A Lei 12.485/2011, conhecida como Lei da TV Paga, entrou em vigor em 2012 com o objetivo de alavancar os negócios para o setor no Brasil. Além de destravar a concorrência, permitindo que as concessionárias de telefonia utilizem suas redes para fornecer serviços de TV paga, o texto instituiu também a obrigatoriedade de veiculação de conteúdos nacionais, o que tem impulsionado a criação de conteúdo por produtoras independentes.
Em um cenário cada vez mais otimista para o setor, o canal GNT lançou recentemente uma plataforma para recebimento de propostas de produtoras independentes. No site, empresas podem cadastrar projetos para a análise da emissora. Segundo a gerente de produção do canal, Flávia Abreu, a intenção é facilitar o acesso das produtoras à emissora. “Sem dúvida, a principal motivação é facilitar o caminho das produtoras até o GNT. Além disso, argumentos, ideias mais elaboradas, outras menos, roteiros, pdfs, ppts, dvds, cds, links de pilotos e etc, perdíamos muito tempo com essa troca – nós e as produtoras”, garante Flávia.
Atualmente, segundo a executiva, cerca de 90% do conteúdo transmitido pela emissora vem de produtoras independentes, inclusive um de seus maiores sucessos de audiência dos últimos anos: a série Sessão de Terapia. Dirigido por Selton Mello e protagonizada Zé Carlos Machado, o programa atingiu números elásticos: audiência de 9,5 milhões de pessoas, segundo o canal, ficando entre as 10 séries mais assistidas da TV paga no ano de sua estreia (2012).
O projeto veio antes da promulgação da lei e é fruto de um longo relacionamento entre a produtora e o canal. Roberto D’Ávila, diretor e produtor da Moonshot Filmes, comprou os direitos da série israelita BeTipul, criada pelo psicanalista israelita Hagai Levi, e o levou ao canal, que topou de pronto. “Sessão de Terapia é um marco de faturamento e sucesso. Nós fizemos 45 episódios na primeira temporada, 35 episódios na segunda, mais 35 na terceira. Há outros produtos que têm sim a ver com essa coisa da cota. Mas não adianta, se não houver a comunicação que o canal precisa com o seu público, não vai haver uma nova temporada”, defende o produtor.
A produtora O2 Filmes é uma das que registrou um incremento significativo nos últimos anos com o advento da lei. Segundo Andrea Barata, produtora executiva e sócia da empresa, o faturamento sempre foi na proporção de 70% Publicidade e 30% Entretenimento (Séries e Cinema), e hoje se dá mais perto de 65% advindos da publicidade versus 35% do entretenimento, respectivamente. “Em 20 anos de produtora fizemos cinco séries para a TV, algumas com várias temporadas. Mas apenas cinco séries. Em um ano de lei já finalizamos ou estamos produzindo 13. Esse número fala por si.”
Adaptação – Em meio ao aumento da demanda, algumas consequências já podem ser sentidas no competitivo mercado que vem se instaurando. Uma delas, segundo D’Ávila, está em uma consequente pressão por queda de preços por parte das emissoras, enquanto há um crescente aumento de custo por parte das produtoras, que têm que se adequar às novidades em equipamentos e recorrentes novas necessidades técnicas que vêm das TVs.
Se antigamente as emissoras abertas trabalhavam com um modelo verticalizado, com toda a produção concentrada em sua própria estrutura, para o novo mercado que vem se abrindo as produtoras independentes adquiriram um papel central, o que termina por dar ao setor um círculo virtuoso, de faturamento, contatos e produção. “Isso tem um efeito estruturante dentro do mercado. Com a configuração histórica das TVs abertas serem verticalizadas, você não teve essa relação com as produtoras de fora. Você podia ser parceiro habitual, mas não tinha essa certeza de que haveria outros trabalhos em breve. Hoje eu consigo me planejar, me preparar para produzir produtos ainda maiores. Você pode pensar em investimentos que terão retorno a longo prazo”, defende Roberto D’Ávila.
“Antes era comum às TVs pedirem um filme para exibir como se fosse um favor”, diz Maurício Dias, fundador da produtora Grifa Filmes. Para ele, as produtoras independentes tendem a conseguir um lugar cada vez maior no mercado audiovisual, chegando mais fortemente, inclusive aos canais de radiodifusão. “Eu acho que as TVs abertas estão caminhando para a produção independente”.
Em um mercado que vem se consolidando, o executivo acredita em uma maior divisão em setores. Dividido por nichos e com clientes específicos, a estimativa é de que se regule pela demanda setorial. “Acho que a tendência é que as coisas fiquem mais setorizadas. Hoje em dia, todo mundo faz tudo. Você tem grandes empresas de publicidade que fazem filmes, séries, propagandas, documentários… Acho que à medida com que o mercado se consolida, a tendência é que as produtoras, pequenas ou grandes, encontrem seus espaços mais bem definidos”, defende.
O argumento encontra ecos na voz de Andrea Barata, que defende a produção de conteúdos mais locais em contrapartida aos globais. “A ideia é que com a lei, aos poucos, se veja também um pouco de conteúdo com sotaque local nos canais, e mais influência da cultura brasileira nas produções. Acho isso fundamental para o país. No começo do ano, a Fox exibiu a série ‘Contos do Edgar’, produzida pela O2, e que trouxe para a realidade brasileira a atmosfera dos contos de Edgar Alan Poe. O resultado foi delicioso.”
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