Durante a sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo na manhã desta quarta-feira, dia 19, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, declarou que as mudanças na lei Rouanet não irão beneficiar apenas artistas consagrados em detrimento de novos nomes ou privilegiar produções ditas eruditas ao invés de atividades populares.
“Eu não tenho noção de nenhum território que possa ser desprezado em termos de produção cultural no Brasil. Até mesmo nos meios de comunicação em massa. Eu sou daqueles que acha que tudo é relevante até que se prove o contrário”, disse durante o evento.
A sabatina aconteceu no teatro Folha, em São Paulo, e contou com perguntas de Sylvia Colombo, editora da Ilustrada, Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha, e dos repórteres Marcio Aith e Ana Paula Sousa, além da participação do público presente no auditório.
Questionado sobre osuposto favorecimento do Ministério a fornecer recursos a artistas já renomados como Caetano Veloso e Gilberto Gil, o ministro declarou: “não há possibilidade de desenvolvimento cultural sem os grandes artistas”, defendendo ainda manifestações e publicações que têm apelo mais popular. “Eu não tenho nada contra o funk. Toda manifestação cultural já passou por seu momento de proibição”, exemplificou.
Juca Ferreira citou também os livros de autoajuda. “Eles são muitas vezes a única referência que oferece uma paz subjetiva para certas pessoas. O sucesso da autoajuda tem uma razão de ser. Seria cruel discriminar esse gênero de literatura”, completou em relação ao mesmo tema.
“A indústria cultural brasileira é estruturada para poucos, uma das nossas metas é abrir isso, é possibilitar que o brasileiro tenha um maior acesso [à cultura]”, disse o ministro, citando também a música erudita. “É preciso levar a formação musical para dentro das escolas. A música erudita é um direito do povo, assim como a música popular.”
Já em relação a verba captada por meio da lei Rouanet, o ministro definiu a lei como “permissiva”. “Você só pode restringir o acesso [a determinados artistas e produções] quando isso existe na lei. A lei é permissiva e nós não podemos conceber uma política pública em que só vamos trabalhar com artistas que não tiveram sucesso. Isso não existe.”
Sobre o papel do Ministério da Cultura, Juca Ferreira disse que a função do Estado “não é escolher o que as pessoas vão consumir culturalmente, mas sim dar infraestrutura para oferecer atividades culturais”.
Para Ferreira, a verba destinada ao ministério ainda é pouca, mas já apresenta sinais de progresso. “Nosso orçamento saiu de 0,2% do total do bolo orçamentário do Governo Federal e passou para 0,6%”, disse.
O ministro opinou ainda que as mudanças nas políticas culturais no Brasil devem começar na escola. “É preciso reintroduzir a arte e a cultura na produção escolar. A TV aberta precisa deixar de ser a única atividade acessível no campo da cultura a boa parte da população”, afirmou o ministro.
Para Ferreira, ir a museus e valorizar estruturas montadas dentro das escolas são aspectos que deveriam fazer parte da educação no Brasil. “As escolas que têm biblioteca não valorizam. As que têm computador os deixam com cadeado, para as crianças ficarem olhando”, disse.
Sobre Vale-Cultura, o ministro citou as estimativas do Ministério da Cultura, que apontam que o benefício poderá aumentar em até R$ 600 milhões por mês ou até R$ 7,2 bilhões ao ano o consumo cultural no país. Para ele, o benefício irá estimula cinemas, teatros e livrarias a dosarem os preços de suas entradas e ou produtos. “Vai haver um mecanismo nos preços para atrair o dinheiro disponibilizado por meio do Vale-Cultura e também para estimular a abertura de livrarias e espaços culturais próximos aos locais onde as pessoas que usam o benefício moram.”
* Com informações do jornal Folha de S. Paulo
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O debate foi sofrível, monótono, chato, o que mostra que temos muito o que debater sobre a cultura brasileira. Entre o disse-me-disse e a receita pronta, as oportunidades vão sendo perdidas. Mas é o preço que pagamos por tantos e tantos anos dessa trincheira cheia de clichês que é a labirintite institucional em que fomos jogados durante toda a história. Nós medianos ficamos perdidos no meio deste lamentável sistema de centrifugação.
O exemplo claro disso foi a lamentável e insistente participação do ícone dos debatedores, Gilberto Dimenstein. Reacionário, seus comentários buscaram um picadeirozinho educanional sociologístico contra algumas manifestações, e é bom que lembremos, que ele julga serem predatórias ou sei lá o quê. Claro que ele trabalhou os dois extremos, de um lado, no ponta-pé inicial de sua fala, se preocupou em atacar o pagode e o funk, que são, na imensa maioria, manfestações das classes mais pobres, sobretudo dos negros. Por outro lado, o mesmo deu aquela lustrada na jóia da coroa paulista, a OSESP.
A meu ver o que fica patente é que, quando um jornal do porte da Folha discute cultura com este nível de representação, vemos o quanto tudo isso carece de muito, muito debate.
Viva o Cultura e Mercado! E outros tantos blogs que vêm tentando manter acesa a discussão em torno da cultura brasileira. Quando vemos o nível, quase Nelson Motta/Ruy Castro, de alguns debates como este da Folha, ficamos estarrecidos com essa visão atormentada que temos do processo político institucional da cultura brasileira.
Com a frase: "ficamos estarrecidos com essa visão atormentada que temos do processo político institucional da cultura brasileira". voce disse tudo eu acrescentaria, diria: " Quer saber a verdade, estamos diante de uma bela peça de teatro de marionetes de jardim de infãncia, que funciona assim:
Para onde puxar a cordinha o mercado todo vai...KKKK
OLha a cordinhaaaaaaaaa!!!!!
E da-lhe circo importado....puxa a cordinhaaaaa!!!!
Da´-lhe Tarkovsky e Mahler nos neguinhos que mem conhecem o contexto historico e filosófico dos caras.
E o comentario do Gilberto Dimenstein, é ridículo, ele pensa que é europeu...KKKKKKKK Coisa mais velha, para um mulatinho tão supimpa.
Fico triste.
Toda manifestação cultural vira cultura, mas nem toda cultura é manifestação cultural do POVO BRASILEIRO.