Petrobras Cultural anuncia projetos contemplados e faz homenagem controversa na área de cinema. Luiz Carlos Barreto, o pai do cinemão, e Domingos de Oliveira, o cineasta dos baixos orçamentos e alto astral
A Petrobras anunciou hoje os projetos contemplados pelo Programa Petrobras Cultural – Seleção 2005/2006. A terceira edição do Programa irá investir um total de R$62 milhões na área cultural.
Contradições – Este ano, o Conselho Petrobras Cultural decidiu criar a Homenagem Especial Petrobras Cultural e concedê-la a alguns nomes “pelo conjunto de seus trabalhos e por sua especial contribuição à cultura brasileira”. Na relação, chama a atenção a escolha dos dois nomes homenageados na área de cinema: o produtor Luiz Carlos Barreto, o “Barretão”, e o cineasta Domingos de Oliveira. Cada um deles receberá R$1 milhão para seus novos projetos, respectivamente “As Pelejas de Ojuara”e “A Última Juventude”.
Barreto é o nome por trás da produtora LC Barreto, responsável por alguns dos maiores sucessos (de público e crítica) da cinematografia nacional nos anos 70 e 80, como “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, “Bye Bye Brasil” e “Memórias do Cárcere”. Nos últimos anos, vem produzindo projetos cuja qualidade artística vem sendo questionada e que não têm alcançado o efeito desejado nas bilheterias, como “Bella Dona”, “A Paixão de Jacobina” e “O Casamento de Romeu e Julieta”.
Filmografia à parte, Barretão está longe de ser uma unanimidade no cinema brasileiro, e costuma causar reações adversas no meio do cinema independente. O produtor é freqüentemente apontado como um dos integrantes da chamada “elite” do cinema brasileiro, que faz lobbies pelas verbas das estatais e freqüentemente consegue financiamento para seus projetos. Barretão foi um dos nomes que protestaram contra a criação da Ancinav e contra a tentativa, anos atrás, de se exigir uma contrapartida social para os projetos culturais patrocinados pelas estatais.
Já Domingos de Oliveira trafega em direção oposta. Diretor de “Amores” e “Feminices”, ele produz filmes de baixo orçamento, bancados sem verba de patrocínio e que atingem, por conta disso, um circuito exibidor (e público) restrito. Na edição 2005 do Festival de Gramado, onde ele concorreu com “Carreiras”, Oliveira provocou polêmica ao lançar o manifesto BOAA (Baixo Orçamento e Alto Astral), satirizando o Dogma, o manifesto cinematográfico dinamarquês que gerou “Festa de Família” e “Os Idiotas”. Ele pediu que que os cineastas esquecessem os patrocínios e as leis de incentivo e realizassem filmes de baixo orçamento.
R$62 milhões de verba – Esse é o total que a Petrobrás investirá na nova edição do Programa, dividido da seguinte maneira: 75% para as seleções públicas de projetos, nos eixos “Preservação e Memória” e “Produção e Difusão”, e 25% para projetos convidados diretamente pelo Conselho Petrobras Cultural, e já anunciados em novembro passado. O Conselho é composto pelas gerências de Comunicação e gerências de Patrocínio da Petrobras e da Petrobras Distribuidora, por representantes do Ministério da Cultura e da Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria Geral da Presidência da República (SECOM), e pelos três consultores convidados do Programa – José Miguel Wisnik (música), Jurema Machado (preservação e memória) e José Carlos Avellar (cinema).
Dos 4.674 projetos inscritos, 232 foram selecionados. 51% deles são do eixo Rio/São Paulo e 49% dos demais estados, num resultado próximo ao da distribuição regional das inscrições, que foi de 52% para RJ/SP e 48% para o restante do país. A Petrobras segue assim uma política de maior pulverização regional dos recursos que vem sendo defendida e aplicada pelo Ministério da Cultura, e que é uma das vertentes do novo decreto que altera a Lei Rouanet.
A distribuição dos recursos por áreas foi a seguinte:
Preservação e Memória
– Memória das Artes (R$5 milhões)
– Patrimônio Imaterial (R$2 milhões)
– Apoio a museus, arquivos e bibliotecas (R$4 milhões)
– Apoio à elaboração de projetos de preservação de bens culturais (R$2 milhões)
Produção e Difusão
(Cinema)
-Produção de filmes de longa-metragem (R$ 19,6 milhões)
– Produção de filmes de curta-metragem em 35mm para salas de cinema (R$1,26 milhões)
– Produção de filmes de curta-metragem para mídias digitais (R$600 mil)
(Música)
– Registro e difusão da produção musical contemporânea (R$5 milhões)
– Apoio a Grupos Musicais: bandas, corais, orquestras jovens e de música regional tradicional (R$940 mil)
Homenagens – O Programa Petrobras Cultural convida três diretores, dentro da seleção pública de cinema. Nesta edição, foram convidados:
– Ana Carolina, com o longa-metragem “A primeira missa”
– Eduardo Valente, como diretor estreante de longa-metragem, com “Vórtice”
– Jorane Castro, como diretora de filme de curta-metragem, com “Ribeirinhos do Asfalto”.
Os nomes que receberam a Homenagem Especial Petrobras Cultural são:
(Cinema)
– Luiz Carlos Barreto, para a produção de “As pelejas de Ojuara”
– Domingos de Oliveira, para a produção e direção de “A última juventude”.
(Música Erudita)
– Antonio Meneses, com o projeto convidado “Suítes Brasileiras”.
(Música Popular)
– Lia de Itamaracá, com o projeto convidado “Estrela de Lia”.
(Preservação e Memória)
-Elisa Freixo, com o projeto convidado “Órgão de Tiradentes” .
Para conhecer o resultado da seleção pública, clique aqui:
Apoio a museus, arquivos e bibliotecas
Apoio à elaboração de projetos de preservação de bens culturais
Apoio a grupos musicais: bandas, corais, orquestras jovens e de música regional tradicional
Produção de filmes de curta-metragem 35mm para salas de cinema
Produção de filmes de curta-metragem para mídias digitais
Produção de filmes de longa-metragem
Registro e difusão da produção musical contemporânea – erudita
Registro e difusão da produção musical contemporânea – popular
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