Mostra Internacional de Cinema: Entre problemas e novidades

São 400 filmes, 17 salas de cinemas envolvidas, 33 anos de vida e um público de 200 mil pessoas. A Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, faz todos os anos, um festival de filmes de todo mundo numa maratona de duas semanas. Entre Pedro Almodóvar e o filme “Pixo”, sobre a movimentação dos pixadores em SP, a Mostra tenta revelar produções que o mercado ainda não encampou. Mesmo assim, os organizadores enfrentam problemas.

“No começo deste ano, tivemos que apelar para empréstimos pessoais para tocar a produção”, diz Renata Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema, para a reportagem da Folha de S. Paulo.

Segundo o crítico de cinema Leon Cakoff, este ano foi atípico na organização da Mostra, “havia a expectativa da mudança da Lei Rouanet e, além disso, todos os dias a palavra crise aparecia nos jornais. Já fizemos a mostra sem estrutura, mas voltar ao que era seria injusto. Há certas coisas, como a falta de legendas em português, que o público nem aceitaria mais.”

Mesmo assim, evento vai contar este ano com dezenas de convidados nacionais e internacionais, além de algumas novidades, como a Mostra Internacional de Cinema Online. Uma “sala de cinema” via streaming na internet e mais uma opção de programação, aberta a todo o território brasileiro.

A novidade

O streaming estará disponível para os 300 primeiros acessos, depois da primeira exibição do filme na programação da 33ª MOSTRA, no período de sua realização.

“Estamos lançando juntos o primeiro festival online do mundo. O Brasil está à frente dos outros países”, afirmou Hengameh Panahi, dona da Celluloid Dreams, produtora independente de cinema responsável por filmes vencedores dos grandes festivais, como Cannes 2009 (Um Profeta – Grande Prêmio do Júri) e Veneza (Hana-Bi, Lebanon, Leão de Ouro 2009).

Para assistir aos filmes em casa, de qualquer lugar do Brasil, basta ficar ligado na programação das exibições online e se cadastrar no site “The Auteurs” (s://www.theauteurs.com/festivals/29), comunidade da internet de filmes independentes e clássicos, parceiro exclusivo da World Cinema Foundation, fundação para a preservação de filmes presidida por Martin Scorsese.

Confira no final do texto a relação dos filmes e as datas em que estarão disponíveis no site.

Prêmios

Neste ano, a mostra conta com novas premiações. O Prêmio Itamaraty, do Ministério das Relações Exteriores, vai dar 90 mil em prêmios. Os eleitos serão escolhidos por uma comissão formada pelo Itamaraty e pela Mostra. São três categorias:

Longa-metragem de ficção, no valor de R$ 45 mil; Longa-metragem documentário, R$ 30 mil; E curta-metragem, R$ 15 mil.

O Canal Brasil também oferece um prêmio. Ele será concedido ao melhor curta-metragem brasileiro, no valor de R$ 10 mil. 

Os Estúdios Quanta contribuem, também, com R$ 10 mil ao melhor longa brasileiro de ficção e R$ 8 mil ao melhor longa documentário. Valores serão revertidos em locação de equipamentos dos estúdios.

Enfrentando problemas

O orçamento ideal do evento é de cerca de R$ 5 milhões. Segundo dados, a contratação da equipe, de cerca de 400 pessoas, consome R$ 1 milhão. O transporte de filmes e a mini-estrutura montada nos aeroportos custa R$ 350 mil. Legendas e tradução não saem por menos de R$ 200 mil.

Neste ano, o patrocínio veio de diversificadas as fontes. A Petrobras, patrocinadora do evento, por exemplo, já tinha acertado o patrocínio, mas, por uma série de dificuldades burocráticas relacionadas à Lei Rouanet, o dinheiro, simplesmente, não era liberado. O Unibanco, tradicional apoiador, também teve de rediscutir suas ações após a fusão com o Itaú.

“Não dá mais para ser assim. Precisamos do mínimo de garantia. Já ouvi empresários dizerem que, se não houver mais o abatimento de 100% de imposto na Lei Rouanet, não vão investir”, afirma Renata Almeida.

E por que a mostra não tem a existência plenamente garantida? “Será que o poder público acha mesmo que a cultura é importante, chamar de herói e elogiar não paga as contas. No fim, deu tudo certo. Mas é desgastante trabalhar com a incerteza.”

Vídeos:

Veja o trailler do Filme “Abraços Perdidos”, do diretor Almodóvar. 

E o filme “Pixo”, de João Weiner e Roberto Oliveira.

 

Confira os títulos e as datas de exibição online na programação da 33ª MOSTRA: 

13 MINUTOS, de Felipe Briso, Gilberto Topczewski (Brasil) – 24/10

AMOR EM TRÂNSITO, de Lucas Blanco (Argentina)- 24/10

BR3 (FICÇÃO), de Evaldo Mocarzel (Brasil) – 24/10

BR3 (DOCUMENTÁRIO), de Evaldo Mocarzel (Brasil) – 24/10

UM LUGAR AO SOL, de Gabriel Mascaro (Brasil) – 28/10

TIKIMENTARY, de Duda Leite (Brasil) – 24/10

À MARGEM DO LIXO, de Evaldo Mocarzel (Brasil) – 25/10

CORTEJANDO CONDI, de Sebastian Doggart (EUA, Reino Unido) – 26/10

DENTRO DA LEONERA, de Nicolas Bénac e Cedric Robion (França) – 25/10

MOMENTOS DE JERUSALÉM, vários diretores (Israel) – 27/10

NÓS QUE AINDA ESTAMOS VIVAS, de Daniele Cini (Itália, Argentina) – 24/10

FUTEBOL BRASILEIRO, de Miki Kuretani e Tatiana Vilela (Japão, Brasil) – 26/10

HUGO REI E SUA DONZELA, de Franco de Peña (Polônia, Venezuela) – 01/11

O PEQUENO INDI, de Marc Recha (Espanha, França) – 27/10

AQUILES E A TARTARUGA, de Takeshi Kitano (Japão) – 30/10

A CANTORA DE TANGO, de Diego Martinez Vignatti (Bélgica, Argentina, França, Holanda) – 28/10

O JOGO DO PAI, de Michael Glawogger (Alemanha, Áustria) – 28/10

TUDO QUE NOS CERCA, de Hashiguchi Ryosuke (Japão) – 24/10

SIRI-ARA, de Rosemberg Cariry (Brasil) – 02/11

REIDY, A CONSTRUÇÃO DA UTOPIA, de Ana Maria Magalhães (Brasil) – 29/10

O CERCO, de Toshi Fujiwara (Japão)  – 01/11

VENCER, de Marco Bellocchio (Itália) – 29/10

SEGUINDO EM FRENTE, de Hirokazu Kore-Eda (Japão) – 24/10

KALANDIA, HISTÓRIA DE UMA FRONTEIRA, de Neta Efrony (Israel) – 26/10

Fonte: Folha de S. Paulo e Mostra Internacional de Cinema