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Poesia na Escola

Poesia é uma forma de expressão nem sempre apreciada. Muitos acham que poesia é chato e, poucas vezes, ela é bem explorada na escola – levando ao preconceito. Esquecemos que a poesia está diariamente em nossa vida, através das músicas. Essas poesias são populares, bonitas e fáceis de compreender.

Nesse ponto, voltamos para a questão da importância do hábito para saber apreciar. É a partir do hábito que se compreende e é a partir da compreensão que se aprecia. Esse hábito deve ser criado e desenvolvido desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Na Educação Infantil pode ser desenvolvido através de rimas simples como por exemplo as músicas do Palavra Cantada. No Ensino Médio, a poesia já pode ser estudada na sua totalidade.

Porém, é a partir dos 6 ou 7 anos de idade que o contato com a poesia pode ser melhor explorado, além de ajudar em diversos aspectos do desenvolvimento. As crianças muitas vezes conhecem de cor músicas como as do livro a Arca de Noé de Vinicius de Moraes mas, nem sempre, lhes é explicado que se trata de poesia. São simples e encantadoras. É um bom começo para uma criança entender a poesia e sua magia. É um ponto de partida.

A poesia também pode ajudar crianças com dificuldades de aprendizagem, como as crianças disléxicas. Como a poesia tem ritmo e frases curtas, os disléxicos conseguem ler, entender e, a partir daí, gostarem da leitura. Através da poesia, eles podem desenvolver seu vocabulário, a interpretação de textos e sua capacidade de memorização.

Resumindo, a poesia deve ser trabalhada desde cedo, de uma maneira lúdica e rítmica como ela é. Dessa maneira, no Ensino Médio, ao estudar poesias mais densas, não será tão difícil entendê-las e apreciá-las.

Beatriz Reingenheim

Educadora, produtora cultural e socia-diretora do Passatempo Recreação & Estudo. Estudou Management des Entreprises Culturelles no Groupe ESC Dijon Bourgogne.

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  • Seu texto me parece muito oportuno Beatriz no momento em que há uma transição em curso na Federação e nos Estados.
    Somos um país inculto é fato e precisamos propor saídas rápidas para mudar este cenário. Isto se dará pelo investimento maciço na produção cultural e um longo e perene esforço de alfabetização para as artes. Como você mesma lembrou, a poesia está presente de forma exemplar na vida das pessoas através da música e, no entanto, é refém de preconceitos, não há incentivo à leitura e ao consumo diário de poesia. Sequer passa pela cabeça da maioria dos brasileiros que a leitura atenta de letras de música, libretos de ópera, pode oferecer outras formas de prazer, de aprendizado. Infelizmente, não se conhece Mallarmé, os irmãos Campos e muito pouco de Arnaldo Antunes. Camões? Um chato. Ilíada? Enorme.
    Para se extrair satisfação da arte é preciso aprender a ler arte. Nosso papel como artistas, pensadores, professores é começarmos uma mudança já. A partir de 1º de Janeiro, estarmos prontos para propor caminhos, indagar, criar alternativas.

  • Cleber, somos um país inculto? É fato? E precisamos propor saídas rápidas para mudar este cenário?

    É estranho o rigozijo para quem se propõe, no ensino fundamental, uma agenda com um catálogo carregado de invocações e venerações ao poder milagroso da catequese civilista. Impressiona a crença de que o destino do nosso país diante de um gênero plástico de crepúsculo saído da nossa orientação pedagógica queira manter os mesmos erros e defeitos dos primeiros jesuitas.

    Se a arte quer exercer a sua verdadeira função como sinalizadora de um necessário ambiente crítico, ela deve antes buscar o que é lícito dentro da nossa sociedade. O velho mundo, outra vez, minha gente! O Brasil com esse patrimônio cultural humano se manterá com sua elite genial a nos devolver a aventuras primárias? Se queremos de fato mudar algo, temos que ministrar a extrema unção dessa elite culta, dessa velha, importada e inútil gratuidade seletiva.

