“O programa Cultura Viva é um empurrão histórico que vai enfim potencializar o amálgama das raças de que falavam próceres intelectuais brasileiros e que hoje são ecoados ponto por ponto, sendo cada um uma sílaba desse tempo presente”
Todo ponto de cultura é um ponto de exclamação da cultura. É ponto de início, jamais de conclusão. Cada ponto representa de fato e de direito a descentralização da gestão cultural de que falam e falam tanto os tecnoculturocratas. E mais, é ponto de respota à necessidade preemente da desconcentração de equipamentos culturais no país.
Só estes dois movimentos, a descentralização e a desconcentração, já seriam suficientes para justificar o programa Cultura Viva. Ele é, de longe, o mais eficiente e abrangente programa do Ministério da Cultura. É um achado do tamanho continental que é o Brasil. Algo de fundo revolucionário, que se encontra no ápice do movimento pendular que vai inverter o caminho da história cultural daqui por diante.
Essa história cultural de que falamos podemos aqui situar seus extremos entre os livros “Porque me ufano de meu Pai”, de Afonso Celso; e o livro “Contra o Brasil”, de Diogo Mainardi; sendo um da primeira década, outro da última década, ambos do mesmo século passado.
O ponto de cultura é hoje o sinal redondo da chegada do momento em que o pendulo parou para refazer sua trajetória. e está vindo agora em nossa direção com toda a força de seu peso.
Não fosse o programa cultura viva isso ainda aconteceria pela força da irrupção espontânea que a cultura brasileira tem, certamente, mas sabe-se lá daqui a quanto tempo, e sabe-se lá quando, nos expectadores, iríamos notar, pois este programa do Ministério da Cultura de Gilberto Gil tem ainda este ganho, não apenas o de promover a mudança mas também de sinalizar com simultaneidade que ela está ocorrendo.
Sentimo-nos espectadores privilegiados dessa virada na história. Vemos um investimento pesado na inversão da lógica da gestão cultural, aqui explicitada em tons de política pública para a cultura, e vemos que milhares de agentes assim constituídos passam por sua vez a investir criativos e raivosos diretamente na raiz do problema.
E o problema no Brasil, todos sabemos, não é a criação cultural, mas a difusão e a sustentabilidade dela. Neste sentido o ponto de cultura é também um alento certeiro ao âmago da causa cultural.
Porque desde que o ponto é ponto, no exato momento seguinte, devagarinho e sorrateiro como é próprio à sua maneira, ele passa a criar laços do que logo mais será um amplo mercado de bens culturais.
E sabe-se que desde a idade primeva, é no mercado que as coisas aconteciam, que acontecem e que vão continuar acontecendo. Só não se sabe exatamente qual a geografia e arquitetura de cada mercado que o tempo tem.
Ao apontar para um circuito de trocas e fruição de bens culturais, finda o parâmetro inexorável do ser periférico, pois uma vez em rede com o outro seu similar tudo passa a ser centro.
Benza Deus, ainda tem mais essa, embora catalizada pela mão governamental da cultura essa ação passa longe do assistencialismo tão padrão nas atividades governamentais diversas de “a” ou “c”, seja situação ou oposição.
Porquanto não é só socorrer as manifestações culturais para que elas tenham garantido o seu acontecer, dar o peixe, mas é fortalecer essa manifestação interagindo-a com uma força exógena a ela mesma, ensinar a pescar, que é achar o seu lugar no nó da grande rede Brasil, cujos elos estavam desconectados e não fechavam nunca. E olha que sobrava barbante.
O programa Cultura Viva é um empurrão histórico que vai enfim potencializar o amálgama das raças de que falavam próceres intelectuais brasileiros e que hoje são ecoados ponto por ponto, sendo cada um uma sílaba desse tempo presente.
Neste sentido os pontos de cultura dotam o país de um imenso laboratório, de uma imensa incubadora, em que os trajetos ermos de cultura finalmente se encontram para formar o mapa da nação, que não será feita só de geografia ou números.
Estamos falando do desencadeamento de uma reação em cadeia do desenvolvimento e de uma noção renovada do que sejam meta e progresso.
Ou ainda, falamos de um programa adjetivado. Com vitalidade, criatividade, abarcamento, liberdade, resultados, simultaneidade, horizonte, levante e transformação: enfim, tudo que um governo de conteúdo e densidade gostaria de realizar mas que não se vem por apenas usar a estrela na lapela, há que se ter a estrela na testa, como é o caso do atual Ministro.
Px Silveira
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