“Após o fim do banquete neoliberal das Comissões Irmanadas” servido em grande estilo pelos novos mestres da culinária conceitual, muito comum nas Empresas Patrocinadoras S.A. Vemos emergir com a habilidade de ator o monstro da Lagoa para tentar novamente dilacerar virtudes artísticas construídas durante séculos no sentimento humano do povo brasileiro.
Agora, a nova safra dos “Fulanos”, apresenta suas botas lustradas e seus “desembaraçados discursos de opinião iluminada”, tudo com uma admirável interpretação para nos brindar com mais uma aposta nas assombrosas concepções de um mercado cultural “azarão paraguaio”.
Sábios manipuladores como são na dilatação da imaginação alheia, apresentam detalhamentos de um book de empórios, só possível ao cardápio das elegâncias restritas dos “deuses do universo cultural” como num jogo de hábitos corporais, o que rotineiramente, como num rito do culto aos cultos, é chamado de, “Alta Sabedoria” nos salões das funções diplomadas.
Falam um idioma do futuro. NOSSA! Grifam um vocabulário universal. UPA!
Sim, até admito uma atitude razoável de lirismo, digamos, “podre de chique”. Mas convenhamos, tem horas em que somos acometidos por verdadeiros bombardeios de sofisma pret-a-portet.
Sei que andamos delicadamente para trás, na melhor das hipóteses, deliberadamente de lado nesses cínicos anos de Lei Rouanet. E podemos até dizer que viramos um parafuso espanado, gago, um tatibitate, um marca-passo nesse levante carnavalizado dos neoconstitucionalistas do mercadão de projetos.
A síncope-marcha-fúnebre de quarta-feira de cinzas em que nos encontramos agora, a “coroação da soberba” é tudo o que não precisamos. Corar batatas podres é operar uma indigesta ceia de derrocados ícones de modelo barbeiro.
Após os explicativos, manuais falidos que sugere a merco-mania-cultural, neutralizando a paixão com periódicos mata-piolhos-civilizatórios, os agenciadores da psiquiatria democrática, tentam agora, numa recauchutada e recarimbada panfletagem, recompor as energias na bacia das almas da “grossa corte”. Imaginem!
Os vocábulos deste novo produto? Aguardem, chegarão com fartura, cheios de efeitos e surpresas. É só uma passadinha na memória do museu da palavra e pronto, a receita desta nova sopa de distúrbios estará na mesa dos filhos das “Sagradas Famílias”.
O caldo dessa nova receita irá, sem qualquer sombra de dúvida, nos brindar com pérolas de uma cantilena cheia de redondilhas aconselhadoras. São mestres por excelência na seara das antologias liberalizantes, um dom herdado da milenar e universal dinastia e, no Brasil, encontrou céu límpido para zarpar para as estrelas do pão açucarado da velha Guanabara e, de lá, após se desmaterializar, nosso herdeiro do olho clínico incorpora outro vidente dos negócios virtuosos.
A papa fina de “macaco velho” com fibras de “comigo-ninguém-pode” é um estímulo a um intestino ativo, um perigo nestes tempos pálidos e cinzentos de liberdade criativa.
As atitudes de farejadores-mestres da “prestimosa contribuição” público-privada, com o enigmático novo saber, nesse ambiente de obscuridades, querem repetir sórdidas e turvas tragédias incitadas cotidianamente contra os sentimentos do povo brasileiro, com um cinismo cáustico e sereno.
À sombra de uma “moqueca de bananas”, para o povo, esconde-se uma poderosa “Padroeira”, a ironia neoliberal, arma dos laicos da terceira pessoa do plural, um crepúsculo de “técnicos”, um campo sem luz, sem gestos maxixados que camufla, na discreta pamonha, uma explosiva mistura de pimenta com estriquinina.
Devemos ter muito cuidado com a bandeja “qualitativa” servida nos jantares da nova denguice de Madame. Outrora a mesma deu como falecido, tentando enterrar vivo os sentimentos e as escolhas honestas da sociedade.
Isso é um feitiço! Avisam os velhos jongueiros em suas ricas metáforas!
As substâncias dos efeitos sonoros das neologias de domínio não vêm escritas na testa dos garçons. Engolir as novas receitas sem saber o princípio ativo e o preço fixo, pode, outra vez, sair caro para o contribuinte e para a saúde da cultura brasileira.
Os intermúndios, os generais da reencarnação universal, andam À solta. Meditativos, os Príncipes escondem-se em fitas confetes e serpentinas. Pintam os corpos com as mesmas cores dos figurões humanistas dos medalhões premiados para camuflar as suas ideologias carregadas de dogmas “científicos”.
Esses “oficiais conselheiros”, evidentemente fantasiados de “Gentileza” são mestres em garantir que as manteigas de seus pães estejam sempre e estrategicamente viradas para a lua na hora da queda do alimento sagrado.