    Estamos aqui da plateia vendo explodir o ódio de classes na campanha de Serra. E o que traduzimos? Essa gente toda que ergue uma "filosofia intelectual", que se diz levantar o nível moral dentro da sua finalidade pragmática, é, na realidade, uma das coisas mais enquadradas no complexo de inferioridade dessa classe dominante.

    Impressiona como vão construir um caminho de comunhão com os fraseados sólidos contra, sobretudo, os pobres no Brasil. É indispensável compreender que o alimento da alma artística não está na nobreza que os diários dos "grandes letrados" creem.

    O sonoro Brasil, essa coisa cheia de alma está no magnífico universo natural que corre pelas artérias deste país, norte, sul, leste e oeste, nos trovadores, nos seresteiros, nos catireiros, nos palhaços de Folia de Reis, quanta beleza poética há naqueles versos! Nas metáforas do jongo, na crônica brasileira do partido alto, nas emboladas e muito mais. Sigamos o conselho do maior romancista do planeta, Machado de Assis que sempre qualificou essa elite como caricata e burlesca, e sempre viu no povo uma extraordinária capacidade criativa. Ou entendemos isso na busca por um pensamento vivo que estimule novas produções, ou condenaremos a sociedade do alto de nossa cronologia que, com certeza, é diminuta diante desse manancial de cultura que colore este país.

    • Cara Beatriz,
      permita-me alimentar a polêmica aqui no seu texto como mote.
      Não tenho entendido o que o Carlos de fato quer dizer.
      Pelo que ele diz, é contra que as pessoas aprendam sobre arte, sobre pintura, música, inclusive compreender a universalidade das manifestações da Cultura Brasileira? Ao que parece. prefere que o jongo seja para sempre confinado a uma ilha e não cidadãos que - à luz do conhecimento - saibam e trabalhem para preservar o que é a base da cultura popular.
      Ora, basta ver o que acontece com as artes populares, as rendeiras e outras manifestações que estão se perdendo exatamente porque as novas gerações preferem outras atividades que a não as de seus avós... Isto é fruto de visão torta de que não se pode estudar, ler os clássicos, para preservar a pureza das origens. Balela pura. Precisamos formar pessoas, investir em educação, oferecer a possibilidade de escolha.

      • seu tom Papa é realmente indigesto, arrogante, prepotente...minha nossa, vai rezar companheiro. vc quer alimentar polêmica para incidir dessa maneira grotesca? Isso vai dar em baixaria, e a gente sabe mesmo de onde vem a provocação e a baixaria no Brasil, vem desses que julgam muito cultos e educados. Essa é a visão torta que impõe o atraso. sai dessa Papa, fique peixe.

        • Caro Gil,
          Você anda muito agressivo. Há quem diga (se você se interessar posso recomendar larga bibliografia) que a ira é fruto de uma inconformidade com sua própria biografia ou auto imagem. Trocando em míudos (para você entender - espero) o homem (o ser humano, gente que nem você, eu... Estes seres de 2 patas que andam em pé, mas que conseguem planejar o que vão fazer de forma criativa e inovadora) o homem se posiciona segundo o que vê no espelho (de novo para você entender, o espelho são os outros) e quanto mais inverso for mais raivoso fica.
          Antes que você corra para o espelho retocar a maquiagem (para você entender, isto é uma ironia, devendo você entender isto como uma troca de máscara ou coisa parecida. Não vou falar em teatro grego porque vc pode ficar mais bravo ainda - este negócio de espelho é terrivel) termine de ler este texto sem ter um chilique, ou tente me adjetivar (se você não entendeu isto, pergunte que explico, tá?).
          Olha, para facilitar para você, não sou seu companheiro. Pelo menos até tomarmos aquele café que você propôs. Ele continua de pé.
          Enquanto isto não acontece, vou te explicar de novo (parece que vc tem certa dificuldade de assimilar as coisas. Compreensível. Não vejo nenhum problema nas pessoas que não conseguem assimilar as coisas (estou escrevendo assim para ver se você entende). Só tenho pena daqueles que não entendem e não reconhecem que não entendem.
          O que você tem contra rezar? Explica melhor. Mais perguntas para você (estas são mais fáceis de responder):
          1- Você tem algo contra os milhões de pessoas no mundo - mais de 90% do planeta - que têm alguma prática religiosa?
          2- Você acha que não se deve estimular a leitura de poesia no Brasil?
          3- Você é contra as pessoas estudarem e que haja forte investimento em educação?
          4- Você é contra professores serem bem remunerados, serem estimulados a se aperfeiçoar?
          5- Você é contra incentivar a política do livro (aliás um dos programas mais antigos e mais bem sucedidos no país), ampliar bibliotecas, favorecer a cultura digital?

