A construção do Seminário #Procultura

Há mais de uma década a Brant Associados investe tempo e dinheiro no desenvolvimento de informação qualificada para o setor cultural, a partir deste Cultura e Mercado. Sem um modelo de negócios sustentável e com uma independência que assusta patrocinadores, anunciantes e governos, o site teve sua viabilidade ameaçada por diversos momentos ao longo de sua longa história. Mesmo assim, continua oferecendo conteúdo diário gratuitamente.

Recentemente, me envolvi com a criação de uma nova empresa, o Cemec, o primeiro centro de formação especializado em negócios criativos do Brasil, igualmente de difícil sustentação, pois depende unicamente da demanda de profissionalização do mercado criativo, ainda incipiente. Por outro lado, o modelo de negócios desenvolvido pelo grupo está 100% calcado na interdependência de suas iniciativas. A parceira entre Cultura e Mercado e Cemec para a produção do Seminário #Procultura é um bom exemplo disso.

Existe ali um modelo de negócios que possibilitou o financiamento da produção de conteúdos sobre o PL que revoga a Lei Rouanet e cria o Procultura, um tema de extrema importância para toda a sociedade, mas denominado pelo poder de comunicação do governo e de grupos de interesse. Um verdadeiro caso de financiamento coletivo, em torno de uma discussão que afeta diretamente a sobrevivência de agentes, empresas e espaços culturais de todo o Brasil.

O seminário #Procultura não é somente um evento. É também um conjunto de conteúdos, reportagens, entrevistas e análises que podem ser acessadas pelo site www.culturaemercado.com.br/procultura, que busca recuperar um debate contaminado por agendas ocultas. Acredito que tínhamos mais profundidade na discussão em 2002, quando elegemos Lula presidente, do que neste momento, depois de muito dito e pouco feito em torno da problemática apontada pelo próprio programa de governo do ex-presidente.

Não buscamos a construção de um campo neutro, mas de um ambiente de discussão civilizada, sem apropriações indébitas e palavras-de-ordem. Um debate mais profundo, em cima de algo concreto que é o Projeto de Lei atual. Quando resolvemos criar o seminário não existia o texto do Deputado Pedro Eugênio. Não criamos um espaço para ele se manifestar. A discussão seria feita com o texto da vez, seja ele qual fosse. Fomos felizes em agendar o seminário para o dia 19 de maio, justamente na semana que o deputado protocolará o PL na Câmara, que o encaminhará ao Senado. Tenho absoluta convicção que a data do evento não influenciou em nada o andamento do trabalho do relator. Foi apenas uma feliz coincidência.

A responsabilidade e os riscos (políticos, financeiros, mercadológicos) são todos do Cemec e do Cultura e Mercado. Do meu lado, acredito que há maturidade e vontade de diálogo, de construção de um projeto que atenda aos verdadeiros anseios da sociedade. Isso nós vamos ver e conferir no dia do seminário.

Não conheço o Pedro Eugênio, nunca participei de reuniões com ele para falar do PL. Convidamos oficialmente o deputado e o Ministério da Cultura e recebemos com entusiasmo a resposta positiva, que demonstra vontade de diálogo com os mais diversos agentes. A partir desse novo cenário, resolvemos promover um amplo debate sobre o texto, com participação de inúmeras organizações culturais parceiras.

Não somos fontes privilegiadas. O documento é público e poderá ser acessado por qualquer cidadão. O que teremos é a chance de debatê-lo em primeira mão, já que não existe outro seminário agendado sobre o tema.

Como base no penúltimo texto do PL, posso adiantar que teremos novidades muito importantes, como vínhamos apontando nas análises feitas até aqui. Ainda não estou em posse do novo texto, mas temos expectativa de mais avanços, inclusive em questões que vínhamos apontando.

A busca de um campo diverso e plural para discutir temas polêmicos como a Lei Roaunet, financiado pelos próprios agentes do setor, é uma experiência inédita que pretendemos estender. Sabíamos que estávamos mexendo em um campo minado, mas também sabíamos da importância do seminário para recuperar o ambiente de discussão e encontro entre os diversos movimentos culturais, separados por força e intenção de agentes que navegam melhor em cima da discórdia e do deusdará.

O seminário já conta com mais de 100 inscritos de todo o Brasil. Acabo de passar os olhos na lista e percebo que a discussão será qualificada. Será, acima de tudo, um ambiente de networking, como todos os eventos promovidos pelo Cemec. Quem não puder ir, terá acesso ao material audiovisual que produziremos e também poderá discutir o conteúdo pelas redes sociais, utilizando a hashtag #procultura.

Esperamos pelo menos 200 pessoas nas dependências da AASP e nos comprometemos a dar amplo espaço para discussão. Teremos 3 horas de aquário, com participação do público e de especialistas do quilate de Teixeira Coelho, Marta Porto, José Luiz Herencia, Fabio Cesnik, além de autoridades e organizações envolvidas com o tema.

* Inscrições abertas pelo site do Cemec.

** Prepare-se para o próximo seminário. Em setembro: #DireitoAutoral.

Leonardo Brant

Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

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