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Obama pode criar órgão público para a cultura


Com a redução de investimentos em produções artísticas nos EUA, setor cultural cobra do novo governo a criação de um cargo equivalente ao de ministro da Cultura.

Como em muitos países, a crise financeira já começa a atingir o setor cultural norte-americano. Segundo matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em média, as doações a fundações culturais tiveram queda de 30% a 35% em 2008 na comparação com 2007. Os cálculos foram divulgados pela consultora da Rockefeller Philanthropy Advisors, Melissa Berman, que declarou na mesma matéria: “As [fundações culturais] que tinham fundos investidos com Bernie Madoff simplesmente desapareceram”.

Com essa queda, sofrem desde museus, que realizaram cortes entre 5% e 20%, de acordo com levantamento do “Art Newspaper” nos 50 maiores, até orquestras e óperas, como por exemplo, a Metropolitan Opera de Nova York, que eliminou 10% dos salários; a de Los Angeles reduziu 25% dos gastos; e a de San Francisco diminuiu o número de apresentações.

Até as áreas consideradas “à prova de recessão” registram os primeiros golpes, como Hollywood, que viu a bilheteria nos EUA e no Canadá cair de 1.4 bilhão de ingressos vendidos em 2007 para 1,36 bilhão em 2008, e a Broadway.

Neste cenário, a classe artística norte-americana se empenha em um projeto de criação de um cargo equivalente ao de ministro da Cultura, isto é, um “czar da cultura”,  responsável pelo setor com acesso direto ao presidente, inexistente na atual estrutura do Executivo dos EUA. O mais próximo seria o presidente do National Endowment for the Arts (NEA), fundo federal de apoio às artes com orçamento anual de US$ 145 milhões (ou R$ 333 milhões) – o do MinC brasileiro é de R$ 1,35 bilhão. O posto é político, e o sucessor do indicado por George W. Bush ainda não foi anunciado pelo democrata.

Além da missão de cuidar de assuntos como incluir, no pacote de estímulo econômico de US$ 825 bilhões do governo, uma fatia para a cultura, o “czar da cultura” defenderá os representantes de um setor que responde por cerca de 6 milhões de empregos e injeta US$ 167 bilhões na economia dos EUA todos os anos, segundo números do grupo de lobby Americans for the Arts. 

Abaixo-assinado
O principal defensor do novo cargo é o músico Quincy Jones, que levou abaixo-assinado com 200 mil nomes ao novo presidente no dia da posse. A idéia foi vista com simpatia pela Casa Branca, e uma decisão deve sair nas próximas três semanas.

O pedido de Jones ganhou o apoio de William Ivey, ex-presidente do NEA, que coordenou a área de cultura do governo de transição e avaliou que houve um descuido do setor nos oito anos de Bush. “Se a tarefa [de recuperação] requer a consideração de uma nova agência governamental – um departamento de assuntos culturais com nível ministerial-, que seja”, declarou ele.

* Com informações do jornal Folha de S. Paulo – Sérgio Dávila.

Redação

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  • Esta é uma grande e oportuna ideia, acredito que, com acriação de um orgão assim, a arte e cultura nos Estados Unidos terá um maior respaldo e poderá criar grandes programas que certamente countribuirá para o desenvolvimento humano dos seus cidadãos.
    Após viver por 20 anos na América do Norte, vejo, pela primeira vez um, possivel, verdadeiro renascimento das artes nos EUA.

    Elisio Pitta
    Coreografo, Diretor Artistico

  • O ministério da cultura nos States é a própria sociedade.
    No Brasil do fim da década de 40, dos anos 50 e início dos anos 60 a sociedade civil , de ricos e apenas remediados e até professores tiveram grande participação no apôio financeiro às iniciativs culturais. Matarazzo criou a Bienal, dando ao país um status de representatividade internacional no eixo São Paulo, Paris e Veneza.
    As produções culturais nos Estados Unidos sempre tiveram um grande estímulo da sociedade civil através da iniciativa privada, de individuais e numerosas fundações/instituições, etc. É impressionante o numero de
    organismos dedicados às questões artísticas, de apôio a projetos,
    museus e .artes e artistas de várias áreas. Um verdadeiro e espontaneo voluntariado. cívico dos ricos e nem tão ricos, pois naquele país não se é rico à tôa - tem que pagar impostos altíssimos, ou então discontar do imposto a ser pago ao governo através de ações sócio-culturais, como distribuição de bolsas para jovens cientistas, artistas, pesquisas, e apõio a museus, orquestras universitárias.
    Esta crise financeira irá abalar pouco o apôio da sociedade civil à cultura., sem afecções graves..
    Se o presidente Barack Obama criar um cargo de ministro da cultura para seu governo,, não será por causa da repercussão da crise financeira,, que de resto pouco abalará o sistema já existente, que é praticamente autônomo, de uma sociedade que produz e financia sua própria cultura..
    E em que pese a independência desta sociedade, a produção cultural é interesse de estado, assunto de nivel político e significadamente representativo.. O cargo de ministro da cultura nos Estados Unidos poderá, indiretamente, melhorar ainda mais o padrão de representatividade do país para alem fronteiras, atrair mais artistas estrangeiros para irem viver e trabalhar no país, pois produções culturais contemporaneas são qualidade de vida, e arte sempre foi a melhor embaixada, ou "Missão Cultural".
    Em qualquer época..
    E..
    .

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