A polêmica com os metarecicleiros nas últimas edições mostra que há mais de uma forma de se contar uma história!

cena 1 – A história da Chapeuzinho Vermelho – a versão esperada –(quem não estiver disposto a rever a história oficial, pule para a cena 2)

Era uma vez uma menina que morava em uma casinha perto da floresta. Essa menina usava sempre um capuz vermelho feito pela sua vovó. E, assim, ela era conhecida em toda a floresta como a Chapeuzinho Vermelho. Um dia, a vovó dela, que morava do outro lado da floresta, ficou muito doente. A Chapeuzinho, então, foi visitá-la. A mãe da Chapeuzinho fez uma cesta de doces e disse para a menina tomar muito cuidado pelo caminho, seguir sempre a estrada do rio e recomendou que jamais conversasse com estranhos. E a chapeuzinho seguiu pela estrada do rio. No caminho apareceu um lobo. Aonde você vai, chapeuzinho? Minha mãe disse que eu não posso falar com estranhos. Eu não sou um estranho, sou o Lobo Mau. Ah, eu estou indo levar esses doces para a vovozinha. Ah, sim, então eu lhe explico um atalho. E a Chapeuzinho seguiu o falso atalho, desobedecendo a mãe. E o lobo adiantou-se pelo caminho do rio para a casa da vovozinha. O lobo bateu à porta: toc toc toc. Quem é? Sou eu, vovozinha, a Chapeuzinho Vermelho, sua netinha, fingiu o Lobo Mau. A porta está aberta, respondeu a vovó. O lobo entrou e comeu a vovó de uma vez só. Foi no armário e vestiu uma camisola da avó, colocou os óculos e uma toquinha e deitou-se na cama da pobre velhinha. Chapeuzinho logo chegou e bateu na porta: toc toc toc. A porta está aberta, minha netinha, disse o lobo fingindo ser a vovó. Oi, vovó, nossa, vovó, você está doente mesmo, hein? Pois é, Chapeuzinho, muito doente, chegue mais perto. Que orelhas grandes a senhora tem, vovó? São para lhe escutar melhor, minha netinha. E que nariz grande a senhora tem? É pra lhe cheirar melhor. E que olhos grandes? São para lhe ver melhor. E que dentes grandes são esses? São para lhe comer melhor. E o Lobo Mau partiu para cima da Chapeuzinho, que correu em disparada: Socorro, socorro, alguém me ajude, o Lobo Mau está tentando me comer. Um lenhador corajoso que estava por ali trabalhando ouviu tudo e foi correndo acudir a Chapeuzinho. Pegou o Lobo e abriu sua barriga com o machado. Vovó saiu inteirinha de lá de dentro em um pulo. Ela ficou inteira de tão guloso que o lobo é. Depois de abraçar a Vovozinha e contar o que aconteceu para todos, o lenhador então disse à Chapeuzinho para nunca mais desobedecer a mãe e jamais conversar com estranhos. E a Chapeuzinho viveu feliz para sempre, obedecendo a mamãe e a vovó.
Fonte: Bruna Leitte Santana – Educadora Infantil

cena 2 – Metareciclagem parte um
Em reportagem do 100canais, de 18 de junho, Claudio Prado, coordenador de Cultura Digital do Ministério da Cultura, falou sobre uma tal de MetaReciclagem (leia reportagem na íntegra). Aquilo que, para os ouvidos dos repórteres e editores deste Núcleo de Jornalismo Cultural Independente, possa ter sido interpretado como novo, abriu precedentes para interpretações e acusações de estarmos relacionando a criação de um conceito livre à instituição de uma política governamental. Ativistas da MetaReciclagem dispararam comentários e ligações, questionando as fontes e o enfoque da cobertura sobre o tema. Imediatamente, encomendamos uma matéria complementar, para dar voz aos reclamantes, democratizando o direito de acesso a um veículo que, supostamente, difundiria sua queixa e sua versão sobre os fatos. Não logramos êxito, dada a confusão nos depoimentos dos militantes que acusaram nossa reportagem de ter dado ao Cláudio Prado ares de “pai do assunto”. Dado o tom já elevado de algumas acusações, o repórter autor do primeiro texto preferiu passar a bola para outro, e outro, e a bola quicou até a reportagem Repensando a rede a partir da rede (leia aqui), que foi publicada na semana passada.

