“O intercâmbio, a troca e a experimentação: a residência artística é um movimento de se deslocar no tempo e no espaço para encontrar o outro, entendido no sentido literal, mas também o seu ‘eu-outro’, aquele que você só encontraria a partir da experimentação, da pesquisa e da reflexão.”
O levantamento foi produzido a partir de uma pesquisa entre usuários de ações e premiações da Funarte e demais interessados, por meio de questionário online, e sistematizado de forma a oferecer informações sobre onde estão localizadas, como funcionam, como se financiam e quais são os públicos envolvidos e beneficiados pelas atividades de residência. Além disso, também buscou conhecer quais os segmentos artísticos contemplados e quais são os processos e produtos resultantes das experiências.
“Durante a realização do II Encontro de Políticas para as Artes, em 2012, já havíamos percebido que o tema das Residências Artísticas era uma constante nos diálogos com os artistas e gestores de cultura. Isso veio a se confirmar em 2013, na organização dos documentos em vídeo e texto frutos daquele evento”, conta Ester.
Inicialmente, a pesquisa contou com 690 cadastros. Desses, 360 preencheram o formulário na íntegra e 191 foram validados no resultado final – não foram considerados aqueles que não completaram a questionário ou que não tiveram experiências de residência no período anterior ao da pesquisa. “Acreditamos que esse trabalho será um estímulo para a constituição de novos campos de pesquisa e ação, tanto para a Funarte quanto para os demais setores públicos e privados envolvidos com ações de residência”, diz Ester.
Até 2006, havia cerca de 20 atividades de residência artística sendo desenvolvidas no Brasil. Esse número chegou a 92 em 2010 e a 129 em 2013. O Sudeste concentra 42% dos programas, seguido do Nordeste (20%), Centro-Oeste (16%), Sul (12%) e Norte (10%). Do total, 46% das residências estão situadas nas capitais; 53% fora delas.
Com relação aos estados, São Paulo tem o maior número de residências artísticas do país (50), seguido pelo Rio de Janeiro (30) e Minas Gerais (16). Ceará e Rio Grande do Sul contam com 10 programas cada.
Cinquenta e cinco das instituições que promovem programas de residência artística são empresas privadas e 42 são ONGs. Na sequência, somando 39 organizações, há associações de artesanato, ateliês, coletivo e grupos artísticos, pontos de cultura e produtoras, entre outras formações com ou sem regime jurídico. Apenas três são fundações públicas e sete de administração pública direta.
Com relação às fontes de recursos, 21,77% declararam ter fontes próprias, 15,68% contar com transferências governamentais e 14,58% com patrocínio ou financiamento privado. Oitenta instituições afirmaram que seus programas têm continuidade sem periodicidade definida e 58 disseram ter periodicidade. Trinta e um tiveram apenas uma edição, enquanto 22 têm previsão de uma segunda edição.
O valor gasto por residência é, em média ponderada, de R$ 5.300, com apoio financeiro aos artistas de R$ 2.700. Nos custos estão previstos divulgação, cessão de espaço, suporte logístico, alimentação, aluguel de equipamentos e aquisição de materiais, entre outros. A duração média das residências é de três meses e meio.
Entre os objetivos mais citados dos programas estão: troca de conhecimento, criação artística, atuação social, experimentação e inovação, divulgação e difusão cultural. E as principais linguagens trabalhadas são: artes visuais, artes integradas, audiovisual (todas com 9%), teatro e fotografia (8% cada), dança e cultura popular (7% cada).
Cursos e apresentações artísticas (18% cada), exposições (14%), intervenções urbanas (13%) e festivais (12%) são as principais ações realizadas pelos artistas durante a residência são pesquisa. O trabalho resulta prioritariamente em vídeos/DVDs (27%), publicações (15%) e pinturas/esculturas (12%).
Programas que possibilitam viagens ao exterior somam 62% e os lugares com maior potencial para realização de residências, segundo os entrevistados, são América do Sul, Europa, países do Mercosul e África.
Todos os resultados da pesquisa estão disponíveis na publicação Mapeamento de Residências Artísticas no Brasil, que tem distribuição gratuita e uma versão digital no site da Funarte (clique aqui para acessar). Com os resultados e a consolidação dos diálogos do evento, a Fundação considera que terá subsídio suficiente para construir um Programa Funarte de Fomento às Residências Artísticas.
Ester lembra que o tema residência artística envolve inúmeros campos de ação e que a pesquisa não se debruçou sobre eles de forma sistemática, mas aponta para eles em seus resultados. “Por exemplo, temas como a dimensão econômica plural que se pode observar, seja na forma de organização diversificada das residências ou naquilo que seu acontecimento gera; a questão da mobilidade e integração regional e cultural e seu impacto tanto na criação artística quanto na cultura local; e assim por diante.”
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