por conta das tensões que abatem o mercado financeiro e geram incertezas para o investidor, o que reflete diretamente no mercado de arte.

CeM – As galerias ainda são o principal local de exposição para entrar no mercado de artes? E a feiras? Qual sua importância?
BR – As galerias apresentam os artistas num universo específico e as feiras num universo bem amplo de colecionadores privados e institucionais e se configuram, sem dúvida, a melhor plataforma de inserção do artista no mercado de arte. Os museus fazem um papel importante de promoção de ideias mais experimentais e das discussões artpisticas que estão além do que o mercado pode absorver e são, portanto, tão importantes para a exposição de artistas quanto o mercado. Hoje os museus brasileiros sofrem pela falta de uma política público-privada clara em relação à aquisição de acervos, o que tolhe um pouco da sua relevância no cenário. Um exemplo nitidamente modelar é a atuação da Pinacoteca do Estado, ativa na difusão de novas ideias, autonoma para a apresentação de temas e artistas e na estratégia de ampliação de acervo que persegue com intensidade.

CeM – Atualmente, quais são as principais diferenças entre os mercados de artes visuais brasileiro e internacional?
BR – As diferenças entre o mercado brasileiro e os mercados mais desenvolvidos dizem respeito, principalmente, à escala e à abertura da legislação. A escala do mercado brasileiro é pequena e isso reflete numa cadeia com desenvolvimento lento da sua profissionalização.

CeM – Como a internet e as novas ferramentas de comunicação influenciam esse mercado?
BR – As plataformas virtuais estão influenciando todo o mundo dos negócios e não seria diferente com a arte. Mesmo não tendo números suficientes para uma afirmação precisa, tenho percebido um grande crescimento do mercado de múltiplos, gravuras e outros produtos híbridos associados à artistas do mercado de arte e essa produção de preços acessíveis tem demanda sempre crescente e intimamente ligada ao comércio via internet.

CeM – Novas formas de financiamento têm de fato impulsionado a produção? De que maneira?
BR – O crowdfunding, sem dúvida, é a grande novidade no financiamento, mas pode-se dizer que ainda é uma plataforma sub utilizada para alavancar negócios de arte. O grande potencial do crowdfunding é o de reunir o grande público em torno de projetos artísticos, como exposições, obras públicas, intervenções urbanas, produção intelectual e crítica, publicações etc.

CeM – Quais são as perspectivas de mercado para o artista visual brasileiro no século XXI?
BR – O mercado brasileiro tende a crescer em todos os níveis, desde o chamado high end até o mercado mais popular, de colecionismo mais acessível. Além disso, o setor está se organizando cada vez mais, ou seja, o futuro está ficando mais visível, planejado e compartilhado, prometendo um cenário de negócios cada vez mais previsível e seguro. A internacionalização é uma tendência, mas como competirmos no mercado global ainda é uma pauta a ser desenvolvida nos próximos anos.

Itamar Dantas

Repórter do Cultura e Mercado.

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