Categories: PONTOS DE VISTA

Quem paga a conta da meia-entrada?

É claro que a meia-entrada para estudantes é uma conquista importante para o país e deve ser mantida. Sabemos, no entanto, que a emissão saiu do controle e que isso afetou o bolso de exibidores e donos de casas de espetáculo que, junto com produtores e artistas, pagam a conta que é de toda a sociedade. Ou  repassam um aumento descabido de ingresso para o cidadão que, por ética, se recusa a fazer uma carteira na esquina. Ética que talvez falte ao governo, que mais uma vez se omite, dizendo que o problema não é de sua alçada.

A Comissão de Educação, presidida por Cristovam Buarque (PDT-DF), abrirá nesta terça, 25/11, votação do projeto que regulamenta a meia-entrada. Proposto pelos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Flávio Arns (PT-PR), o projeto de lei 188/07 contém itens polêmicos: o principal deles determina a limitação do benefício a 40% das entradas vendidas para shows, peças, filmes, exposições, eventos esportivos e culturais.

Do lado da produção cultural, a reivindicação é por falta de contrapartida do Estado, que concede o benefício mas não compensa o ônus dos empresários do setor cultural; e por fiscalização, pois permite a emissão desenfreada de carteirinhas falsas. O movimento estudantil, por outro lado, briga para manter o benefício, mas admite a necessidade de regulação.

Ambos estão corretos. A regulação e o financiamento da meia-entrada é questão de Estado. O Ministério da Cultura, na semana passada, posicionou-se a favor dessa regulação, mas lavou suas mãos. O Minisro Juca Ferreira disse que o problema não é de sua alçada e jogou a responsabilidade nas costas do legislativo.

Quem você acha que deve pagar a conta da meia-entrada? Como deve ser regulada, por meio de restrição de acesso ou controle de emissão? De quem é a alçada dessa questão?

Leonardo Brant

Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

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  • A regulação realmente é necessária, mas da maneira que foi proposta todos nós sabemos como vai terminar. O jogo vai virar de lado e agora quem vai ter que fiscalizar as bilheterias será o consumidor. Ou vocês acreditam que a cota de 40% será respeitada?

    Voce chega pra comprar um ingresso com meia-entrada, a bilheteira sorrí e diz "os ingressos de meia-entrada já se esgotaram, senhor." . Algúem tem dúvida disso?

    Pena a UNE e o Ministério terem lavado as mãos. Os produtores conseguiram o que queriam. Veremos se os preços dos ingressos realmente irão baixar...

  • Na minha opinião, o custo de entradas de cinema e alguns shows são uma grande vergonha. São preços elevados e com certeza a margem de lucro é altíssima. No caso dos cinemas o preço da inteira, principalmente nos finais de semana subsidiam com sobre a meia entrada, esse é meu ponto de vista. A diferença de valores é exorbitante nas capitais do Brasil.
    Em alguns shows o custo de uma entrada é fora da realidade, é claro que em alguns casos esse custo se deve ao alto cachê muitas vezes cobrado pelo artista, mas na maioria limita muitos brasileiros a ter contato com Cultura. O Brasileiro, principalmente de uma classe mais inferior é muito carente de Cultura devido a esses custos elevados. É comum vc ir a um cinema num sábado por exemplo e a sala estar vazia. Porque eles não baixam os custos? E porque não incentivam (mais ainda) com preços bem baixos nos dias mais fracos. Em Curitiba por exemplo, um filme no sabado chega a custar R$ 16,00 num cineplex por exemplo, aí entra o estacionamento mais R$ 4 a R$ 5,00, pipoca então é um roubo: R$ 10,00 um saquinho + uns R$ 5,00 um refrigerante.... Acho que quem paga a meia-entrada é a pipoca e a coca!!!

  • A minha opinião é que a meia entrada deve ser oferecida apenas aos estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino. Acho um absurdo, estudantes universitários, que já podem e devem ir à luta; alunos de instituições privadas, cujos os responsáveis têm condições de pagar uma entrada de cinema, utilizarem deste benefício que custa hoje, exclusivamente, aos consumidores que não possuem a "carteirinha". Logicamente o empresário nunca arca com prejuízo, sempre o repassa ao consumidor. Neste universo limitado de estudantes da rede pública, acredito que o sistema deve funcionar como a gratuidade no transporte público, com X reais por mês, em crédito, para utilização exclusiva em cinema, shows e etc...
    Pela moralização da meia entrada!!!

