Quem vive de futuro é museu

O brasileiro não vai ao museu. O dado foi revelado por um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2010, que afirmou que cerca de 70% dos brasileiros nunca foram a uma exposição. Além de evidenciar uma realidade preocupante, a estatística também foi responsável por levar Ana Paula Gaspar, graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a pensar numa solução.

Foi dado o primeiro passo para a criação do Mutz, uma guia colaborativo de museus que integra essas plataformas culturais à rede. “Por mais que não saibamos exatamente porque as pessoas não frequentam museus, uma hipótese foi a de que se pudéssemos criar e reforçar boas estratégias de comunicação nas mídias digitais, talvez pudéssemos conquistar mais público”, afirma a fundadora do projeto.

Na busca pelo conhecimento dessas novas mídias, ela iniciou um MBA voltado para área. Foi lá que conheceu Guilherme Pereira, engenheiro de software responsável por desenvolver a plataforma do Mutz, quando a ideia ainda era montar um blog sobre o assunto. “O maior desafio de empreendedores em estágio inicial é vender o sonho. Conseguir atrair pessoas competentes para o projeto sem nada concreto e muito menos garantias é difícil”, explica Ana Paula.

O Mutz foi um dos projetos participantes do reality show colaborativo Empreendedores Criativos, patrocinado pelo Banco Santander e focado no desenvolvimento de propostas inovadoras.  De acordo com Ana Paula, o EC foi fundamental para que eles entendessem o potencial de negócio do Mutz. “Fomos desafiados a pensar nossas ideias e ações, não só como projetos, mas como empreendimentos sustentáveis que fazem parte do desenvolvimento econômico do país”, declara.

A iniciativa acaba de participar do Startup Farm, programa que busca potencializar o desenvolvimento de novos negócios com base tecnológica, onde o Mutz recebeu uma menção honrosa. Segundo Ana Paula, ali eles conseguiram desenhar o primeiro modelo de negócios do projeto. Agora, os próximos passos são entrar no mercado, fechar contratos, captar clientes e testar os primeiros produtos: o guia de museus na web e mobile, e a produção e comercialização de novos aplicativos para essa plataforma.

No horizonte, o Mutz vislumbra atingir o status de empresa parceira na sustentabilidade de museus do Brasil e do mundo. Ana Paula explica que os museus têm um modelo de financiamento que não muda muito, geralmente, repartido entre governo, empresas patrocinadoras e ações próprias. O Mutz quer ser integrante desse grupo.  “Vamos fazer parte dessa fatia do bolo e aumentá-la significativamente por meio do desenvolvimento de tecnologias de experiência de visitação, informação sobre o comportamento do visitante, perfil de público, relacionamento, marketing digital e divulgação de conhecimento”.