Tempos bicudos para quem vive de arte e cultura no país. Para mim, o maior termômetro disso, é que a sustentabilidade de empreendimentos culturais passou a figurar como a principal atividade da minha empresa de consultoria, a Brant Associados.
E como nem todos têm condições de contratar um consultor para este fim, resolvi abrir uma coluna chamada CONSULTÓRIO, que inauguro agora para falar de estratégia focada em negócios culturais.
Muitos são os motivos para se preocupar com a fragilidade do nosso sistema de financiamento à cultura. Mas nesta coluna não quero falar do que pode ser feito no país, na cidade ou no estado para resolver essa questão. Quero me deter no empreendedor cultural e o que ele pode fazer para aprimorar sua atitude de mercado, buscando estabilidade financeira para realizar suas funções.
A questão da sustentabilidade na área da cultura têm, como em qualquer outro negócio, a ver com a questão estratégica. E é justamente sobre a palavra estratégia que gostaria de debater neste artigo.
Muito usada mas pouco compreendida, a estratégia assume diversos significados, que acabam dissimulando sua real importância para o mundo dos negócios. Como a lógica da competição, da guerra e da concorrência não se aplica ao mercado cultural, essa palavra nos soa de maneira muito estranha.
Isso não significa que devamos abandonar a estratégia. Precisamos chegar a um termo de equilíbrio entre as técnicas de mercado, adaptando-as à lógica dos empreendimentos culturais, de trabalho colaborativo, em rede e de forma espiralar.
Como em qualquer outro negócio, o plano estratégico é aquilo que define e dá sentido ao empreendimento. E, ao mesmo tempo, constitui num plano de vôo, que indica os rumos do negócio. Num mercado que funciona à base de projetos, o exercício do planejamento estratégico torna-se muito mais difícil, mas vale tentar.
No próximo artigo, falarei sobre algumas ferramentas utilizadas para construir um planejamento estratégico, e como as utilizo em minha consultoria, adequando-as à lógica dos empreendimentos culturais.
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Brant,
Sabemos que ainda engatinhamos na profissionalização do mercado cultural.
A informalidade e o jeitinho são a tônica na maior parte dos casos.
Mas são iniciativas como o Consultório que contribuem decisivamente para que a Cultura e sua Sustentabilidade recebam a atenção, o investimento e a dedicação - políticas públicas, projetos privados - que de fato merecem.
O importante é entendermos como nos equilibrarmos entre o fazer artístico-cultural e o custeio justo desse empreendimento.
Parabéns e sucesso.
Silmar Oliveira.
Olá !!Necessito de maiores informações; sobre o curso e seu custo!
Saudações
Jussara Nascimento.
Muito bom, Brant.
Dentre os tabus abordados, a profissionalização para a cadeia produtiva da cultura vem em momento de crescimento acelerado. Importante pensar o fazer artístico como amálgama dos processos, embrenhado no desenvolvimento estragégico do país. Necessidade de interação direta com diversas camadas e setores da sociedade. Entender o que é o negócio, inserido na cultura, imerso na rede social como um todo. Perceber o diferencial, trabalhar o talento, sonhar, realizar, aprender, ensinar. Aprender a planejar é o processo de aprender a realizar os sonhos. Suster, amaparar, acompanhar, desenvolver, alcançar. Os verbos dão sequência ao trajeto do planejamento. No papel, o que a alguns parece tão estático é o mapa do próprio movimento.
Abraços.
É verdade...depois que adotamos o planejamento estratégico à nossa prática de gestão, nossa atuação se modificou...
Verdade Brant! O governo deveria apostar com este grande volume de dinheiro que tem hoje em mãos em estratégias para projetos estruturantes, principalmente aqueles de capacitação pensando na sustentabilidade das empresas culturais. E não em projetos emediatistas e políticos e que muitas vezes tem viez populista. Não são com triangulos e pandeiros distribuidos do Oiapoque ao Chui que vamos fazer CULTURA e mander as empresas culturais de pé neste país.
Caro Brant, Concordo com você. Falar de planejamento estratégico no mundo da produção cultural ainda é um tabu. Por favor, envie um endereço de e-mail para que eu possa disponibilizar um texto sobre o assunto: ONDE A CULTURA (ARTE) TOCA O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.
Obrigado Brant por mais essa contribuição com a coluna Consultorio. To aguardando o próximo
abs
Brant
ótima idéia!
Todos precisamos de "consultas" e às vezes de pronto socorro.
Incrível o crescimento da produção e mesmo da profissionalização da produção cultural nos últimos anos, mas ainda há muito a fazer. Grande parte de nossos colaboradores estão na área há muito e seu conhecimento é decorrente do processo, mas como trazer novos colaboradores, como formá-los, como propiciar atualização para todos nós?
Planejamento estratégico não é apenas tabu. Para planejar , criar estratégias, é preciso informação, auto-conhecimento e re-conhecimenrto do setor.
Por isso, são sempre bem recebidas iniciativas como esta do "consultório".
Parabéns
Ana Salles Mariano (TUCA - teatro da PUCSP)
Caros amigos,
Aguardo novo contato para que possamos trabalhar o planejamento estratégico aqui na nossa empresa. Administramos um Centro Cultural Privado, com um teatro, e estamos passando grandes dificuldades neste ano de copa de mundo e eleições. Ainda não captamos nenhum recurso para os nossos projetos.
O grande problema da cultura pela economia ou vice-versa, é que as regras da economia vão se sobrepor sempe ao sentido da cultura. E aí nasce uma obra econômico-filosófica pequena para a tão sonhada ideia de valorização da cultura. Esta elaboração fatalmente desloca a cultura de sua importância como introdutora do espírito da imaginação, aonde a expressão cultura ganha os princípios da crítica requintada.
Quando falamos de economia dentro da cultura, identificamos apenas o objetivo de um grande negócio, atingindo frontalmente e de forma bastante contraditória a nossa própria crítica quanto à valorização da cultura, sobretudo dentro das relações da produção aonde a nossa teoria de valorizar a arte como um instrumento potencial de infinita capacidade geradora de ideias desaba na incapacidade do mercado e suas rígidas regras de trabalhar dentro da mesma perspectiva.
É difícil ter uma perspectiva aonde o mercado ou a economia não personifique as práticas de um proprietário carregando debaixo do braço o regulamento de sua administração. Então, toda a prática sistemática dos seguidores do mercado deságua no universo que teoricamente deveria estar absolutamente livre. É neste ponto que deixamos a cultura fora da condição de sua existência singular e, ultrapassando o tratado das manifestações simbólicas nas quais se objetiva a nossa incansável luta por proteção, a transformação plural da palavra cultura nos joga na vala comum de uma mercadoria como qualquer outra.
Esta é a cabeça do anzol que nos faz suicidas quando tentamos falar da atividade cultural como objetivo de negócios. Não há pudores determinados quanto a transformar a cultura em negócio, o que se critica é que essa metamorfose, como o próprio nome diz, generaliza a cultura como mercadoria fora dos princípios da sua aplicação como uma atividade da sociedade que merece a proteção do Estado contra um sistema que, ao contrário da versatilidade, da pluralidade rebelde da criação artística, é objetivamente rígido e ignora quaisquer outras questões que não estejam na exatidão restrita dos degraus da ciência econômica, sobretudo a palavra geral que singulariza o neoliberalismo, "lei de mercado".
Olá Leonardo!
Aguardo ansioso seu próximo texto a respeito. Já faz tempo que publicastes este aqui!
Um grande abs.