          Vamos lá. Você que é tão ágil na qualificação de si próprio (aprendeu a história do espelho?) tente pensar um pouco e responder as questões acima. Uma delas pelo menos. Qualquer uma. Não tenha medo. Demore uma meia hora... Não tão rápido para não parecer desespero, nem devagar para simular covardia...

          Outra coisa. A expressão "fique peixe" é a única coisa que fez algum sentido no seu texto. Tenho a certeza (e os pernambucanos também) que "ficar peixe" é a melhor ciência nesta questão. Mas para você, não adianta. Para você melhor mesmo é parodiar o Zeca Pagodinho (grande figura, sabe tudo!) : "dê um jeito zé mané, fique esperto meu amigo, abre o olho jacaré".
          Sabe por que? Não dá para enganar todo mundo o tempo todo com saber de proveta.
          Fica esperto, mané. Fica esperto que já dá prá começar a saber até onde é seu limite.

          E enquanto não fica esperto, responde uma das 5 perguntas ali de trás. Se quiser, tem mais.

  • Papa

    Sua visão de mundo está alicerçada na contramão do nosso próprio histórico como sociedade. Há um largo produto com generosa disponibilidade para ser investigado de uma linguagem acessível e bastante didática. A grande obra de Villa Lobos como compositor, vem também de sua tarefa de ensinar um texto apropriado para o Brasil, aliás, um Brasil molhado de esperança em si. Mas há, sobretudo, fundamentos que podemos classificar como permanentes, os de Mário de Andrade, por exemplo.

    Não tenho os saberes necessários para a prática educativa, porém imagino ser da natureza do homem estimular a autonomia, a alegria, a curiosidade, a esperança, a generosidade, tudo dentro do fundamento da ética pedagógica. Não posso imaginar uma educação prática cativa de uma única linguagem, "a correta". Imagino que a tarefa de ensinar exija, em contrapartida, a tarefa de aprender, para que os textos sejam apropriados a determinados saberes. Penso que a pedagogia em primeira ordem tem que assumir um ar de observador imparcial e não acizentadamente parcial.

    Vamos à reflexão: tenho percebido que sua crítica assumiu dois tons acima para o catálogo de um educador. O sonho e a utopia nos exige competência, mas sobretudo generosidade. Como disse Paulo Freire, "ensinar exige estética sobretudo no ambiente da ética".

  • Londres é uma beleza, mesmo agora. O ambiente cultural é magnífico, a oferta de produtos culturais é livre e poderosa. E é lindo ver em cada esquina a bandeira nacional hasteada. Ninguém fala mais alto que os ingleses em Londres, Na terra de Sheakspeare quem manda no teatro são os ingleses, na terra dos Beatles quem manda na música pop são os ingleses, nos cinemas quem fala diz em inglês, é uma beleza. Em Nova York também. Na frança os franceses lutam pela sua língua e sua cultura, na Espanha os filmes são dublados para o idioma espanhol e que se morda ou vá pra outro país se quiser ouvir em outro idioma. E as bandeiras? Ninguém tem vergonha ou se sente diminuído por ser patriota. Como seria aqui? Somos um gigante, estamos condenados a pensar o Brasil da mesma maneira como eles pensam lá fora. É inaceitável incentivar o produto cultural estrangeiro, esse não. Podemos incentivar a indústria da Nova Cultura, isso nos interessa, a produção de conteúdo não. É livre, pode vir, mas sem incentivo, francamente...

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