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Reavaliação da chanchada é destaque na programação do CineOP

A chanchada, gênero tão popular na década de 50, sempre foi muito mal vista tanto por críticos quanto pelos próprios cineastas da época. Na 6ª edição do CineOP, porém, o gênero está sendo reavaliado pela crítica e pesquisadores presentes no evento, enquanto confirma sua vitalidade e atualidade em sessões lotadas e repletas de risos no Cine Vila Rica e no Cine Praça.

Essa foi a tônica principal da mesa “A Chanchada no Contexto dos Anos 50”, que aconteceu no último sábado (18/6), com a participação dos professores e pesquisadores Afrânio Catani, Maurício Reinaldo Gonçalves e Sheila Schvarzman. Catani abriu o debate traçando um panorama histórico da chanchada e lembrou que “a antipatia para com a chanchada foi antológica. Vemos que algumas pessoas que eram da chanchada e migram para outros gêneros sofrem preconceito, como Anselmo Duarte”.

Gonçalves concordou com Catani em sua fala e reforçou que “é fundamental e nunca é tarde resgatar esse momento importantíssimo do cinema brasileiro da década de 50”. Já Sheila Schvarzman, especialista em Humberto Mauro, relembrou que, na época, se falava muito que Mauro nunca havia feito uma chanchada e que isso era dito como uma glória, um troféu, o que demonstra o preconceito que havia com quem fazia chanchada.

“Seja nos anos 30, 50 ou hoje, com a ascensão da classe C, fica claro o desprexo histórico pelo cinema popular no Brasil. Os críticos sequer usavam a palavra popular para se referir à chanchada. Diziam popularesco, como se seu público não contasse, fosse desprezível”, reforça Schvarzman, que lamenta o desaparecimento do gênero em nossa cinematografia. “Onde está a paródia, tão importante para nosso cinema? A paródia é muito nossa, mas parece que paramos de rir de nós mesmos. E tudo o que a chanchada suscita, de bom e ruim, é nosso também, faz parte da nossa cultura”.

Quando o debate foi aberto para o público, esse preconceito histórico contra a chanchada continuou a ser discutido. Da plateia, Maximo Barro, que montou diversos clássicos da década de 50, relembrou que muitos diretores que, na época, faziam chanchada, na verdade detestavam fazer chanchada, não gostavam do gênero. “Para muitos diretores da época, até para o Carlos Manga, a chanchada era o que lhes restava fazer, mas não que gostassem de fazer isso”, disse Barro.

Enquanto críticos e pesquisadores debatem a chanchada, o gênero se revela ainda extremamente atual e popular nas exibições da temática histórica. Neste sábado, foi a vez do Cine Praça receber o clássico Nem Sansão Nem Dalila, parte da homenagem ao cineasta Carlos Manga. Apesar do frio que castigava a cidade, o filme manteve a praça cheia ao longo de toda sua produção e arrancou risos e aplausos da plateia que se divertia com a atuação sempre surpreendente de Oscarito.

Mais informações sobre o CineOP no site www.cineop.com.br.

Redação

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