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Pedro Berti ganha bolsa para o curso O Poder da Cultura

A comissão formada por integrantes do Cultura e Mercado e pelo Cemec – Centro de Estudos de Mídia Entretenimento e Cultura, decidiu há pouco agraciar o colaborador Pedro Berti por um conjunto de comentários durante a semana.

A avaliação do processo foi considerada positiva pelos parceiros, que pretendem desenvolver mais promoções conjuntas. “A promoção permite, ao mesmo tempo, enriquecer o debate no Cultura e Mercado e qualificar as contribuições no curso, que é baseado em diálogos e discussões”, afirma Daniele Torres, gestora do Cultura e Mercado.

A organização parabeniza Pedro Berti e deseja vê-lo com mais frequência no site. Leia a íntegra dos comentários:

Política e Cultura, de Erlon José Paschoal

De acordo, totalmente, com o Erlon. E ainda nesse sentido e fazendo uma ponte com o teatro, que é uma das grandes formas da manifestação cultural, cito Walter Benjamin, que reflete sobre o Teatro Narrativo e a partir desse ponto podemos extrapolar para todo o universo cultural, e entender um pouco mais esse papel da cultura nas sociedades.
“No interior de um corpo social, estabelece-se um imaginário comum de mitos, crenças, histórias e memórias que vão sendo transmitidas das experiências individuais para o repertório coletivo. Cabe ao artista/narrador perceber, espelhar e criar novas imagens, histórias e crenças que vão integrar o imaginário de sua época.”(Trecho de “O Narrdor” de W.Benjamin)

Acompanhando o pensamento de Walter Benjamin em seu ensaio “O Narrador”, vemos que o processo histórico levou as sociedades contemporâneas a um distanciamento da experiência do viver em coletivo, da noção de corpo social. Acarretando um individualismo exacerbado que acabou empobrecendo o fazer teatral e a sua via de comunicação com o público. O reflexo a esse individualismo crescente no Teatro é o seu afastamento cada vez maior de um Teatro Épico/Narrativo, que discorra sobre personagens e situações que dizem respeito a um coletivo, se tornando um Teatro Melodramático trabalhado sobre questões que dizem respeito a trajetórias individuais.
Partindo do princípio que o Teatro é sempre uma experiência coletiva de identificação e reflexão de uma sociedade a respeito de si mesma, uma sociedade individualista produz um Teatro distante da sua função primeira, de: Espelhamento > Reflexão > Transformação Coletivo Social.

Compartilhando ainda do pensamento de Walter Benjamin, a Narração (e a cultura no seu âmbito geral) é uma das grandes formas de se transmitir o conhecimento e dividir uma experiência. E através da transmissão de conhecimento e sabedoria dos Narradores (e da cultura), que uma sociedade passa a se conhecer, se fortalecer, criar uma memória e uma identidade.

Cultura do Automóvel, de Leonardo Brant

Focalizando na proposição do automóvel como sustentáculo simbólico desse nosso ‘desenvolvimento’, esta é realmente capaz de nos entristecer, de nos enbrutecer, dizendo por mim. Poderia aproximar esse tema à utilização da camisinha, pode parecer intangivél tal comparação, me prestarei a esclarecer em poucas linhas. Não nego os benefícios de um ou de outra, no entanto, em ambos casos o que me toca mais profundamente é o distanciamento e as atitutes egóigas que ambos possibilitam. Não estou forçando, de forma nenhuma, ao meu ver, essa aproximação, apenas constatando por observações pessoais. O carro nos excluí de um convívio social, de uma troca com o meio, de uma relação pessoal com nossos convivas e possibilita criar a falsa idéia de proteção, de superioridade em relação às condições sociais, cria-se um universo paralelo, que passa anestesiado pela paisagem urbana, e anestesia quem está dentro. Enbrutece, pela solidão que gera, pela ignorância das casualidades da rua, dos transeuntes, pelas notícias populares, por deixar de conhecer os problemas e alegrias que aflige o seu próximo. Da mesma forma a camisinha, que através da sua propriedade isolante, vinda da borracha, limita essa troca, enbrutece e leva à ignorância do seu próximo. E ainda permite toda essa coisificação da sexualidade, a mulher/homem objeto, e com razão porque o meu/minha parceiro(a) é de borracha, e posso a qualquer momento me dar a outro, consumir outro, quanto mais melhor, indiferente à solidão que essa atitude leva, não se troca, não se entende. Não uso nem um nem outro, valorizo, por mais difícil que possa parecer, os onibus superlotados, me sinto parte da cidade, porque eu, que financeiramente poderia, vou me excluir? Isso me traz solidão, me leva a uma relação vazia. Da mesma forma com a camisinha, posso deixar de me relacionar, mas não me relacionar de forma vazia, tirar o sentido da coisa, coisificar o sentido. É isso, me sinto muito bem com essas convicções, por mais que viva numa cidade ou sociedade que valorize o contrário e nesse sentido, me basto.

O virtuosismo acadêmico e suas grifes internacionais, de Carlos Henrique Machado Freitas

Carlos, me provoca no seu texto sua busca por uma categorização, ora do comportamento dos ‘acadêmicos’, outrora do próprio humor do país, quando o coloca como sendo ‘extraordinariamente alegre’. Acho que seria um contraponto válido para essa discussão, avaliar uma questão temporal, ou de processo, onde um organismo passa por transformações e em um determinado momento apresenta características diferentes de num momento subsequente, não me referindo, tampouco, à linearidade. Acredito que muitas questões são tão recentes e dinâmicas que dificultam, ou mesmo impossibilitam, um tomada de decisão certeira e inequívoca. Mais importante, talvez, seja avaliar a trajetória e a velocidade das mudanças. Um país-povo-cultura com tamanha diversidade e influências, inserido em um contexto socio político em formação, me referindo também aos países vizinhos, além de todas as demais questões ‘globais’ nos aflige, me leva a acreditar ser ‘natural’ a existência de muitos tropeços pela incapacidade de distiguirmos nossas próprias pernas. Vejamos quais sociedades estão/são mais ‘evoluídas’ e logo apontaremos diversas brutalidades que lhes tocam ou tocaram, estejam elas no passado ou no presente. Não poderia ser menos complicado nosso crescimento, estejam elas latentes, no entanto, não podemos deprezar o amadurecimento. Ao Brasil hoje lhe é atribuído grande relevancia no contexto continental e mundial, não podemos negar. Também ‘natural’ a esse momento político, no sentido mais amplo, é o aprimoramento das ‘regras sociais’, das legislações, e ainda maior é a valorização da cultura em um processo como esse. Nosso maior ativo é a cultura, ainda maior do que a própria exuberância das florestas que abrigamos, e inevitável será o reconhecimento. Ou apenas uma visão positivista.

Alberto Benfica

Jornalista e colaborador de Cultura e Mercado.

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