cena 3 – “Deu a Louca na Chapeuzinho (ou A história nas versões do Lobo Mau, do Lenhador e da Vovozinha)”
Na animação Deu a Louca na Chapeuzinho (veja aqui), o clássico vira de cabeça pra baixo e ninguém, nem mesmo Chapeuzinho, escapa da investigação de um crime que quase enganou a lei. Tudo começa quando uma mistura de detetives e os três porquinhos policiais chegam à casa da Vovozinha para atender a uma denúncia. A princípio parece ser apenas outro caso comum do lenhador atacando um lobo vestido de vovó e de algumas acusações criminais, como invasão de domicílio, intenção de comer e o porte de arma (no caso, um machado) sem licença. Mas as aparências enganam. À medida que o detetive Flippers, o chefe de polícia Grizzly e o oficial de polícia Stork questionam os suspeitos, eles descobrem que cada um tem uma história diferente pra contar, embora todas elas sejam malucas. Além disso, parece que o crime tem a ver com um tal de “Goody Bandit”, que tem atacado os bosques para roubar as receitas dos bolinhos. Ninguém do grupo é o que parece. Todos eles têm segredos e truques. Os detetives logo descobrem que a inocente Chapeuzinho tem muita experiência no mundo, que o Lobo Mau é apenas um repórter terrivelmente incompreendido, que a Vovozinha tem uma vida secreta que ninguém imaginava e que o Lenhador tem algumas ambições surpreendentes. Tudo isso deixa as investigações cada vez mais complicadas e os investigadores terão que usar todos os depoimentos das testemunhas para tentar solucionar o caso e descobrir quem cometeu o crime.
Fonte: Grasielle Oliveira – RadarKids (leia aqui)

cena 4 – Muitas maneiras de contar uma história
Sob o prisma de dar voz à versão dos metarecicleiros a respeito da querela, (leia na íntegra), o repórter Guilherme Jeronymo, de pronto, pede desculpas pelo seu raso conhecimento sobre o assunto, antes de desconstruir – ao expor – todo o conflito do processo de produção jornalística sobre um fato e suas várias interpretações. Depois, tratou de concatenar, na medida do possível, a conceituação de metareciclagem de acordo com os depoimentos obtidos, mas a confusão nos depoimentos tomados junto a alguns militantes tornou a tarefa um aporismo. Por mais “chato” que seja um assunto, como comentou nosso leitor Mauricio Parma a respeito deste texto, a receita do bolinho de chuva, que queimou e virou tempestade, permanece compartilhada. A nossa versão de lobo mau, de lobo maluco, está declarada. Fica a torcida pelas descobertas das vovozinhas, se algum dia todos saírem do armário.

Cena 5 – O debate continua, ou morre!
No que depender do 100canais, esperamos que essa seja apenas mais uma das versões dessa história, e que tantas outras compartilhem dessa nova cena que se constitui. Neste espaço e em outros, entre tantas outras vozes… Estaremos sempre abertos a ouvi-las e confrontá-las com suas antípodas e com suas sinônimas, para que todos leitores, nós da redação inclusos, possamos criar nossos próprios entendimentos, inclusive a respeito de temas que sequer possuem uma conceituação clara e precisamente definida.

Os Editores


editor

2Comentários

  • elenara iabel, 7 de agosto de 2007 @ 12:33 Reply

    estou impactada! mas, abriremos a barriga do lobo e a vovozinha que foi comida à pouco ainda deve estar com vida.

    fraterni saluti…

    ah! metareciclagem não é politica governamental… e a confusão é vcs que estão fazendo… aliás, o simples é sempre dificil de entender, né? de aceitar…

  • Hudson, 7 de agosto de 2007 @ 12:56 Reply

    http://www.arede.inf. br………..fui……

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