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Morre Gustavo Dahl, ícone do cinema nacional

Recebo com muita tristeza a notícia de falecimento d0 cineasta, crítico e gestor público Gustavo Dahl. Apesar de conhecê-lo pouco, acompanho seus passos desde o histórico 3o Congresso Brasileiro de Cinema, comandado por ele, além da implementação da Ancine, como seu primeiro presidente. Recentemente estive com ele para uma entrevista memorável em razão da pesquisa e documentário que dirigi sobre a indústria cinematográfica gloal. Alguns trechos dessa entrevista estão publicados no site do Ctrl-V.

Argentino naturalizado brasileiro, Dahl foi ícone do Cinema Novo e atualmente ocupava o posto de gerente do Centro Técnico Audiovisual (CTAV) do Ministério da Cultura. Assistia a um fime na cidade baiana de Trancoso e tinha 73 anos de idade quando sofreu um infarto fulminante.

Diretor de diversos curtas e de três longa-metragens — O Bravo Guerreiro (1968), Uirá, um Índio em Busca de Deus (1973) e Tensão no Rio (1982) —, Dahl trabalhou como montador para realizadores como Paulo Cézar Saraceni e Cacá Diegues, mas ficou nacionalmente conhecido como o primeiro diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e por sua destacável atuação na Embrafilme na década de 1970. Sob sua gestão, a superintência de comercialização do órgão conseguiu fazer com que o cinema brasileiro representasse um terço do mercado nacional, cifra que nunca mais voltou a ser atingida.

Nos anos 60, graças a uma bolsa de estudos, Dahl embarcou para Roma e, no Centro Experimental de Cinematografia da capital italiana, aproximou-se de personalidades como Marco Bellochio e Bernardo Bertolucci. Poucos depois, esteve em Paris e presenciou a consolidação do Cinema-verdade francês.

Dono de uma escrita ácida e politicamente engajada, foi ensaísta e conquistou o posto de um dos mais notáveis teóricos do Cinema Novo. Seus textos foram publicados por diversos jornais do país e em revistas como Civilização Brasileira e “Cahiers du Cinéma“

Na década de 1980, Dahl presidiu a Associação Brasileira de Cineastas, o Conselho Nacional de Cinema (Concine) e o Conselho Nacional de Direitos Autorais.

* Com informações da Agência O Globo

Leonardo Brant

Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

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