  • Então, esse argumento de "enxurrada de carterinhas falsas" parece coisa de tucano...quando você tem uma política pública que funciona bem, beneficia bo a parte da população e deixa de gerar divivdendos para os empresários logo surge a desculpa que "precisamos combater fraudes"...assim foi com o Bilhete ùnico, que hoje tem restrições devido a medidas executadas por supostos desvios que nunca, nunca são exibidos. Há falsificação de carteirinha? Mostre. Há picaretagem de estudantes? Denuncie. Mas daí vir a público e dizer que a política terá restrições sem um mínimo debate com a soceidade não me cheira bem....dá a impressão de que o ministro está mais preocupado com os lucros dos grande espetáculos do que com o acesso à cultura...
    Tudo bem, a gente ainda tem a televisão pra "se distrair".....
    Raimundo- Estudante- São Paulo

  • Discordo totalmente que seja falta de ética do governo deixar o assunto para o legislativo. Acho q é isto mesmo pois as leis e decretos no passado foram feitos sem a consulta ao Minc ou à área cultural. Surpreendde-me a postura do Cultura e Mercado ser favorável a meia entrada. Por que? Esta liberalidade tem de ser do produtor da obra!
    Mas quero lançar aqui outras meias fundamentais para os estudantes:
    . Meia entrada em lanchonetes e restaurantes, afinal os jovens precisam .assistir as aulas bem alimentados.
    .Meia para a compra de livros. Afinal os jovens precisam deles para estudar,e/ou se informar.

  • A verdade é que a cultura sempre foi algo elitizado no país. Moro em Brasília, no centro, e mesmo assim não vou a todos os eventos, espetáculos. Mas, conservo-me no direito de ir ao cinema, algo que sai na faixa de R$ 18 (inteira). Então, é caro SIM! O que dizer de shows como Ney Matogrosso, Adriana Calcanhoto ou até uma partida do Brasil X Portugal (que aqui ficou entre R$ 180 a R$ 250). Realmente, Rio e SP acredito que tais eventos saiam mais em conta, até pela regularidade, mas a verdade é que para sair de casa é preciso carro, companhia e tudo só vai ficando mais complicado. Afinal, cinemas e teatros não são lugares de casais?rs Sempre fui de sair só, gosto, mas porque muitos colegas moram distante ou não tem carro e até paciência para a fila e a muvuca dos eventos. Mas, cultura realmente é algo complicado. Quando perto, na Esplanada dos Ministérios, por ex, é sempre o modo de ser assaltado, etc. E, os CD's ... tsc tsc tsc Livros, revistas, CD's realmente são coisas que além de espaço e tempo demandam $$.

  • Quem disse que a meia-entrada é uma "conquista importante"? Por que deve ser mantida?
    Na verdade, a meia-entrada é uma aberração, um discriminação de preços arbitrária e imposta, que não faz nenhum sentido do ponto de vista de negócio. O melhor que o governo poderia fazer é voltar atrás e cancelar esse benefício tolo, medida que imediatamente faria os preços dos eventos culturais despencar pela metade.

  • Minha que não é!! sou universitária!! não recebo um salário enormeee e não tenho tempo para pensar nisso pois trabalho e estudo muito!!!E no final das contas (ainda)não tenho dinheiro para pagar a entrada inteira em cinema, shows e etc.

  • QUAIS OS PAÍSES QUE ADOTAM A MEIA ENTRADA?
    QUEM DISSE QUE OS ESTUDANTES DA PERIFERIA SE UTILIZAM DA MEIA ENTRADA PARA IR AO TEATRO, CONCERTOS , ETC?
    QUEM USA A MEIA ENTRADA É A CLASSE MÉDIA ALTA E OS RICOS.
    TODOS DEVERIAM SER OBRIGADOS A REALIZAR UM SESSÃO POR SEMANA OU DUAS COM MEIA ENTRADA PARA TODOS. ISTO SIM É A DEMOCRATIZAÇÃO DA CULTURA,.

  • Não deve existir meia entrada. Essa invenção ridicula e demagógica não é conquista importante coisa nenhuma. Vocês sabem muito bem que acesso à cultura é muito mais do que isso, e a sociedade brasileira tem que poder dizer QUAL cultura quer subsidiar. Nós, que não somos estudandes de verdade ou de mentira, estamos pagando muito caro para os "estudantes" assistirem Shrek e 007.

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