Jamais enfrentam o cortejo do povo à luz do dia, ao contrário, jogam lança-perfume nas manifestações do povo dando salvas com salientes e pitorescos rojões. Mas nos bastidores…
Mas nós que sentimos aquele “bafo quente na nuca” no dia a dia, na luta pela sobrevivência artística, sabemos que nem reza braba, alho e cânfora, são capazes de afastar os curupiras culturais do nosso cangote.
É bom ficarmos de bacamarte na mão, numa vigília menos alegórico-festiva e mais prudente, sobretudo nos subliminares códigos contidos nas orientações dos pastores da seita de fanáticos pelo lucro fácil.
A chanchada encenada com “borlas de ouro” em disparates a qual assisti ontem em “Campo Florido”, num destes paraísos de inverno que promovem a adoração das múmias do império e seus delírios românticos da belle epoque escravocrata, tilintou um alarme em meus sentidos com as golfadas conceituais de um destes conselheiros profissas, que oferecia a herança dos Barões aos que o aplaudissem.
Profético como de costume, o conselheiro dessa cultura da salada de “lucro com lucro” que nos seve sempre “pão com pão”, já estava com as mãos na massa de um possível novo banquete público/privado.
Ele, com aquela elevação nabiça, exibia o bife no garfo. Eu fiquei com cara de tacho, assustado com a capacidade de regeneração de reformulação de uma nova agenda para o continuo ganho fácil, uma especialidade inconteste do mestre.
Sábio e prosa como só, ele já estalava os suspensórios da gorducha pança e mantinha a mesma oratória pastoral para um agitado rebanho de agentes culturais marginais do sistema. Sistema este em que ele, “O Mestre” é o centro-avante, artilheiro do campeonato da captação da verba da Lei Rouanet no tapetão.
Mas parece que este notável conferencista de prancheta nas mãos e ampulheta no punho, com sua habilidade de “Salvador de Itaguaí” e de formulador da “publicação autônoma”, exerceu mesmo fascínio nos dedicados de “corpo e alma”.
Ele, “O grande ilustre” um enigmático personagem cheio de segredos magistrais, fazia vibrar a platéia com lembranças modernistas, tudo com o tempo milesimamente medido para deferir falácias e bradar prêmios lotéricos aos novos súditos, com um dialeto elegante, magro de argumentação, mas gordo em pleonasmos cabeludos, numa centopéia de palavras intermináveis. Privilégio dos gênios.
Mas incrivelmente, o frenesi naquele espírito de “oficina empresarial” era geral, estava estampado nos olhos da platéia.
Falei pra meus ânimos a essa altura inópios, esta “sala de opiniões” é o retrato da nossa excepcionalidade critica, nós artistas viramos uma bola de bilhar, ou talvez o “ovo rosa” da birosca do Mané nas mãos desses monges da terceira visão.
Vi ali o quanto a arte brasileira estava sendo deteriorada pelo mercado público/privado de consumo, pelo sentimento de posse, pela cultura do lucrinho, pela gula do doce pecado capitalista, pela barraquinha da feirinha de negócios.
Tentei então uma ironiazinha de picadeiro naquele deserto de imaginação, e nada. As invejáveis proporções do nosso “Vale do Cilício Cultural” vendidas pelo “conselheiro da reencarnada corte”, já haviam contaminado com sua trombeta imperial os “muito sérios” da expansão arrebatadora que já mostrava automaticamente os dentes raivosos aos céticos.
Imediatamente me veio a célebre frase de Drumonnd: “A mentira iluminada pela inteligência tem o esplendor que a verdade não possui”.
É incrível como os ciúmes desaparecem na hora que as arquiteturas pirotécnicas são erguidas como o caminho do ouro. Aquele discurso jurássico tinha um apelo hipnótico como o de um professor de cursinho pré-vestibular, cheio de ensinamentos de macetes para enfrentar a prova derradeira.
Um discurso metafísico, de contornos figurados proferido por um “figurão”, num ambiente decadente de “guarda livros” da antiguidade mórbido-chique com alma da aristocracia cafeeira. Uma vanguarda da filosofia neoliberal e suas substantivas visões do valor agregado.
Tudo com as habituais meias verdades. Mas suas inenarráveis profilaxias mercadológicas e conceituais encantavam os presentes, e não foram poucos os calorosos gritos de “IÇÁ”! IPIURRA! Ouvidos durante a locução do, digamos, performático gestor de uma dúzia de truques vulgares e banais, mas…
Tudo isso me remeteu obrigatoriamente a uma responsável reflexão.
Aonde esta o melindroso fio desta meada?
Meu Deus! Que entusiasmo cômico-patético é esse desses infelizes moribundos?
Que lógica oriental dessa safra zen ostenta a esquizofrenia do protocolo ambiental dos débeis do pesque-e-pague de trutas?
Que fermento é inserido neste bolo de fatias tão díspares e estéreis que se fazem tão apetitosas para os eternos tolos adoradores da porcelana imperial?
