Categories: DESTAQUENOTÍCIAS

Os primeiros meses de Vale-Cultura

O Ministério da Cultura divulgou nesta semana os resultados dos primeiros meses de utilização do Vale-Cultura, que foi regulamentado por decreto em 27 de agosto de 2013. Com mais de 215 mil cartões emitidos, o consumo chegou a R$ 13,7 milhões, sendo que 88% desse valor (R$ 12,1 milhões) refere-se à aquisição de livros, jornais e revistas.

“Este resultado reflete a aposta das redes de livrarias desde o início do programa”, informa o MinC em nota. “Daqui para frente, o Vale-Cultura deve apresentar crescimento nos cinemas. As grandes redes de exibição (multiplex) estão aderindo ao programa.”

O cinema está em segundo lugar no ranking de consumo com o benefício até agora, com 9% (R$ 1,2 milhão), seguido de longe por aquisição de instrumentos musicais e acessórios, com apenas 1,31% (R$ 180 mil). Compra de discos, CDs e DVDs, ingressos para teatro e espetáculos, cursos de arte, visitas a museus e criação artística também aparecem, com menos de 1%.

“Uma maior disseminação do programa deve ocorrer na medida em que os sindicatos incluam o Vale-Cultura nas negociações de data-base de suas categorias”, informa o Ministério. O programa não tem caráter obrigatório para as empresas, como ocorre no vale-alimentação. Após adesão das empresas, os trabalhadores devem se cadastrar para começar a ter o benefício.

Nove mil estabelecimentos aceitam hoje o Vale-Cultura como forma de pagamento. Mas o MinC tem se movimentado no sentido de aumentar esse número, além dos beneficiários. Já são mais de 712 mil trabalhadores cadastrados, mas segundo disse a ministra Marta Suplicy ao jornal O Estado de S. Paulo, as operadoras ainda estão demorando para mandar os cartões, enquanto as empresas demoram para distribuir os que já chegaram.

“Se 200 mil gastaram R$ 13 milhões, imagine o que quase um milhão de pessoas vão consumir. O Vale-Cultura mexe em toda a cadeia produtiva cultural. E a cultura tem impacto enorme na economia”, disse Marta.

Embora não haja metas de desempenho – o que se divulgou foi o limite de incentivo fiscal liberado pela Receita Federal: R$ 1 bilhão para todo o ano de 2014 -, a ministra afirmou que o programa tem potencial para atingir 5,1 milhões de empresas do país e beneficiar até 42 milhões de trabalhadores. “Isso pode injetar na economia R$ 25 bilhões ao ano”, diz Marta.

A distribuição geográfica também ainda precisa ser maior. O Sudeste aparece hoje com 65% dos cartões distribuídos. Nordeste e Sul empatam com 11%, enquanto Norte e Centro-Oeste têm, respectivamente, 7% e 5% dos beneficiários.

Nesta semana foram anunciadas negociações com a Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores e a inclusão do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), e do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR), na lista dos que aceitam o vale como forma de pagamento do ingresso.

Operação – A Ticket faz um balanço positivo do trabalho até o momento. “Entendemos que, como se trata de um produto novo, muitas companhias ainda estão em fase de adaptação e compreensão do benefício. Nesse quesito, trabalhamos ativamente com a conscientização das empresas-clientes, destacando a importância do desenvolvimento pessoal e intelectual do colaborador”, afirma Leandro Prado, Gerente de Estratégia e Marketing do Ticket Cultura, que conta com mais de 60 mil usuários.

Prado diz que a adesão tem seguido as expectativas do mercado e que o número cresce mensalmente. “Percebemos que muitos usuários vão conhecendo o benefício através dos colegas que já aderiram e ficam interessados em aderir também.”

Os usuários do Ticket Cultura seguem as tendências divulgadas pelo MinC: as livrarias captaram cerca de 84% dos gastos, seguidas dos cinemas, com 12%.

O Ticket Cultura já é aceito também como forma de pagamento em e-commerce, por isso parte do dinheiro já foi gasto via compras online. Em três meses, o Shopping Ticket Cultura, canal e-commerce exclusivo da Ticket que reúne os produtos culturais de parceiros, teve mais de 1.700 vendas efetivas com o benefício. A empresa tem trabalhado em parcerias com o objetivo de valorizar a relação custo x benefício do produto, oferecendo promoções que variam entre 5% e 50% de desconto, exclusivas aos usuários cartão.

“Neste momento, no qual o produto ainda é novo no mercado, nosso papel educacional é fundamental. Contamos com equipes preparadas para passar instruções sobre a importância de aderir ao benefício, informando sua relevância na motivação dos colaboradores e retenção de talentos. É fundamental para o sucesso do programa que os gerentes de RH entendam o por que de oferecer o benefício e quais são suas vantagens para os negócios”, defende Prado.

Leia mais:
Vale-Cultura: dos livros ao circo
Para fazer valer a cultura

*Com informações de O Estado de S. Paulo

Mônica Herculano

Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

Recent Posts

MinC lança nova versão do Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura

Fonte: Ministério da Cultura* Entraram no ar, na semana passada, as primeiras atualizações, melhorias e…

15 horas ago

Programa Jovens Criadores, do Theatro Municipal de São Paulo, recebe inscrições

As inscrições para bolsistas na 5ª edição do Programa Jovens Criadores, Pesquisadores e Monitores estão abertas até…

5 dias ago

Edital AMBEV Brasilidades 2025 recebe inscrições até outubro

A AMBEV está com inscrições abertas para o edital Brasilidades 2025, com o objetivo de…

6 dias ago

Museus de São Paulo selecionam projetos artísticos para compor sua programação cultural em 2025

O Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Futebol estão com editais abertos para…

6 dias ago

Pesquisa revela que atividades culturais melhoram saúde mental dos brasileiros

Fonte: Fundação Itaú Divulgada essa semana, a quinta edição da pesquisa Hábitos Culturais, sobre o…

2 semanas ago

Governo de São Paulo recebe inscrições em 3 editais para Pontos de Cultura

Estão abertas, até 05 de fevereiro, as inscrições em três editais para Pontos de Cultura…

2 semanas ago