Será que esses caçadores de duendes falam a língua dos infelizes mortais?
Esse português figurativo que dá ares de herói a um misericordioso invasor em plena guerra tem mesmo magia suficiente para vedar os olhos dos deslumbrados? Ou está mesmo tudo perdido na independência intelectual com essa febre beija-mão-rapa-pés das Vossas Senhorias?
Cada coisa que escuto que quase caio de costas! Com a cara de pau de quem vende e a cara de bobo de quem compra. Então me pergunto: que Napoleão é esse que comanda um exército de zumbis? É óbvio que essa legião de sábios contemporâneos é a válvula de escape de uma classe desfigurada pelo sentimento de consumo e prazeres da moda.
Mas péra lá! Desvendar essas armadilhas inglesas com seus lixos tóxicos, não é uma tarefa das mais difíceis.
Desbaratar as facções de credenciados pelos sobrenomes “Scorzelli Rattes”, por exemplo, não é assim uma peregrinação de sacrifício democrático.
Então, por que a ciência não descobre logo uma vacina contra essa febre charlatã?
A revolução cultural deu a sobremesa científica como presente de grego aos desavisados da congregação da Irmandade de São Duchamp?
A nobreza nativa e a burguesia assalariada do “Piano-blues” que sonham com a monarquia estão de acordo com as compras, com as notas fiscais e a direção desta montagem? Ótimo!
Então, os guerrilheiros deste “passa-fora” que querem dar um “basta” na nata mercantilista dos “acadêmicos do “oba-oba” têm que completar a jornada dos seus ancestrais e botar o bloco na rua, trabalhar de sol a sol para esticar o couro e fazer o surdo de marcação segurar o repuxo da cadência da Velha Guarda, firmar compasso e esculpir um novo horizonte cantando o samba “Plataforma” de Aldir Blanc e João Bosco.
Não põe corda no meu bloco
Nem vem com o teu carro chefe
Não dá ordem ao pessoal
Não traz lema nem divisa
Que a gente não precisa
Que organizem nosso carnaval
Não sou candidato a nada
Meu negócio é madrugada
Mas meu coração não se conforma
O meu peito é do contra
E por isso mete bronca
Neste samba-plataforma
Por um bloco que derrube este coreto
Por passistas à vontade
Que não dancem o minueto
Por um bloco sem bandeira ou figurino
Que balance e abagunce
O desfile e o julgamento
Por um bloco que aumente o movimento
Que sacuda e arrebente
O cordão de isolamento
Não põe no meu.
Isso que aí está lanternado e sendo vendido na praça como um trem bala dos novos modelos de gestão, nada mais é que a velha Maria Fumaça inglesa dos liberais da Praça Mauá que, durante os intermináveis anos de Lei Rouanet, patrocinaram o discurso carvoeiro do desenvolvimento desregrado em nome dos negócios do grande capital.
Marmanjões engraçados de um lado, nativos de nudez casta do outro e, no meio disso tudo, o atordoado cidadão esperando na fila a sua vez de entrar no banho de loja e se purificar na higiene humana.
O que mais me encanta na redescoberta da Ilha de Vera Cruz, é a celebração do “novo”, do ineditismo que dá as costas para a História do Brasil e não quer perceber o estado de espírito da sociedade, a atmosfera cosmopolita que há na regência do próprio povo.
Os novos conselheiros das artes, dos negócios das artes, das célebres manobras habitam um outro planeta, respiram os ares de uma “comunidade de máscaras brancas”. Portanto, o experimental é, na verdade, um atrapalhado sistema mal copiado, porcamente decalcado, comandado por um empresário fanfarrão e um gestor espertalhão que entope vias, ergue muralhas, perpetua a ignorância de grupos sociais inteiros que vivem economicamente acima da media e tira-os da condição de habitantes do país.
Simplesmente não há rostos nessas cegas políticas, não há espírito nessa aldeia desumana do cozidão cultural. Ascender socialmente é o mote do flagelo que o desespero inculto oferece através dos “pais culturais do Brasil”.
O preço de tudo isso ainda não se sabe. Os defensores do que é “certo” em cultura, provavelmente têm ciência do quanto vai custar para o país essa particular troca de estupidez. Cada cabeça dessa fábrica de preconceituosos, da autonegação, da categoria coletiva e suas riquezas culturais “in gloria”, tem um determinado valor negativo, mas o custo real da “tradicional vivenda dos sábios” para a sociedade ainda é uma incógnita.
A vertigem anarco-oportunista é o seio das maiores verbas que a Lei Rouanet oferece. É uma sutil não-dinâmica que evolui no sentido anti-horário.
O mundo moderno oferecido na troca de inutilidades, como um buquê de futilidades é o da véspera do primeiro aniversário de D. João em terras brasileiras.
Acho que já chega, não é?
Em todo o Brasil, a fila dos minimamente sinceros que ficaram de fora da fartura cerimoniosa, está deslocando os índices de desemprego artístico numa intensidade assustadora.
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